Repórter da VOA é demitido: "Está se destruindo a cobertura da liberdade de imprensa"

Durante sua passagem pela Voice of America, recebeu o Prêmio Arthur E. Rowse do Clube Nacional de Imprensa de 2024.

Edifício da Voice of America (i) e Liam Scott (d)Foto © Collage/Redes Sociais

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O jornalista Liam Scott anunciou que foi demitido da Voice of America (VOA), veículo financiado pelo governo dos Estados Unidos, a partir de 31 de março.

Através de uma publicação em sua conta de X (antes Twitter), Scott expressou sua tristeza, raiva e decepção pela decisão, garantindo que a cobertura sobre liberdade de imprensa está sendo desmantelada.

“Estou muito orgulhoso do trabalho que fiz na VOA. Este foi meu primeiro emprego em tempo integral como repórter depois da faculdade, e pude contar histórias que nunca teria conseguido reportar em outro meio”, começou dizendo em sua publicação.

"Fiquei porque queria lutar para proteger a independência editorial da VOA e documentar as ameaças sem precedentes que a liberdade de imprensa enfrentava nos Estados Unidos sob a administração de Trump. Mas, no final, se tornou quase impossível para mim noticiar sobre questões de liberdade de imprensa nos EUA.", continuou.

Scott, que atuava como repórter especializado na cobertura da liberdade de imprensa, detalhou que durante seu tempo na VOA cobriu casos de repressão a jornalistas, encarceramentos de comunicadores como Alsu Kurmasheva e Evan Gershkovich, desinformação chinesa, a crise dos meios de comunicação locais nos EUA e litígios de Donald Trump contra a imprensa.

En seu testemunho, o jornalista destacou que VOA era o único meio no mundo com uma equipe exclusiva para informar sobre a liberdade de imprensa, e lamentou o que considera seu progressivo desmantelamento, junto com outras plataformas sob a Agência de Mídia Global dos Estados Unidos (US Agency for Global Media), como Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) e Radio Free Asia (RFA).

Scott qualificou este processo como parte de um ataque mais amplo contra a liberdade de imprensa. "Nunca vi algo como o que aconteceu nos EUA nos últimos meses", advertiu.

A despeito de seu afastamento, o jornalista afirmou que continuará informando sobre a situação dos meios de comunicação e da democracia, ao considerar que se trata da "história mais importante dos meios de comunicação nos Estados Unidos—talvez em todo o mundo".

Quem é Liam Scott?

Liam Scott é um repórter premiado que se especializa na cobertura da liberdade de imprensa e da desinformação. Durante seu período na Voice of America, recebeu o Prêmio Arthur E. Rowse do Clube Nacional de Imprensa de 2024 pelo seu reportagens sobre a operação policial no jornal Marion County Record em Kansas.

Além de seu trabalho na VOA, Scott publicou reportagens em meios como Foreign Policy, Coda Story, a revista New Lines e DCist. Antes de se dedicar ao jornalismo, trabalhou no Centro Global para a Responsabilidade de Proteger.

Scott é formado pela Universidade de Georgetown, onde estudou política internacional e estudos sobre atrocidades em massa. Durante seu tempo na universidade, foi editor executivo do jornal estudantil The Hoya.

UM CONTEXTO MAIS AMPLIO

O desligamento de Liam Scott ocorre em um contexto de demissões em massa na Voice of America (VOA) e em outras organizações de mídia financiadas pelo governo dos Estados Unidos.

Na última sexta-feira, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que reduz significativamente as operações da Agência dos Estados Unidos para os Meios Globais (USAGM), entidade que supervisiona a VOA, Radio Free Europe/Radio Liberty, Radio Free Asia e Radio Martí, entre outras.

Esta medida ha levado a que mais de 1.300 funcionários da VOA sejam colocados em licença administrativa remunerada, silenciando efetivamente a instituição de 83 anos conhecida por promover a liberdade e a democracia em todo o mundo.

A administração Trump justifica a medida como um esforço para reduzir o tamanho do governo federal e critica as decisões editoriais recentes da VOA, acusando-a de viés esquerdista.

Críticos, incluindo Reporters Without Borders e líderes dessas redes, condenam a medida, considerando-a uma desvio do papel dos Estados Unidos como defensores da informação livre.

Além disso, funcionários da VOA, como a correspondente do Pentágono Carla Babb, expressaram preocupação por serem silenciados durante este permissão indefinida, destacando que esta ação poderia ser celebrada por regimes autoritários que a VOA desafiou com seu jornalismo independente.

Perguntas frequentes sobre a demissão de Liam Scott e a situação da Voice of America

Por que Liam Scott foi demitido da Voice of America?

Liam Scott foi demitido da Voice of America (VOA) em meio a um amplo processo de demissões em massa impulsionado pela administração de Donald Trump, que busca reduzir as operações da Agência dos Estados Unidos para os Meios Globais (USAGM). A demissão de Scott é parte de um esforço para reduzir o tamanho do governo federal, segundo declarações oficiais.

Quais são as razões por trás das demissões em massa na Voice of America?

A administração Trump justificou a redução de pessoal na Voice of America (VOA) e em outras entidades ligadas à USAGM como um esforço para diminuir o tamanho do governo federal. Acusa-se a VOA de viés esquerdista e busca-se eliminar funções não essenciais para atender à nova política de austeridade governamental.

Como o fechamento da Voice of America afeta a liberdade de imprensa?

O fechamento parcial da Voice of America (VOA) e de outras entidades supervisionadas pela USAGM é criticado por defensores da liberdade de imprensa, que argumentam que essa medida mina a capacidade dos Estados Unidos de promover a democracia e oferecer informações objetivas em todo o mundo. A medida é vista como um retrocesso na defesa da informação livre.

Que papel desempenhava Liam Scott na Voice of America?

Liam Scott era um repórter especializado na cobertura da liberdade de imprensa na Voice of America. Durante seu tempo na VOA, cobriu casos de repressão a jornalistas e desinformação, entre outros temas. Além disso, Scott foi reconhecido por seu trabalho, recebendo o Prêmio Arthur E. Rowse do Clube Nacional de Imprensa em 2024 por uma reportagem destacada.

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