Bukele concorda com os EUA em receber deportados de outras nacionalidades, incluindo criminosos presos

El Salvador aceitará imigrantes deportados pela administração Trump, após um acordo alcançado entre Bukele e Marco Rubio. Também foi assinado um acordo de cooperação nuclear para infraestrutura energética em El Salvador.

Cárcere de segurança máxima em El SalvadorFoto © X / @nayibbukele

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O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, alcançou um acordo com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, para aceitar a chegada de deportados de outras nacionalidades, incluindo criminosos perigosos que atualmente cumprem pena no território americano.

O pacto, anunciado nesta terça-feira após uma reunião de três horas entre Bukele e Rubio na residência presidencial do lago de Coatepeque, permitiria a El Salvador abrigar prisioneiros estrangeiros no Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), a megacárcere construída pelo governo salvadorenho com capacidade para 40.000 internos.

Um acordo sem precedentes

Rubio qualificou o acordo como "o mais extraordinário do mundo" e destacou o gesto de Bukele como uma "oferta de amizade sem precedentes".

O mandatário salvadorenho, por sua vez, explicou em uma mensagem na rede social X que seu país está disposto a aceitar apenas criminosos presos, incluindo cidadãos americanos condenados, em troca de uma taxa.

“A tarifa seria relativamente baixa para os EUA, mas significativa para nós, o que tornaria todo o nosso sistema penitenciário sustentável”, detalhou Bukele.

Embora a administração Trump não tenha confirmado se está avaliando enviar cidadãos americanos presos a El Salvador, Rubio afirmou que Washington "está incrivelmente grato" e que o presidente americano já está ciente da proposta.

Alcance do convênio e antecedentes

A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, destacou que El Salvador receberá imigrantes ilegais violentos, incluindo membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, assim como criminosos de qualquer nacionalidade.

A medida se alinha com o objetivo da administração Trump de endurecer sua política migratória e combater o crime transnacional.

Este novo acordo expande o pacto alcançado em 2019 sob o Acordo de Cooperação em Asilo (ACA), pelo qual El Salvador se comprometia a receber deportados enquanto aguardavam a resolução de seus pedidos de asilo. No entanto, o convênio nunca entrou em vigor e foi rescindido pelo governo Biden em 2021.

Cooperação em energia nuclear

Além do acordo migratório, Bukele e Rubio assinaram um Memorando de Entendimento sobre Cooperação Nuclear Civil Estratégica, com o qual os EUA se comprometem a impulsionar o desenvolvimento de infraestrutura nuclear em El Salvador.

Segundo BBC, ambas nações reafirmaram seu compromisso com o Tratado de Não Proliferação Nuclear e a promoção de um uso pacífico da energia nuclear.

A ministra das Relações Exteriores de El Salvador, Alexandra Hill Tinoco, destacou que este pacto permitirá ao seu país contar com energia constante a preços competitivos e sem depender dos mercados internacionais de combustíveis fósseis.

Uma relação fortalecida

A relação entre Bukele e a administração Trump se estreitou nos últimos anos. O presidente salvadorenho tem sido elogiado em círculos conservadores dos EUA por sua estratégia de segurança, que reduziu drasticamente os índices de homicídios em seu país, às custas de medidas que foram criticadas por órgãos de direitos humanos.

Por sua parte, Rubio continuará sua gira pela América Central com visitas à Costa Rica, Guatemala e República Dominicana, onde abordará temas de segurança, migração e a influência da China na região.

Enquanto isso, o acordo migratório com El Salvador marca um novo capítulo na estratégia de deportações do governo dos Estados Unidos e na consolidação do modelo penitenciário de Bukele.

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