Manifestante do 11J com ordem de deportação nos EUA enfrenta 10 anos de prisão se for devolvido a Cuba.

A José Antonio Cue Monzón, que participou das manifestações de 11 de julho de 2021 em Cárdenas, Matanzas, o regime o condenou a uma década de prisão pelos supostos crimes de “sabotagem” e “desordem pública”.


José Antonio Cue Monzón, um jovem cubano que foi encarcerado por se manifestar em Matanzas durante as históricas protestas contra o regime em 11 de julho de 2021 e escapou para os Estados Unidos, corre perigo de ser deportado para Cuba, onde teria que enfrentar 10 anos de prisão.

Após fazer parte do estallido popular que se desencadeou espontaneamente em mais de 60 cidades e vilarejos do país, Cue foi detido e ficou preso durante quatro meses, antes de ser julgado.

O cubano foi condenado a uma década de prisão pelos supostos delitos de "sabotagem" e "desordem pública", contou em uma entrevista com o jornalista Alexis Boentes, da Telemundo51.

Ao tomar conhecimento da condenação e com a data marcada para ingressar na prisão, Cue decidiu escapar de Cuba. Ele e outros cubanos construíram uma embarcação rústica com tanques de 55 galões e empreenderam a arriscada aventura de cruzar o Estreito da Flórida.

“Era isso. Me lançar ao mar ou ir preso”, confessou Cue, que levou em sua travessia para os EUA um jornal -Girón, o diário oficialista de Matanzas-, no qual figura seu nome na lista de manifestantes do 11J condenados naquela província pelos tribunais do regime.

Também levou consigo documentos do tribunal popular que o julgou e que são “evidência de um julgamento contra ele por exigir uma mudança em seu país”, apontou a Telemundo.

Em 11 de julho de 2021, o cubano se informa sobre os protestos na cidade onde vivia e decide se juntar a eles. “Começam a surgir rumores de que havia manifestações na rua Real, em Cárdenas. Vejo aquilo, o povo desatado, manifestando-se como nunca se tinha visto”.

Cue relatou que os protestos foram reprimidos pela polícia de forma violenta. “Já a manifestação havia saído do controle deles. Eles estavam com medo. A polícia estava com medo”, afirmou.

O que veio a seguir para centenas de manifestantes, incluindo ele, foi um calvário, e continua sendo para aqueles que ainda permanecem em prisões do regime em todo o país por se manifestarem pacificamente.

“Esses calabouços são o mais imundo, o mais desagradável que se possa ver. Quando a noite cai, as baratas andam pela sua cabeça. Não há água, há cheiro de urina. É um quarto trancado, não há ventilação, (com) umidade. Isso é o mais infernal que existe”, lembrou com pesar.

A sabiendas do que o aguardava quando voltasse para a prisão para cumprir a pena, Cue fugiu de Cuba, mas já em solo americano recebeu uma ordem de deportação que poderia ser efetiva a qualquer momento.

Seu advogado de imigração, Eduardo Soto, tenta frear essa ordem de deportação, no entanto, Cue já tem uma consulta marcada para se apresentar ao Departamento de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), precisa Telemundo51.

De frente a uma iminente deportação, o cubano relatou que durante quase dois anos construiu uma nova vida nos EUA e teme perder algo que já conheceu naquele país: a liberdade.

“Me sinto livre, realizado”, confessou, ao mesmo tempo em que suplicou “uma segunda chance porque tenho muito a contribuir para este país”.

No transcurso de 2024, mais de mil cubanos foram deportados para a ilha desde os EUA e outros países da região.

Durante as últimas semanas, foram relatados vários casos de cubanos com I-220B, que foram detidos pelas autoridades americanas em suas consultas de imigração com o ICE.

Em contraste, a Fundação para os Direitos Humanos em Cuba (FHRC), que identificou mil repressivos cubanos, relatou recentemente que 117 teriam entrado nos Estados Unidos, desde fevereiro de 2023.

“Muitos deles mentindo”, assegurou Tony Costa, diretor da ONG, em declarações à Martí Noticias.

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