Desde os Estados Unidos, a usuária lyli compartilhou nas redes sociais sua angústia diante da quantidade de mensagens que recebe de Cuba, onde familiares e conhecidos falam constantemente sobre as dificuldades na ilha e pedem ajuda, sem perguntar sobre sua situação.
"Eu quero fazer este vídeozinho sem intenção de machucar ninguém nem fazer ninguém se sentir mal, mas já tenho medo de ligar para Cuba porque o tema é 'que fome, que miséria, esses apagões, estou obstinada'. Senhores, aqui também se passa trabalho", disse em seu primeiro vídeo.
Segundo relatou, cada vez que revisa seu telefone, as mensagens que recebe são as mesmas: “Por onde quer que você vá, escrevem a mesma coisa, dizem a mesma coisa. Aqui também se passa trabalho, senhores, aqui é difícil ter tudo porque aqui se paga por tudo. Que dificuldade, já não quero nem abrir minhas mensagens”. Ela afirma que compreende a situação em Cuba porque também a viveu, mas que não pode fazer nada para ajudar, e isso a faz sentir mal. "As pessoas precisam entender que viver aqui já não é ser... ou seja, já é milionário. Não, você não é milionário, passa necessidade", enfatizou.
Em um segundo vídeo, lyli respondeu aos que a criticam e lembram que, quando estava em Cuba, ajudava os outros. "Olha, ontem uma amiga minha me disse... esta é a segunda parte do vídeo, ela me disse: 'caramba, se quando você vivia aqui em Cuba você me ajudava e me dava'. Senhores, não tenho. Não tenho para dar a ninguém, tenho três crianças". Ela expressou sua dor ao notar que as pessoas não se interessam por como ela está nem por sua família. "As pessoas não me perguntam como você está, como está seu menino, como está sua menina... nada. É isso apenas, senhores. Isso dói porque a gente passa necessidades aqui, têm que entender isso".
Assegura que gostaria de poder ajudar, mas não tem nem para ela mesma. "O que eu mais gostaria era ajudar as pessoas, dar tudo para as pessoas, mas não tenho nem para mim, como vou dar aos outros, senhores? Poxa, ninguém sabe o que a gente passa aqui. Chega, chega, que a gente se sente mal com isso. Não é que eu seja um sem-vergonha nem que tenha tomado a Coca-Cola de ninguém. Eu não tomei Coca-Cola de ninguém, o que eu não tenho é para dar, senhores. Poxa, não me chamem mais com a mesma história, não tenho".
Em um terceiro vídeo, viral na plataforma, a cubana reagiu a um comentário de uma usuária que se identificou com seu testemunho e expressou ter chorado ao ouvi-lo. "Olha, isso é real, isso não é conteúdo, isso é real. Você diz 'me fez chorar porque estou passando por uma situação assim com minha família'. Sim, é difícil. As pessoas não entendem que a gente se sente mal porque não tem, porque aqui tudo é pago. E você sabe, porque tem filha, que aqui a vida com criança é ainda mais difícil, tudo se complica, as despesas são maiores, eh, não é tão fácil como as pessoas pensam."
Confessou que se sente pressionada toda vez que abre suas mensagens. "Eu fico triste, fico chateada em abrir as mensagens e ver as pessoas dizendo 'estou com fome, estou sem energia, estou na miséria'. Aqui, a única coisa que tenho é luz e comida, e um pouco de peso, que pareço uma vaca, mais nada, porque não consegui trabalhar mais porque não tenho quem cuide das minhas crianças, e o cuidado custa caríssimo e não posso pagar. E é difícil, e as pessoas não acabam de entender isso". Diante dessa situação, revelou que está no limite e pensou em fechar suas redes sociais. "Estou muito mal com isso, juro que estou pensando em deletar o WhatsApp e tudo mais. Estou pensando em tirar tudo já para que mais ninguém me escreva sobre nada, para não saber de mais nada".
Os vídeos geraram uma grande quantidade de reações entre cubanos dentro e fora da ilha, muitos dos quais se sentiram identificados com seu testemunho. Alguns expressaram apoio e compreensão, enquanto outros criticaram sua postura.
"Eu já não tenho nem vontade de ligá-los. Eles me sobrecarregam, só reclamam e dão más notícias", escreveu uma usuária. Outra pessoa concordou: "Você sabe qual é o problema, que nós mesmos somos os culpados porque a maioria dos cubanos vai a Cuba e não conta realmente como é aqui". Outros apontaram que, embora enviem dinheiro, nunca é o suficiente: "Mesmo que eu mande um milhão, nunca fica bom".
Também houve quem relatou experiências semelhantes: "Estou pensando em bloquear com a dor da minha alma, porque até me ofendem e eu aqui não saio, só se pagando". Outra usuária comentou: "Eu mando de tudo para a minha família, graças a Deus, faz anos que cheguei aqui, não sei qual é a dificuldade". Alguém mais expressou resignação diante da situação: "Se não paga o aluguel, onde você se mete? É realmente difícil".
Outros acreditam que a pressão sentida pelos emigrados é culpa do sistema cubano: "É que esse governo genocida lhes incutiu que nós somos os responsáveis por todos os irmãos cubanos, uma situação muito triste na minha pátria". Enquanto isso, alguns optaram por se afastar: "Eu não tenho obrigação com ninguém em Cuba, então não respondo a ninguém, nem chamada nem mensagem, e há mais de 8 anos que não vou e não irei".
A história de Lyli abriu um debate sobre a relação entre os cubanos que emigram e seus familiares na ilha, evidenciando a pressão e o sentimento de culpa que muitos sentem quando não conseguem ajudar tanto quanto gostariam.
Perguntas frequentes sobre a pressão de ajudar familiares em Cuba do exterior
Por que os cubanos no exterior sentem pressão para ajudar seus familiares em Cuba?
A pressão que muitos cubanos no exterior sentem para ajudar suas famílias em Cuba se deve à precária situação econômica e social na ilha. Os familiares comunicam constantemente suas necessidades e dificuldades, como a falta de alimentos e apagões, esperando apoio daqueles que emigraram. Essa expectativa pode gerar um sentimento de responsabilidade e, em algumas ocasiões, de culpa nos emigrantes.
Como essa pressão afeta os cubanos que vivem no exterior?
A pressão de ajudar familiares em Cuba pode gerar um grande estresse emocional e financeiro para os cubanos no exterior. Muitos enfrentam dificuldades econômicas em seus países de residência e sentem que não conseguem atender todas as demandas de suas famílias na ilha. Além disso, essa situação pode levar a tensões familiares e a um desgaste emocional significativo.
Quais desafios os cubanos enfrentam ao tentar ajudar suas famílias em Cuba?
Os desafios incluem restrições econômicas próprias, altos custos de envio e a necessidade de planejar cuidadosamente o que é enviado devido a limitações de peso e custo. Além disso, há a pressão emocional de querer enviar mais ajuda do que é possível e a frustração de que os esforços realizados nem sempre sejam apreciados ou compreendidos pelos familiares em Cuba.
O que pensam os cubanos no exterior sobre o impacto de sua ajuda na ilha?
Muitos cubanos no exterior acreditam que sua ajuda é vital para o bem-estar de suas famílias em Cuba, apesar das críticas e desafios. Consideram que seus esforços são motivados pelo amor e pela responsabilidade em relação aos seus entes queridos, além de qualquer implicação política. No entanto, alguns também se preocupam com como suas ações podem ser vistas como um apoio indireto ao regime cubano.
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