Mãe de criança com câncer explica como enfrenta a espera para sair de Cuba.

Jorgito Reina, de 7 anos, está há cinco lutando contra a leucemia. Em dezembro, ele completa um ano aguardando um visto humanitário que lhe permita viajar para os Estados Unidos, onde vive seu pai. Na Flórida, ele poderá ser submetido a um transplante de medula, sua única esperança.


Arlety Llerena Martínez, a mãe de Jorgito Reina, o menino cubano com leucemia, que está há quase um ano à espera de um visto humanitário para poder viajar para os Estados Unidos, sobrevive como pode aos apagões totais, parciais e massivos que desde a sexta-feira, 18 de outubro, mantêm em suspense os cubanos.

Mãe e filho continuam à espera de poder sair de Cuba o quanto antes para que o menor, de 7 anos, possa ser submetido a um transplante de medula no Nicklaus Children Hospital, na Flórida, que aceitou seu caso.

Em uma entrevista concedida ao CiberCuba, Arlety Llerena explicou que o que mais a incomoda nos apagões é que não há água e seu filho, por ter as defesas baixas, precisa de condições higiênicas muito exigentes. Eles passaram por momentos tão difíceis que, segundo ela, tiveram problemas até para conseguir água potável e tiveram que pedir aos vizinhos, pois o menino, em seu estado, não pode beber qualquer coisa.

Jorgito Reina, que na semana que vem inicia uma fase de quimioterapia, não tem consciência, acrescenta sua mãe, de que sua vida depende de que lhe concedam um visto humanitário com o qual possa viajar o mais rápido possível para os Estados Unidos, onde vive seu pai. Ele não sabe que o tempo corre contra ele.

Em setembro passado, o pai do menino entrou em contato com o escritório do senador republicano Marco Rubio para que intercedesse em seu favor junto ao serviço de Imigração (USCIS), e o político cubano-americano conseguiu o compromisso da entidade de priorizar o estudo do caso de Jorgito Reina.

Como era de esperar, a intervenção de Marco Rubio no caso não agradou ao regime cubano, que montou um show televisivo, entrevistou os médicos que tratam da criança e utilizou fotos do menor e de sua mãe, tiradas sem autorização do Facebook dela, para abordar o caso. Na entrevista, falou-se de Arlety Llerena e da doença de seu filho e, paradoxalmente, os protagonistas da história não foram convidados a participar da reportagem da imprensa oficialista.

Arlety Llerena explica que ela soube do que ocorreu como uma telespectadora comum, porque os vizinhos avisaram que ela havia saído no telejornal. Em qualquer caso, suas preocupações não são neste momento políticas, mas estão centradas na saúde de seu filho.

O menino, afirma nesta entrevista com a CiberCuba, que o que pior suporta não é a quimioterapia nem seus efeitos colaterais, mas sim não poder brincar com outras crianças, não poder ir a um aniversário ou a um parque. Sua família faz um esforço, mas sabe que corre muitos riscos porque, devido à sua doença, está imunodeprimido e isso o leva, por exemplo, a manter lesões na cabeça que não cicatrizam.

Embora aparentemente a criança pareça estar bem fisicamente, a mãe esclarece que uma coisa é o que parece e outra são as noites difíceis que ele passa devido às dores abdominais e má digestão. "Ele toma mais remédios do que comida e está inchado", acrescenta.

Ao final da entrevista com CiberCuba, Arlety Llerena se dirigiu ao USCIS para lhe suplicar um visto humanitário que ajude seu filho a recuperar sua infância, porque enquanto espera, um dia após o outro, sua saúde se deteriora cada vez mais.

Ela está ciente de que não é a única mãe cubana que neste momento está passando por uma situação tão delicada, mas suplica por seu filho, porque a única esperança que tem para viver está no Nicklaus Children's Hospital, na Flórida.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-presidência do Governo de Murcia (Espanha).


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