Habaneros exigem o restabelecimento do serviço elétrico após mais de 72 horas de apagão

A gestão ineficaz da UNE após o furacão Rafael e o colapso total do sistema elétrico em Cuba continua gerando reclamações e descontentamento nas redes sociais.

Apagón en La Habana (imagen de referencia) © Facebook / Cántalo TV
Apagão em Havana (imagem de referência)Foto © Facebook / Cántalo TV

O descontentamento com os apagões prolongados em Havana e em outras províncias cubanas continua crescendo, de acordo com os comentários dos usuários em uma recente postagem da União Eléctrica (UNE) que anunciava a restauração do serviço em quase metade dos circuitos.

Após a passagem do furacão Rafael e as consequências nas já deterioradas infraestruturas elétricas do país, centenas de milhares de habaneros enfrentam mais de 72 horas sem eletricidade, o que desencadeou uma onda de reclamações e denúncias nas redes sociais.

Embora considerada uma prioridade na restauração do serviço elétrico, a capital cubana continua enfrentando problemas críticos, como destacaram vários internautas que se manifestaram nos comentários das redes sociais da UNE.

Uma usuária expressou sua frustração ao observar que sua área, na 23 e 42, estava há mais de 80 horas sem energia elétrica e sem fios caídos que justificassem o atraso.

Um residente de Arroyo Naranjo descreveu como os alimentos de sua casa estão se estragando após quatro dias sem eletricidade, evidenciando a desesperança e a impotência diante da falta de respostas.

O descontentamento também ficou evidente fora da capital. Um usuário comentou: "Isso é tudo o que lhes importa, Havana, enquanto o leste ainda está morrendo com os apagões".

As províncias mais distantes da capital, como Pinar del Río e Camagüey, enfrentaram até 72 horas sem serviço, uma situação que outra usuária descreveu com ceticismo: "Se esta é a situação de Havana, não quero ver em que século terão serviço em Artemisa".

As denúncias não se concentram apenas na falta de eletricidade, mas também na ausência de gerenciamento e comunicação eficaz por parte da UNE.

Desde Playa Querejeta, uma cubana criticou a lentidão nas reparações e relatou como os alimentos e produtos básicos estão se perdendo devido à impossibilidade de conservá-los sem eletricidade.

Por sua vez, um morador de Miramar alertou (assim como muitos outros) sobre o perigo que representam os postes de energia caídos após a passagem do furacão. "Uma árvore caída bloqueia a rua e a fiação elétrica está no chão; não se viu um único carro trabalhando ou fazendo qualquer diagnóstico", denunciou.

Outra das reclamações recorrentes é a desigualdade na distribuição de recursos. Um internauta destacou: "É uma falta de respeito esta publicação, apenas 48% e veja a quantidade de MW servidos na capital, enquanto as outras províncias enfrentam apagões de mais de 14 horas por dia". Essa percepção de desigualdade tem alimentado um sentimento de abandono nas comunidades mais distantes da capital.

Por sua parte, outra usuária mencionou como os veículos da UNE passaram sem parar após relatar uma explosão na rede elétrica, e criticou o fato de que apenas alertaram os vizinhos para cuidar para que ninguém roubasse os cabos, pois "não haveria para repô-los", ignorando o perigo potencial da situação.

A seguir, a CiberCuba apresenta uma seleção dos comentários deixados pelos usuários nas redes sociais da UNE:

"Se está a 48% e há 312 MW, Havana consome quase toda a energia do país; não é à toa que temos que ficar no escuro todos os dias."

"Em Marianao, uma quadra e meia sem energia, devido a uma árvore caída há 4 dias que ainda não foi removida."

"Graças à capital, o resto do país afundou novamente."

"Estamos há mais de 72 horas sem energia elétrica e a rede de eletricidade está na rua. Quando alguém se ferir, então tomarão providências."

"O único que os preocupa é Havana, e em Pinar del Río estamos há 72 horas sem eletricidade e sem perspectivas de conectá-la ao SEN."

"La Habana sozinha consome 700 MW. Imaginem que em Cienfuegos, com 50 MW, apaga-se quase tudo."

"Precisam de uma termoelétrica especial apenas para eles."

"Nuevo Vedado, uma parte sem serviço há quase 72 horas."

"Em Centro Havana não está saindo água; estamos há 5 dias sem abastecimento."

"La Habana só conhece apagões de tal magnitude por situações climáticas; caso contrário, nem em sonhos."

Protestos na capital de Cuba

As protestas contra os prolongados apagões em Cuba ganharam força nas últimas semanas, com batucadas e manifestações em diferentes bairros de Havana.

Nesta sexta-feira, moradores de Nuevo Vedado realizaram uma jornada de protesto marcada pelo barulho de panelas e por gritos exigindo a restauração do serviço elétrico após mais de 72 horas sem luz.

Em outro ponto da capital, os moradores de Guanabacoa também fizeram ouvir sua voz em um panelaço que evidenciou o descontentamento generalizado.

Os cidadãos, enfrentando cortes de eletricidade que afetam severamente sua qualidade de vida, utilizaram essa forma de protesto para destacar sua situação e exigir soluções imediatas.

As protestas em ambos os locais destacam a crítica situação que a infraestrutura elétrica do país enfrenta e a incapacidade das autoridades em restabelecer o serviço em um prazo razoável.

Esse descontentamento se espalhou por outras áreas da ilha, onde as interrupções prolongadas e a falta de comunicação efetiva por parte da UNE alimentam um sentimento de abandono e desesperação.

As manifestações pacíficas e o uso de panelas como símbolo de protesto refletem a resiliência dos cubanos diante de um contexto de crise energética que ainda não encontra soluções claras.

O aumento dessas ações demonstra que os cubanos estão perdendo a paciência e, em muitos casos, enfrentando possíveis represálias para reivindicar seu direito a condições de vida dignas.

O que você acha?

COMENTAR

Arquivado em:


Você tem algo a relatar? Escreva para a CiberCuba:

editores@cibercuba.com +1 786 3965 689