Uma cubana residente na Espanha foi visitar a Ilha e lá viveu toda uma odisséia para conseguir comprar um ovo com o qual fazer uma omelete para seu parceiro.
"Parece meme, mas é tragédia", afirmou Claudia G. Catalán, que estava há mais de dois anos sem ir a sua pátria.
A jovem viajou para sua natal Santiago de Cuba para se reunir novamente com sua família e seus amigos. Durante sua estadia, quis preparar uma omelete para seu namorado espanhol, quando percebeu que em casa tinham acabado os ovos.
Foi então que começou a sofrer na própria pele "o que os cubanos passam para fazer o mais básico de cada dia", conforme confessou em um vídeo compartilhado em sua conta do TikTok.
Primeiro ele foi a uma mipyme para comprar, mas lá não tinha ovos. Depois teve que fazer fila em um caixa eletrônico para sacar dinheiro e, a partir daí, chegou à pracinha, onde felizmente os encontrou, a 150 pesos cada um. Mas ao chegar em casa, acabou a luz.
A escassez de ovos em Cuba fez com que seu preço subisse a níveis alarmantes e já supera os 5.000 pesos por cartão no mercado informal.
Na semana passada, o perfil de Facebook Edmundo Dantés Junior denunciou o custo exorbitante, apontando que "quase um salário de médico na minha província" é necessário para comprar uma cartela de ovos (30 unidades).
Em meio à grave crise alimentar que os cubanos vivem, a inflação galopante faz com que produtos básicos se tornem inalcançáveis para a maioria das famílias.
O advogado Miguel Viera, que é muito conhecido no Facebook por suas reflexões e críticas à realidade cubana, ironizou sobre a situação e, após mostrar uma mesa com cascas de ovos, afirmou que havia "investido quase um dólar nelas".
"E aqui estou! Esperando que as senhoras das receitas criativas descubram alguma forma de utilizar as cascas dos ovos. Depois de pagar mais de 100 pesos por cada um... algo terá que ser feito com elas", comentou com sarcasmo.
Em julho, o custo de uma caixa de ovos em Havana já havia superado o salário mínimo do país, alcançando uma média de 2.225 pesos. Apenas um mês depois, o preço aumentou drasticamente.
A Oficina Nacional de Estatística e Informação (ONEI) indicou em seu último relatório que a inflação anual no mercado formal de Cuba atingiu 30,48% em julho, com quase todos os itens experimentando aumentos anuais acima de 10% e confirmando a perda sustentada do poder de compra na Ilha.
O economista Pedro Monreal afirmou que os dados oficiais de julho "confirmam o naufrágio do componente anti-inflacionário do pacote econômico de 2024 –anunciado pelo regime de maneira fragmentada e de implementação zigzagueante– com um efeito sustentado de perda de poder aquisitivo" da população.
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