Cubano preso no México enfrenta o "cartel do Poder Judiciário"

Faz parte do Movimento pela Justiça, pela Liberdade, pelo Devido Processo e pelos Direitos Humanos e pede que os organismos internacionais intervenham em seu caso. Ele é acusado de abuso sexual por sua ex-esposa.


Néstor Damián Gámez González, o jovem cubano que permanece preso em uma prisão no México desde 12 de junho de 2023, afirmou em um áudio enviado da prisão ao CiberCuba que ele está detido por ter enfrentado "o cartel do Poder Judiciário" em Toluca (Estado do México). Ele pede ajuda a organizações internacionais responsáveis por zelar pelos direitos humanos.

"Isso é um negócio. Eles (os juízes) ganham por nos terem aqui (na prisão)", aponta Néstor Damián Gámez, que denuncia da prisão que tanto ele quanto o resto das pessoas que estão atrás das grades estão desamparados legalmente. "Nós não temos voz," diz.

E este é o motivo pelo qual lidera o Movimento pela Justiça, pela Liberdade, pelo Devido Processo e pelos Direitos Humanos que, segundo explica, dá esperança aos presos e os anima a levantarem a voz e se unirem à luta contra a corrupção do Poder Judiciário do Estado do México.

Além disso, denuncia que a Polícia Municipal de Toluca (Estado do México) teria orquestrado a tentativa de assassinato de sua mãe, Ana Karelia González, que permanece oculta porque teme por sua vida. Esta operação teria sido liderada pelo comandante Enrique Heriberto Almazán.

Segundo a versão de Gámez González, os policiais "mobilizaram onze elementos" para atacar "covardemente" sua mãe, que teve que ser atendida pelos ferimentos sofridos em uma briga tumultuada que ocorreu em um tribunal. Mesmo assim, o juiz Pablo Ortiz González vinculou Néstor Damián Gámez ao processo, apesar de nas imagens da confusão ficar claro que ele foi vítima e não agressor.

O jovem cubano interpôs um recurso de amparo, que foi julgado a seu favor, mas o magistrado se recusou a deixá-lo em liberdade porque, na opinião de Nestor Damián Gámez, que está há 15 meses na prisão, estavam ganhando tempo para fabricar outra ordem de apreensão. Desta vez, por um crime de extorsão, determinada pela juíza de Família a quem ele recorreu para que sua ex-esposa o deixasse ver seu filho autista, com quem não tinha contato desde a separação do casal.

Nesta suposta manobra para mantê-lo na prisão, teria supostamente colaborado o juiz Pedro Pablo Villalba, a quem Nestor Damián Gámez acusa de fraude processual por supostamente ter modificado a data de saída do mandado de segurança (14 de agosto de 2023). Eles teriam manobrado para simular que o mandado de segurança havia saído no dia 18 de agosto.

Depois deste incidente, o processo de Nestor Damián Gámez foi reiniciado com outro juiz. Desta vez, com o magistrado Mario Benito Flores Martínez.

Gámez González foi acusado por sua ex-esposa de um crime de abuso sexual após uma briga que ocorreu em 8 de abril de 2023 nos juizados de Família de Toluca (Estado do México). Tal foi a magnitude da confusão entre as duas partes que a briga foi destaque nos noticiários da televisão mexicana. O juiz decretou prisão preventiva, apesar de essa medida cautelar ser aplicada em casos graves. Desde então, ele não só está preso, mas também as acusações contra ele têm aumentado.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e consultora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo da Murícia (Espanha).


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