Miami-Dade impulsiona uma nova política para reduzir a poluição por plásticos

Miami-Dade propõe reduzir plásticos descartáveis em propriedades do condado diante da crise de resíduos. A ordem busca alternativas biodegradáveis, enfrentando resistência estatal e uma crise ambiental.

Basura en Miami © Canada In Miami / X
Lixo em MiamiFoto © Canada In Miami / X

Em um contexto global em que são produzidas 57 milhões de toneladas de resíduos plásticos a cada ano, grande parte dos quais termina poluindo oceanos e cursos d'água, o Condado de Miami-Dade está promovendo uma nova ordem para obrigar os vendedores que atuam em propriedades do condado a reduzir ou até eliminar o uso de plásticos descartáveis.

“Está na nossa água, o que significa que está nos nossos peixes, e quando consumimos um peixe, também estamos nos consumindo”, explicou a comissária do Distrito 5 de Miami-Dade, Eileen Higgins, conforme citado pelo Local 10.

A funcionária enfatizou que o plástico está presente em nossos corpos, inclusive no tecido cerebral.

Reflete o sentimento de muitos residentes do sul da Flórida, que clamam por uma maior regulação para reduzir as aproximadamente 33 mil milhões de libras de plástico que entram a cada ano no meio ambiente marinho a partir de fontes terrestres.

Segundo um relatório de 2022 do Departamento de Proteção Ambiental da Flórida, 93% dos floridanos entrevistados acreditam que é necessário regular os plásticos de uso único.

No entanto, a legislatura estadual, controlada pelos republicanos, bloqueou iniciativas semelhantes. Em 2008, a Flórida foi o primeiro estado do país a aprovar uma lei que impede os governos locais de regular o uso de plásticos.

Diante deste obstáculo, Higgins afirmou que a solução deve ser alcançada a nível local.

A nova ordenança, que pode entrar em vigor se for aprovada, exigirá que todos os vendedores que operam em propriedades do condado eliminem os plásticos de uso único na maior medida possível.

Isso incluiria os vendedores de alimentos e comércios em locais estratégicos como o Aeroporto Internacional de Miami, o Zoológico de Miami e outros parques do condado.

"Esperamos que os vendedores em nossos portos, aeroportos, zoológicos e parques compreendam que não estamos adicionando mais plástico ao nosso ecossistema, mas sim eliminando-o", afirmou a comissária.

Se aprovada, a ordenança obrigaria os estabelecimentos a substituir suas embalagens plásticas de uso único por alternativas biodegradáveis, compostáveis ou de alumínio altamente reciclável.

Embora algumas pessoas possam considerar a medida como um pedido extraordinário, já existem programas semelhantes em cidades como Los Angeles, Atlanta, Broward e Miami Beach que buscam reduzir o uso de plásticos de uso único.

A proposta surge em um momento crítico para o condado, que enfrenta uma grave crise de resíduos. Miami-Dade produz atualmente 5 milhões de toneladas de lixo por ano, o dobro da média nacional, e o espaço nos aterros está prestes a se esgotar.

Como resultado, o condado começou a enviar parte do seu lixo para outras regiões do estado para disposição.

"Estamos produzindo lixo demais e não sabemos o que fazer com todo o nosso desperdício", disse o ativista ambiental Dave Doebler.

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