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Enquanto milhões de cubanos estavam às escuras devido a um apagão geral após o colapso do Sistema Elétrico Nacional (SEN), o governo cubano inaugurou com pompa o XV Festival Internacional Varadero Gourmet 2025.
O evento gastronômico acontece no Centro de Convenções Plaza América, na praia de Varadero, e começou com uma apresentação que contrasta com a realidade enfrentada pelo restante do país.
A inauguração oficial foi presidida pelo diretor geral da cadeia extrahoteleira Palmares, Lázaro Darién Casabella, e pelo vice-ministro do Turismo, Adalberto Venero, que elogiaram os trabalhadores do setor e destacaram as “oportunidades de intercâmbio profissional” do evento, sem mencionar a grave crise energética que afeta toda a ilha.
Uma festa gourmet em um país sem eletricidade
O festival se estenderá até 13 de setembro sob o lema "Sabores sem fronteiras. A magia da cozinha de fusão com alma cubana". A programação está repleta de degustações de vinhos, rones e cafés cubanos, oficinas, conferências e degustações de alto nível.
Participam chefs de renome, sommeliers, empresários do setor e produtores locais, em um evento que inclui até um Workshop Internacional de Franquias. A população não tem acesso a esse “festim de sabores” ao qual se refere a mídia oficial.
O festival acontece enquanto os trabalhadores e o povo cubano enfrentam jornadas intermináveis sem eletricidade, sem refrigeração para conservar os poucos alimentos que têm e sem acesso a serviços básicos.
Apagão geral e silêncio oficial
A queda total do sistema elétrico nacional ocorreu no dia 10 de setembro às 9h14 da manhã, após a saída inesperada da Central Termoelétrica (CTE) Antonio Guiteras, em Matanzas.
A União Elétrica de Cuba (UNE) confirmou que se tratou do segundo apagão nacional no decorrer deste ano, refletindo uma crise estrutural e um sistema energético à beira do colapso.
O primeiro-ministro cubano, Manuel Marrero Cruz, pediu confiança à população e assegurou que “está sendo feito tudo o que é possível e o impossível” para restabelecer o serviço. No entanto, não ofereceu um cronograma nem detalhes técnicos sobre a extensão do dano.
Uma bolha para privilegiados
Enquanto Cuba enfrenta uma das crises energéticas mais agudas dos últimos anos, o festival em Varadero representa mais uma vez essa bolha de privilégio sustentada por uma elite ligada ao setor turístico estatal.
A contradição entre a retórica oficial sobre “resistência” e a ostentação desse tipo de eventos se torna cada vez mais difícil de justificar diante de uma população exausta pela precariedade.
Neste contexto, o Varadero Gourmet 2025 não apenas evidência a desconexão do regime com a realidade cotidiana dos cubanos, mas também revela as prioridades do governo: preservar a imagem internacional do destino turístico, enquanto os lares do país sobrevivem nas sombras.
A aposta na “culinária de fusão com alma cubana” contrasta com a escassez de alimentos básicos nos mercados, a falta de eletricidade para cozinhar em casa e a deterioração da infraestrutura nacional.
A gastronomia gourmet transforma-se assim em um espetáculo vazio para um país que não tem como encher suas panelas. O festival pode deixar boas impressões nos participantes e gerar manchetes na mídia oficial, mas para a maioria dos cubanos, só deixa um sabor amargo.
Perguntas frequentes sobre o Varadero Gourmet 2025 e a crise energética em Cuba
O que é o Festival Varadero Gourmet 2025 e por que tem sido tão criticado?
O Festival Varadero Gourmet 2025 é um evento gastronômico internacional realizado na praia de Varadero, que reúne chefs, sommeliers e empresários do setor. Tem sido criticado por acontecer em meio a um apagão geral em Cuba, evidenciando a desconexão do governo com a realidade cotidiana dos cubanos que sofrem com a crise energética.
Qual é a causa do apagão geral em Cuba e como isso afeta a população?
O apagão geral foi provocado pela saída inesperada da Central Termoelétrica Antonio Guiteras, em Matanzas. Este colapso do Sistema Elétrico Nacional (SEN) deixou milhões de cubanos sem eletricidade, afetando sua vida diária, o acesso a alimentos e serviços básicos, exacerbando a crise energética que o país enfrenta.
Como o governo cubano está respondendo à atual crise energética?
O governo cubano, através do primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz, pediu confiança à população, assegurando que estão sendo feitos esforços para restabelecer o serviço. No entanto, não foi fornecido um cronograma claro para a recuperação total. A resposta oficial foi vista como insuficiente diante da gravidade da crise, pois se limita a prometer esforços sem oferecer soluções concretas.
Qual é o impacto da crise energética no turismo em Cuba?
Apesar da crise energética, o governo cubano garante que o turismo não será afetado, pois os hotéis dispõem de geradores elétricos e recursos suficientes para operar normalmente. Isso contrasta com a realidade dos cubanos, que enfrentam apagões prolongados, o que gerou críticas em relação à prioridade dada ao setor turístico em detrimento das necessidades básicas da população.
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