Dezenas de cubanos criticaram Miguel Díaz-Canel por celebrar um festival internacional de gastronomia em um momento em que o povo enfrenta uma das piores crises alimentares de sua história.
Enquanto em muitas casas as pessoas não têm o que colocar na mesa, o regime inaugurou na quarta-feira, com grande ostentação, o 14º Festival Internacional Varadero Gourmet, com competições de culinária, gastronomia e coquetelaria.
"Com a fome que a maioria dos cubanos está passando e ao ver essas coisas, isso nos enche de indignação. Eles fazem isso de propósito, não há respeito algum pelo meu povo, envelhecido e doente na sua maioria", comentou uma internauta na publicação de CiberCuba no Facebook.
"Isso a cada dia me dá mais nojo, o povo morrendo de fome e eles vivendo a doce vida!", apontou uma mãe.
"Não têm uma gota de vergonha, é lamentável ver isso quando todos os dias é preciso fazer malabarismos para garantir aos filhos o lanche escolar", expressou uma manicure.
"E nossos filhos sem um doce nem guloseimas, que falta de respeito com o povo; enquanto exibem toda essa comida, muitas pessoas nem sequer têm o que comer", denunciou um espirituano.
El Varadero Gourmet, que se celebra no famoso balneário matancero, está dedicado a temas tão distantes do cubano comum como a alta cozinha, a cozinha artística ou os saberes da cozinha alternativa.
"E os mandados deste mês sem chegar à despensa, e olha que disseram que estavam garantidos, mas nada, não chegam. Talvez nesse evento descubram como se come sem comida, sem morrer na tentativa", ironizou uma dona de casa.
"Que falta de respeito, com a fome que a grande maioria do povo tem; quão caro nos custa comprar um doce para nossos filhos e vejam ali quanta abundância e que desperdício," comentou um pai de dois filhos.
"Com tanta miséria que o povo está passando, porque estão nos matando de fome e necessidade, porque por mais que você trabalhe neste país, você se mata trabalhando à toa e o salário não dá. Veja a data em que estamos, nem o leite das crianças nos trouxeram", recordou um granmense.
"A hipocrisia deste governo que tenta enganar a opinião internacional enquanto aqui há crianças que vendem doces, pães, tamales, etc., para ajudar a comer algo em suas casas", disse uma habanera.
"Não é nada novo, o povo já não tem acesso a nada, mas os hotéis sempre mostraram abundância e variedade de ofertas gastronômicas", sublinhou um internauta.
Recentemente, o Observatório Cubano de Direitos Humanos apresentou o VII Relatório sobre o Estado dos Direitos Sociais em Cuba 2024, com resultados reveladores da realidade cubana.
A organização não governamental revelou no documento que "89% das famílias cubanas sofrem de pobreza extrema", um ponto percentual a mais do que no ano passado e 13% a mais do que em 2022.
Um dos seus dados mais significativos é o que ressalta que "sete em cada 10 cubanos deixaram de tomar café da manhã, almoçar ou jantar, devido à falta de dinheiro ou à escassez de alimentos".
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