Águas de esgoto e lixo cercam policlínica no Vedado habanero.

O crítico cubano de arte contemporâneo Jorge Gómez de Mello denunciou a inundação de águas residuais e lixo ao redor do policlínico Dr. Abelardo Ramírez Márquez, na esquina da 15 com a 18, no Vedado.


A insalubridade que reina em Havana e em outras cidades cubanas, devido à acumulação de lixo e ao esgoto a céu aberto, também atenta contra as instalações de saúde pública, diante da desídia e inação das autoridades responsáveis pela higiene dos espaços urbanos.

O crítico cubano de arte contemporâneo Jorge Gómez de Mello denunciou esta segunda-feira a inundação de águas residuais e lixo ao redor do policlínico Dr. Abelardo Ramírez Márquez, localizado na esquina da 15 com a 18, no Vedado.

Em uma transmissão de seu perfil no Facebook, o intelectual cubano revelou que esse centro médico permanece há semanas cercado por águas residuais e um lixão que fica bem em frente à entrada do plantão.

“Assim permanece durante semanas e semanas”, ressaltou De Mello, enquanto fazia um vídeo com seu celular mostrando o acúmulo de lixo e águas de esgoto na rua 18 e na esquina com a 15, em frente ao policlínico, que outrora foi um importante referencial nos serviços de saúde na capital cubana.

O policlínico “está literalmente rodeado de águas residuais e de lixo”, apontou, e mostrou como a enxurrada de águas de dejeto se estende ao redor de todo o contorno da calçada que o circunda, incluindo a entrada principal, e a calçada da frente.

"É uma pena que o vídeo não consiga transmitir o odor que sentimos... Cercados, indubitavelmente cercados...", lamentou De Mello ao final do vídeo.

A denúncia do artista e curador de arte se soma a dezenas que fazem os cubanos nas redes sociais sobre imensos lixões e inundações de águas residuais em distintas cidades do país, sem que haja uma ação eficaz por parte das autoridades governamentais para solucionar o problema.

Captura de FacebookPedro Luis García em El Vedado de hoje

Uma publicação no grupo do Facebook “El Vedado de hoy”, na semana anterior, mostra o estado calamitoso de outra esquina do bairro habanero, considerado no passado um modelo de desenvolvimento urbano, mas que hoje não se salva da imundície e da pestilência por todo lado.

“Hoje 19 e.......?????? Por favor, não se pode andar”, denunciou Pedro Luis García em sua postagem, à qual dezenas de vizinhos reagiram com comentários e fotos do que acontece em suas ruas e como suas vidas se tornaram um calvário.

A coleta de lixo em Havana enfrenta uma crise profunda devido -entre outras causas- ao mau estado dos caminhões de coleta, muitos dos quais estão fora de serviço por falta de pneus, baterias e outras peças essenciais.

Alberto Ernesto Rodríguez García, diretor provincial de Comunales, informou na semana passada que foi aprovado um orçamento de 7.000.000 de pesos para adquirir entre 300 e 400 pneus e 126 baterias, o que permitiria recuperar a frota de caminhões coletores de lixo que operam na capital, melhorando assim a crítica situação higiênica que afeta vários municípios.

Diante da aguda crise de higiene em Havana, o governante Miguel Díaz-Canel anunciou no início do mês uma ofensiva integral contra o acúmulo descontrolado de lixo.

A situação de insalubridade nas cidades cubanas tem impactado de maneira significativa a propagação de epidemias como a dengue e o vírus de Oropouche, cujo fim não se avizinha, o que foi admitido pelas autoridades de saúde.

Na semana anterior, o diretor de Higiene e Epidemiologia do Ministério da Saúde Pública, o doutor Francisco Durán, reconheceu em uma entrevista para o noticiário oficialista de televisão que ambas as doenças continuam sem solução no país: “O cuartico continua igualzinho”, resumiu.

Os casos de dengue se espalharam por 14 províncias, com transmissão ativa em 56 municípios e 51 áreas de saúde; enquanto o Oropouche está presente nas 15 províncias, afetando 110 municípios.

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