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O destacado líder opositor cubano José Daniel Ferrer García, que estava preso há três anos e meio, foi libertado nesta quinta-feira, conforme confirmou recentemente em redes sociais sua irmã, Ana Belkis Ferrer.
"Sou Ana Belkis Ferrer García. Liberem meu valente irmão José Daniel Ferrer García. LIBERDADE para TODOS", escreveu nas redes a fonte familiar.
Previamente, a ativista Rosa María Payá havia antecipado as circunstâncias da saída da prisão de Ferrer.
"I just spoke with José Daniel Ferrer. The repressors had to throw him out of prison because he did not accept conditions for his freedom. Firm and ready to continue the fight until the freedom of Cuba! Heart of a hero! What a pride!", escreveu Payá no X.
Considerado "prisioneiro de consciência" pela Amnistia Internacional (AI), José Daniel Ferrer foi preso em 12 de julho de 2021, no contexto dos protestos antagovernamentais do 11J.
Líder da União Patriótica de Cuba (UNPACU), Ferrer -que atualmente tem 54 anos- tem sido por muitos anos um firme opositor ao regime comunista cubano, o que lhe rendeu múltiplas prisões, perseguições e represálias por suas atividades políticas.
Nascido em 29 de julho de 1970 em Santiago de Cuba, José Daniel Ferrer é sem dúvida uma das figuras mais destacadas na luta pelos direitos humanos e pelas liberdades civis em Cuba nas últimas décadas. Para muitos, é o mais importante desde a morte de Oswaldo Payá.
Seu ativismo começou na década de 1990. Em março de 2003, durante a chamada "Primavera Negra", Ferrer foi preso junto a outros 74 opositores em uma onda repressiva contra dissidentes, jornalistas independentes e ativistas.
Foi condenado a 25 anos de prisão por acusações de "atos contrários à independência e à integridade territorial do Estado".
Durante seu encarceramento, Ferrer se tornou um símbolo da resistência pacífica, denunciando as condições desumanas nas prisões cubanas e promovendo a solidariedade entre os presos políticos.
Fundação da UNPACU
Em 2011, após sua libertação sob uma licença extrapenal graças à mediação da Igreja Católica e do governo da Espanha, Ferrer fundou a União Patriótica de Cuba (UNPACU).
Este movimento surgiu como uma plataforma para coordenar a resistência cívica e exigir reformas democráticas, liberdade de expressão e respeito aos direitos humanos.
Com sede em Santiago de Cuba, a UNPACU se tornou um dos grupos opositores mais ativos na ilha, utilizando estratégias como a distribuição de alimentos e medicamentos, protestos pacíficos e campanhas de conscientização.
Perseguições e encarceramento
Nos últimos anos, Ferrer tem sido alvo de constantes detenções arbitrárias, busca e apreensão e campanhas de difamação por parte das autoridades cubanas.
Em outubro de 2019, foi preso novamente sob acusações de "lesões" e "privação de liberdade", acusações que organizações internacionais consideram fabricadas para silenciar seu trabalho dissidente.
Sua detenção gerou uma ampla condenação internacional, incluindo pronunciamentos da Amnistia Internacional, Human Rights Watch e do Parlamento Europeu, que o reconheceram como um prisioneiro de consciência.
Ele estava em prisão domiciliar no momento dos protestos, que acabaram levando-o novamente para a cadeia.
Liberação de presos políticos em Cuba
Além de Ferrer, 27 prisioneiros políticos cubanos, incluindo Luis Robles Elizástigui e manifestantes do 11J, foram liberados nas primeiras 36 horas após o acordo alcançado pelo regime de Havana com os Estados Unidos através do Vaticano.
O governo cubano anunciou em 14 de janeiro de 2025 a liberação gradual de 553 pessoas que cumpriam penas por diversos delitos.
Em um comunicado, o regime detalhou que essas liberações ocorreriam sob condições especiais, permitindo que os liberados continuassem sob um regime de vigilância e com compromissos legais pendentes, como licenças extrapenais temporárias.
Cubalex, organização dedicada à defesa dos direitos humanos, está realizando uma verificação independente de cada um dos casos confirmados.
Embora essas pessoas tenham sido liberadas, não estão plenamente livres, uma vez que ainda devem cumprir outras obrigações legais sob condições específicas, denuncia Cubalex.
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