Após a polêmica desencadeada nas redes sociais pela publicação de um tuíte homofóbico e transfóbico do ex-ministro da cultura cubano, Abel Prieto Jiménez, ele reconheceu a incorreção de sua mensagem, mas manteve um tom de desdém em relação às reivindicações do movimento LGTBIQ+.
O atual presidente da Casa de las Américas e connotado repressor do ministério da Cultura (MINCULT) publicou uma mensagem em suas redes sociais na qual afirmou que “o sistema promove uma falsa diversidade para ocultar a autêntica”, acompanhando suas palavras com uma imagem de integrantes da comunidade trans, contrapostas a outra com pessoas indígenas.
Apesar de ter eliminado a publicação de sua conta na rede social X, Prieto Jiménez não percebeu a dimensão ofensiva de suas palavras, que não foram bem-vindas por ativistas e pessoas próximas à comunidade LGBTIQ+, as quais fizeram captura de tela e compartilharam em outras redes sociais.
Diante do alvoroço causado por sua mensagem discriminatória, o intelectual oficial publicou outra mensagem reconhecendo o erro de suas palavras, mas usando outras como forma de desculpa que foram igualmente insensíveis às reivindicações da comunidade LGTBIQ+.
"Pus em las redes uma imagem que associei à confrontação entre as modas e os estereótipos banais que impõe o mercado capitalista e a ameaça que sofrem hoje as autênticas culturas do Sul. Foi um erro, porque feriu a sensibilidade de alguns amigos e avivou o ódio dos inimigos de sempre", murmurou entre dentes o funcionário do regime.
Apesar de reconhecer que “foi um erro”, o ex-amigo e assessor pessoal de Fidel e Raúl Castro, manteve sua equiparação dos reclamos de igualdade do coletivo LGTBIQ+ a “modas e estereótipos banais que impõe o mercado capitalista”, em contraposição à “ameaça que sofrem hoje as autênticas culturas do Sul”.
“Têm razão aqueles que veem no racismo, na xenofobia, na misoginia, no machismo, no sexismo, na homofobia e na transfobia as evidências mais ferozes dessa colonização cultural contra a qual devemos lutar sem descanso. ‘Sua luta é minha luta’”, concluiu o presidente da Casa de las Américas, reconhecendo sem perceber sua reprodução acrítica de padrões surgidos precisamente da “colonização cultural” que tentava denunciar.
As "desculpas" do funcionário do regime também foram alvo de zombarias e críticas por parte de usuários das redes sociais.
“Não sei o que é pior, se o original (apagado porque, como já é costume, só se dão conta dessas barbaridades se há reação, nunca por conta própria), ou a explicação que se seguiu, onde fala de identidades sexuais como moda e aproveita para a cantilena do inimigo”, sinalizou a acadêmica Hilda Landrove em suas redes sociais.
O que também foi presidente da União dos Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC) tem um histórico de gafes em suas redes sociais. No final de julho de 2021, dias após as históricas protestas de 11J em Cuba, Prieto Jiménez atacou o cantor Yotuel Romero, um dos autores e intérpretes do hino do gênero urbano Patria e Vida.
Acusando-o de ter marchado em Madrid "junto a exescravistas" por ter liderado uma impressionante manifestação de cubanos na capital espanhola para pedir a liberdade de sua pátria, o presidente da Casa de las Américas recebeu uma contundente resposta do rapper.
"Você tem a necessidade mais uma vez de me ver como um negro e de atribuir-me qualquer comentário que me aproxime da escravidão, para assim mais uma vez mostrar o racismo institucional que vive em você e em todos ao seu redor", expressou o ex-integrante do Orishas.
Em um texto contundente publicado em sua conta no Instagram, Yotuel lembrou a Prieto Jiménez que ele havia saído para marchar na Espanha com outros 10.000 cubanos que pediam liberdade. Por último, acusou Abel Prieto de mostrar o racismo institucional que persiste entre os dirigentes do aparelho estatal cubano.
"O que sim aconteceu e acontece é que seis negros chamados Alexander, Randy, Maykel Osorbo, Descemer Bueno, El Funky criamos uma canção que gerou algo em nosso povo. No entanto, você que é ministro da Cultura não fez absolutamente nada relevante que o povo possa recordar com carinho. Passará para a história como um opressor que jamais e nunca lutou para que a arte fosse livre", concluiu.
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