Abel Prieto critica o Papai Noel: "Ele se instalou enquanto símbolos e tradições se desfazem."

O ex-ministro da Cultura criticou a figura do Papai Noel, considerando-a uma influência que desvirtua símbolos cubanos, em um contexto marcado pela crise econômica e pela ausência de celebrações tradicionais.

Abel Prieto considera que los "símbolos" de la revolución se borran por Santa Claus © Collage Cubadebate y Facebook / Abel Prieto
Abel Prieto considera que os "símbolos" da revolução estão sendo ofuscados pelo Papai NoelFoto © Collage Cubadebate e Facebook / Abel Prieto

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Enquanto a população enfrenta uma profunda crise econômica que tem impedido muitas famílias de celebrar a véspera de Natal, o ex-ministro da Cultura, Abel Prieto Jiménez, criticou nesta terça-feira a figura do Papai Noel, afirmando que sua presença se consolidou enquanto os símbolos e tradições cubanas autênticas se desvanecem.

O atual presidente da Casa de las Américas e notório repressó do Ministério da Cultura (MINCULT), que recentemente desrespeitou a comunidade LGTBIQ+, expressou no Facebook que "nestes dias de Natal, um amigo me enviou a foto de um balcão habanero, onde o Papai Noel pendurou para secar (depois de lavá-los) umas botas e vários gorros de sua coleção".

Captura do Facebook / Abel Prieto

Prieto criticou severamente a figura do Papai Noel, apontando-o como uma influência que desloca as tradições locais. “Esse personagem foi se instalando entre nós e em todo o planeta, enquanto se desvanecem símbolos e tradições autênticas”, escreveu, seguindo a tendência histórica do regime de rejeitar tudo o que considera uma extensão do capitalismo.

Suas declarações, descontroladas e distantes dos problemas cruciais, como a crise econômica, geraram a rejeição dos cubanos, que apontaram a desconexão do ex-ministro com as reais necessidades da população.

Na seção de comentários, Amarilys Fernández respondeu: “Sério? De que tradições você está falando quando nem mesmo os cubanos vão conseguir comer um pedaço de carne de porco? Em meio a tanta necessidade e precariedade, além da escuridão, você se atreve? É melhor continuar dormindo, senhor.”

A ativista cubana Yamilka Lafita, conhecida nas redes sociais como Lara Crofs, respondeu de forma contundente no Facebook às declarações de Abel Prieto.

Em sua resposta, destacou a desconexão de Prieto com a realidade cubana e seu aparente rejeição às mudanças nas costumes dos cidadãos: “Abelito não percebe ou quer continuar simulando que os desejos e costumes dos cubanos não mudaram”.

Captura do Facebook / Lara Crofs

Além disso, lembrou como na sua infância tudo que envolvia o Papai Noel era considerado "diversionismo ideológico", uma etiqueta utilizada pelo governo para condenar qualquer ação ou ideia vista como contrária aos interesses da Revolução.

“Você poderia se expor a um ato de repúdio, à expulsão do seu local de trabalho, da escola, até mesmo à prisão”, afirmou, destacando a perseguição que enfrentavam aqueles que se atreviam a celebrar essas tradições.

No entanto, destacou a ironia de que foi o próprio regime que, para conseguir dólares, promoveu o intercâmbio cultural que possibilitou a chegada do Papai Noel à ilha: “Pois claro, o Papai Noel também chegou com seu trenó e seu ‘Ho Ho Ho’”, acrescentou, enfatizando que agora esse personagem traz alegria às crianças cubanas, embora os “Papai Noéis cubanos” tenham pouco a oferecer.

Por outro lado, criticou que o ex-ministro da cultura fale sobre tradições e autenticidade quando, na sua opinião, “o autêntico e as tradições nesta ilha foram aniquilados em 1959, quando chegou outro tipo com barba para proibir tudo o que trazia alegria às famílias cubanas”, referindo-se ao regime instaurado após a Revolução.

Segundo a ativista, essas políticas eliminaram não apenas as celebrações de Natal, mas qualquer símbolo de esperança para as famílias cubanas.

Finalmente, questionou a autoridade moral do repressivo para criticar o Papai Noel em um contexto onde o regime que ele representa falhou por décadas: “É preciso ter muito pouco dignidade, Abel Prieto, para criticar, a esta altura e depois de quase 65 anos de experiências fracassadas, o velhinho de barba e trenó que, em suas raras e clandestinas aparições, traz mais felicidade do que um regime autocrático”, sentenciou, ressaltando que o Papai Noel, mesmo sendo um personagem lendário, distribui presentes e esperança em uma ilha onde a esperança desaparece a cada dia.

Perguntas frequentes sobre a crítica de Abel Prieto ao Papai Noel e a situação em Cuba

Por que Abel Prieto criticou a figura do Papai Noel?

Abel Prieto criticou o Papai Noel, argumentando que esse personagem desloca as autênticas tradições cubanas, refletindo uma tendência do regime de rejeitar influências percebidas como capitalistas.

Como os cubanos reagiram às declarações de Abel Prieto?

As declarações de Abel Prieto têm sido alvo de rejeição por parte dos cubanos, que consideram que ele está desconectado da realidade do país e das verdadeiras necessidades da população em meio à crise econômica. Os comentários nas redes sociais destacam a desconexão de Prieto com a realidade cubana e sua resistência aos desejos e costumes em mudança dos cidadãos.

O que o Papai Noel simboliza para os cubanos atualmente?

Para muitos cubanos, o Papai Noel simboliza um momento de alegria e esperança, especialmente para as crianças, em um contexto onde a felicidade é rara devido às dificuldades econômicas e sociais. Apesar das críticas do regime, o Papai Noel foi aceito como parte de um intercâmbio cultural que traz momentos de felicidade para a população.

Qual é a relação de Abel Prieto com a comunidade LGTBIQ+?

Abel Prieto tem sido criticado por seus comentários homofóbicos e transfóbicos, o que gerou controvérsia e rejeição na comunidade LGTBIQ+. Apesar de reconhecer um erro em suas palavras, Prieto mantém um tom de desdém em relação às reivindicações do movimento, o que reforça sua imagem de desconexão com as demandas de diversidade e inclusão.

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Redação da CiberCuba

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