Jorge Fernández Era renuncia à UNEAC após expulsão de Alina Bárbara López.

"A UNEAC se revela como a força paramilitar que é, a serviço dos ditadores de turno."

Alina Bárbara López y Jorge Fernández Era © Alina Bárbara López Hernández / Facebook
Alina Bárbara López e Jorge Fernández EraFoto © Alina Bárbara López Hernández / Facebook

O escritor e jornalista cubano Jorge Fernández Era anunciou sua renúncia à União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC) após a expulsão da professora e acadêmica Alina Bárbara López Hernández por sua postura crítica em relação ao regime.

Fernández Era compartilhou em seu perfil no Facebook uma carta dirigida à presidência da instituição, a qual classifica como uma força paramilitar a serviço da ditadura.

Segundo disse, embora isso desagrade ao regime, Alina Bárbara López Hernández continuará a ser uma das intelectuais mais honestas e esclarecidas de Cuba.

" Sua expulsão se junta a capítulos tão repugnantes como as UMAP, a Parametrização, a Primavera Negra, o tapa do ministro..., que não representam outra coisa senão a realização à risca da máxima excluyente 'Com a Revolução tudo, contra a Revolução nada'", detalhou.

"A 'Revolução' que vocês honram com uma sanção semelhante é a mesma que defende o Partido que nos malgoverna e os esbirros que pretendem calar vozes incômodas como as de Alina. Eles violam com descarada impunidade direitos que a Constituição nos concede...", acrescentou.

Ele também humorista acusou a UNEAC de se submeter de maneira mais servil ao governo, que teme ao debate e à polêmica e considera de "contrarrevolução" tudo que vai contra suas mentiras.

Captura de Facebook / Jorge Fernández Era

Aclarou que embora a expulsão de sua amiga lhe causou indignação, não o surpreendeu, pois nos últimos anos a entidade não moveu um dedo para se preocupar com o assédio ao qual Alina e ele foram submetidos pela Segurança do Estado e pela Polícia. Ambos foram detidos e ameaçados mais de uma vez, e o que a UNEAC fez foi lavar as mãos diante das reclamações que apresentaram.

"Se forem consequentes com os tolos pretextos com que expulsam Alina, meu turno esperará acaso pela assinatura de algum funcionário do Departamento Ideológico do Comitê Central. Para poupar papelada a burocratas e subordinados, solicito minha renúncia como membro da União de Escritores e Artistas de Cuba. As razões estão claras", sublinhou.

Na semana passada, a UNEAC expulsou de suas fileiras a catedrática Alina Bárbara López Hernández, a qual acusou de realizar "atividades contra a revolução", de mostrar solidariedade com os protestos de 11J e de publicar conteúdo na Internet contra dirigentes políticos.

A medida foi comunicada pela diretiva provincial da UNEAC em Matanzas, que impediu López Hernández de acessar uma cópia do documento oficial que justificava a sanção, o que ela considerou uma "covardia". Ela também não teve a possibilidade de apelar.

"Jamais tentaria apelar uma decisão que parece ser ditada mais por agentes de Segurança do Estado do que por escritores e artistas", destacou ela.

Alina, que foi presa e agredida por exercer seu direito cidadão à protesto pacífico, ressaltou que, apesar da destituição, continuará exercendo seu direito à liberdade de expressão em Cuba e manterá sua postura crítica fora da organização.

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