Uma cubana residente nos Estados Unidos, identificada no TikTok como @yai_lent, gerou um forte debate nas redes sociais após responder a um comentário que a questionava por viajar a Cuba depois de emigrar, alegando razões políticas.
O usuário Jorge Porras a criticou em um comentário ao perguntar: "Por que você explica que foge de uma ditadura e se adapta aqui a leis e proteções migratórias derivadas dessa ditadura e retorna lá? É indignante e vergonhoso."
Ante isso, "yai_lent" respondeu com firmeza, assegurando que o realmente indignante é que um cubano se expresse dessa maneira sobre outros. "Na única parte do seu comentário em que você acertou foi que saímos de uma ditadura. Tristemente, tivemos que emigar, mas muitos cubanos têm razões para continuar indo a Cuba", disse ele. Explicou que aqueles que deixaram para trás um filho, uma mãe ou uma avó doente têm motivos mais do que suficientes para retornar, embora alguns não entendam isso. "Isso você não vai entender porque não leva nada aqui nem aqui", acrescentou, apontando para a têmpora e o coração.
A jovem encerrou sua mensagem com ironia e um tom desafiador: "Bênçãos e que o karma se encarregue de te dar esse pão com bife que você tanto odeia."
As palavras de "yai_lent" provocaram uma onda de reações no TikTok, com opiniões divididas. Muitos usuários apoiaram sua postura, destacando que a família é uma razão suficiente para voltar a Cuba sem que isso signifique uma contradição. "Essa jovem tem muita verdade. Sou cubana e concordo plenamente," comentou uma usuária, enquanto outra afirmou que "o erro de muitas pessoas é acreditar que alguém saiu de Cuba fugindo. Há gente que vive bem em Cuba e até melhor do que aqui. A gente vai por causa da família."
No entanto, outros questionaram a lógica de seu argumento, apontando que muitos cubanos obtêm residência nos EUA graças à Lei de Ajuste Cubano, que historicamente tem estado ligada à perseguição política. "A Lei de Ajuste é uma derivação do asilo político", comentou um usuário, ao que "yai_lent" respondeu perguntando se também achava indignante que os cubanos visitassem seu país de origem.
Alguns foram mais diretos em sua crítica. "Você está disposta a perder seu status social por essas razões, sabendo que se você entrou por asilo político, está fazendo isso violando a lei?", escreveu um usuário. "É que eu não entrei por asilo político, isso ele inventou", esclareceu.
Enquanto alguns a acusavam de hipocrisia, outros consideravam a crítica injusta. "Essas pessoas que se expressam assim têm o coração vazio. Muitas bênçãos para você e sucesso", comentou um de seus seguidores. Outro aconselhou-a a não prestar atenção àqueles que opinam sobre o que não lhes diz respeito: "As pessoas sempre despejando veneno e se metendo no que não lhes importa... Vá a Cuba todas as vezes que quiser e puder. A quem Deus deu, São Pedro abençoe."
Dias antes desta polêmica, "yai_lent" havia compartilhado um vídeo emotivo em que aparece ao lado de sua avó de 95 anos em Cuba. Entre lágrimas, relatou que decidiu viajar para a ilha para lhe dar seu "último beijo", já que sua avó se encontrava em estado de saúde delicado e estava ansiosa para vê-la. "Já tem 95 anos e estava desesperada para me ver, mas quando pude ir, já estava assim malinha", escreveu no vídeo.
Ela também compartilhou, ao voltar, sua experiência no aeroporto, assegurando que o processo de entrada foi mais simples do que esperava. "Realmente vim assustada porque há muita desinformação sobre este tema de Cuba e tudo isso", comentou. Explicou que seu status migratório não está vinculado ao asilo político, mas que obteve sua residência na categoria CU6 pela Lei de Ajuste Cubano. "Com minha residência, eu não precisei pedir asilo. Eu entrei pela fronteira, mas me deram um parole de 60 dias e depois solicitei pela Lei de Ajuste Cubano um ano e um dia depois", detalhou. Também esclareceu que, ao chegar a Miami, não enfrentou interrogatórios nem complicações: "Me pediram o passaporte e me mandaram para um cubículo, e realmente lá não me fizeram nenhuma pergunta. Um oficial me chamou por uma porta e me disseram para sair."
O tema das viagens de cubanos residentes nos EUA para a ilha continua gerando opiniões divididas. Enquanto alguns insistem que aqueles que emigraram alegando perseguição política não deveriam retornar, outros defendem que os laços familiares são mais importantes do que qualquer argumento político ou legal.
As palavras de "yai_lent" continuam gerando debate, evidenciando a complexidade da situação de muitos cubanos no exílio.
Perguntas frequentes sobre a emigração cubana e as viagens a Cuba a partir dos Estados Unidos
Por que alguns cubanos que emigram para os EUA retornam a Cuba?
muitos cubanos retornam a Cuba por razões familiares. Apesar de terem emigrado por motivos políticos ou econômicos, os laços familiares, como visitar um pai, mãe ou avós doentes, são razões poderosas para retornar à ilha. A família é uma prioridade que transcende as razões políticas que levaram à sua emigração.
É contraditório que os cubanos que emigram para os Estados Unidos retornem a Cuba?
Não necessariamente é contraditório. Embora muitos cubanos emigrem devido à opressão do regime cubano, retornar ao país não implica apoio ao sistema. Na maioria das vezes, a razão principal é manter vínculos familiares e atender necessidades pessoais, o que não significa que apoiem o regime que os obrigou a sair.
O que é a Lei de Ajuste Cubano e como ela afeta os emigrantes cubanos?
A Lei de Ajuste Cubano permite que os cubanos obtenham residência nos EUA um ano e um dia após sua chegada. Esta lei facilita o processo de residência para os cubanos, diferenciando-os de outros imigrantes. Isso se deve à situação política e econômica de Cuba, que forçou muitos a emigrar. No entanto, alguns críticos argumentam que retornar a Cuba após obter esse benefício pode parecer contraditório.
Como é o processo de retorno aos EUA para os cubanos que visitam Cuba?
O processo de retorno aos EUA pode variar de acordo com o status migratório do indivíduo. No caso de "yai_lent", seu retorno foi simples, uma vez que seu status migratório não estava vinculado ao asilo político. Embora alguns enfrentem interrogatórios, cada experiência é diferente, e a desinformação pode gerar medos infundados sobre esse processo.
Como a crítica social afeta os cubanos que decidem retornar à ilha?
A crítica social pode ser intensa e polarizadora. Aqueles que retornam a Cuba frequentemente enfrentam críticas por suposta hipocrisia, já que se percebe que voltam ao mesmo lugar de onde fugiram. No entanto, muitos defendem seu direito de visitar a ilha por razões familiares, argumentando que esses laços são mais importantes do que as críticas externas.
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