Um cubano, identificado como Frank Darío Jarrosay Manfuga, de 36 anos, que está capturado pelas forças ucranianas há meses no contexto do conflito com a Rússia, fez novas declarações sobre a participação de compatriotas na guerra.
O site de notícias Radio Free Europe/Radio Liberty lembrou que Manfuga trabalhava em Cuba como professor de geografia e músico, e que teria sido recrutado sob falsas promessas de emprego na construção e enviado para a linha de combate sem uma compreensão clara da situação.
Durante um interrogatório divulgado pelas autoridades ucranianas, o prisioneiro expressou: “Não sabia o que estava acontecendo nesta guerra”, em um tom que evidenciava confusão e arrependimento.
Manfuga assegurou que nunca teve a intenção de participar da guerra nem de matar ninguém, e que foi enganado para viajar para a Rússia com a promessa de um emprego. Segundo suas próprias declarações, em Cuba a informação sobre a guerra é limitada e a narrativa oficial descreve o conflito como uma disputa entre exércitos sem maiores detalhes.
Este caso não é isolado. De acordo com uma ONG com sede nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 5.000 cubanos foram recrutados para lutar na Ucrânia sob diferentes circunstâncias.
Alguns foram rastreados através de redes sociais e geotags em fotos publicadas desde 2023, o que permitiu localizar unidades cubanas em bases russas como a de Tula, lar da 106ª Divisão Aerotransportada, envolvida na batalha por Bajmut.
Vários cubanos morreram nesta contenda. O caso mais recente conhecido é o de Michael Valido, um jovem de 31 anos.
Valido, que residia em San Miguel del Padrón, em Havana, foi recrutado em julho de 2023 por uma oficial identificada como Dayana.
Segundo os detalhes compartilhados, sua viagem foi organizada a partir de Varadero, em Matanzas, com um contrato de um ano para participar na guerra. Inicialmente, foi designado a tarefas na segunda linha de combate, principalmente para a coleta de destroços e cadáveres.
Em diversos relatórios, foi revelado que a principal motivação para se juntar às fileiras russas está relacionada a razões econômicas, uma vez que o salário de um soldado estrangeiro no exército russo chega a aproximadamente 2.000 dólares mensais, um valor que equivale à renda anual média em Cuba.
Enquanto isso, a postura oficial de Cuba tem sido ambígua. Embora o governo tenha declarado sua oposição ao recrutamento de mercenários, também tem mantido uma relação próxima com a Rússia.
Em maio de 2024, Miguel Díaz-Canel expressou seu apoio à “operação militar especial” da Rússia durante uma conferência com Vladimir Putin.
Além disso, segundo dados recentes, a Rússia enviou a Cuba 1,8 milhões de barris de petróleo, contribuindo para aliviar a crise energética na ilha.
Darío Manfuga, por sua vez, deseja apenas dar fim à sua experiência como prisioneiro de guerra e encontrar uma solução para a sua situação.
“Não quero voltar a Cuba, também não quero voltar à Rússia. Talvez alguma organização possa me salvar, isso seria bom”, declarou.
O futuro do combatente capturado ainda é incerto, enquanto as autoridades ucranianas avaliam sua situação, disse Radio Free Europe/Radio Liberty.
Perguntas frequentes sobre a participação de cubanos na guerra da Rússia contra a Ucrânia
Por que há cubanos lutando na guerra da Ucrânia?
muitos cubanos foram enganados com promessas de empregos bem remunerados e oportunidades de migração. Ao chegar à Rússia, encontram-se obrigados a participar do conflito bélico, enfrentando uma realidade muito diferente da prometida. Alguns também foram seduzidos pela promessa de obter rapidamente a cidadania russa.
Como a participação dos cubanos na guerra afeta a percepção internacional de Cuba?
A participação de cubanos no conflito bélico gerou críticas e questionamentos sobre a cumplicidade do regime cubano. Embora o governo de Cuba tenha negado ter um papel direto no recrutamento, sua relação próxima com a Rússia e a falta de ações efetivas para deter o fluxo de jovens em direção ao conflito mancharam sua imagem internacional.
Quais são as motivações dos cubanos para se unirem às forças russas?
As principais motivações são econômicas, buscando escapar da pobreza extrema em Cuba. Os recrutadores prometem altos salários que contrastam com os baixos rendimentos na ilha. No entanto, alguns também foram atraídos por razões ideológicas, influenciados pela propaganda russa.
O que acontece com os cubanos que são capturados ou desertam no conflito?
Os cubanos capturados enfrentam situações incertas, como é o caso de Frank Darío Jarrosay Manfuga, que busca uma solução para sua condição de prisioneiro. Aqueles que desertaram, como Francisco García Ariz, buscam asilo em outros países, temendo represálias tanto da Rússia quanto de Cuba.
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