Hamlet Lavastida Cordoví é um artista e ativista cubano, nascido em Havana, Cuba, em 1983. Ele se formou na Academia de Artes San Alejandro e no Instituto Superior de Arte.
Lavastida pertence a uma geração de artistas cubanos cujo trabalho é censurado na ilha por transgredir as normas estabelecidas pelas instituições culturais oficiais. Sua arte política e social se alimenta da iconografia revolucionária, de um discurso ambíguo repleto de eufemismos, da reconstrução historiográfica, das técnicas repressivas, das políticas econômicas ou sociais fracassadas promovidas pelo Partido Comunista de Cuba e de tudo que lhe permita desmontar e desarticular o regime totalitário cubano.
Tem uma longa trajetória e uma obra consolidada e reconhecida, sobretudo no exterior, onde participou de várias residências artísticas: Trinidad e Tobago (2006), em Varsóvia, Polônia (2012), na Colômbia (2018) e na Alemanha (2020).
Sua obra foi exposta no Centro de Arte Contemporâneo Łaźnia, Gdańsk, Polônia; no Links Hall, Chicago, Estados Unidos; no The 8th Floor, Nova Iorque, EUA; no Centro Wifredo Lam, Havana; no Museu de Pontevedra, Galícia, Espanha; no Rio de Janeiro, Brasil, e no Festival Internacional de Performance Art Nippon, Tóquio, Japão, entre outros espaços.
Em 2018, participou de Animas, com Carlos Garaicoa, em Madrid, Espanha, e também da Bienal 00, em San Isidro e Damas, em Havana.
Em 2015, trouxe sua exposição Iconocracia. Imagem do poder e poder das imagens na fotografia cubana contemporânea ao Centro Atlântico de Arte Moderno de Las Palmas de Gran Canaria e ao Centro-Museu Vasco de Arte Contemporâneo de Vitoria-Gasteiz, na Espanha.
Em 2020, inaugurou a exposição Cultura profiláctica em Berlim, na galeria Künstlerhaus Bethanien. Lá, onde o jovem criador estava em uma bolsa de arte, ficou surpreso com os acontecimentos de 27 de novembro de 2020.
No dia 8 de fevereiro de 2021, durante seu espaço no Noticiero da televisão cubana, o apresentador Humberto López mostrou e leu um chat de Lavastida, no qual ele propunha marcar com selos alegóricos ao Movimento San Isidro (MSI) e 27N as notas de maior denominação em circulação na ilha. Posteriormente, o próprio Hamlet declarou que se tratava de um chat totalmente privado no Telegram, onde ele havia sugerido, como forma de desobediência civil, marcar os bilhetes, mas que essa ideia nunca foi discutida e acabou sendo descartada.
Por este motivo, e sob a acusação de "instigação à delinquir", Lavastida foi detido em 26 de junho de 2021, enquanto cumpria quarentena sanitária após seu retorno a Havana, vindo da Alemanha, quatro dias antes. A nota emitida pelo Ministério do Interior, dias após sua prisão, acrescenta aos delitos anteriores a incitação e convocação "de forma reiterada" à realização de "ações de desobediência civil em via pública", utilizando as redes sociais e "a influência direta sobre outros elementos contrarrevolucionários". Além disso, menciona a "realização de ações semelhantes às que ocorreram em países da Europa Oriental, com intenção provocativa".
O artista foi trasladado para a Villa Marista, sede do departamento de Segurança do Estado, instituição conhecida por ter uma prisão especializada na detenção de presos políticos. Lá, foi despojado de seu nome e designado com o número 2239. Sofreu longos e angustiantes interrogatórios. Lavastida reconhece que teve alucinações durante os três meses que permaneceu e que, após solicitar ajuda psicológica, lhe foi permitido apenas um encontro com um especialista. Ele também mencionou que conseguiu fazer uma ligação telefônica depois de pedi-la até em sete ocasiões e que, durante todo esse tempo, foi levado para tomar sol apenas 4 vezes.
No dia 20 de julho de 2021, foi publicada uma foto do filho de Lavastida que vive na Polônia, na qual ele pedia, através de uma mensagem, a libertação de seu pai. A foto se tornou viral e liderou diversas campanhas que solicitavam a liberação do artista, que não havia cometido nenhum crime e nunca teve direito a um advogado.
No dia 25 de setembro, foi libertado e obrigado a deixar Cuba junto com sua parceira, a poeta e ativista Katherine Bisquet. Após intervenções de diplomatas poloneses em Havana, o casal chegou a Varsóvia no dia 27 de setembro de 2021.
Após sua chegada à Polônia, Bisquet explicou que o exílio foi imposto a ambos como condição para a liberação de Hamlet. A ativista publicou em suas redes, no dia 26 de setembro, um texto comovente no qual relata detalhes do que viveram durante os 90 dias de encarceramento e como se deu o processo de saída do país. Ela narra que Lavastida foi levado ao aeroporto a partir de uma casa de protocolo onde estava isolado desde o dia 20 de setembro, e da qual desconhece a localização, pois chegou de Villa Marista com a cabeça entre as pernas. A própria Bisquet, em seu texto, explicou que o processo pelo qual ambos foram soltados e exilados foi chamado em várias ocasiões por mais de um agente de "racionalidade política".
Na liberação de Hamlet, também esteve envolvida a ativista e artista Tania Bruguera, a quem a Segurança do Estado propôs obter um bilhete de avião em troca de sua saída da ilha. Em contrapartida, Bruguera apresentou uma lista de várias pessoas que deveriam ser liberadas. Na lista constava Lavastida. Apesar de o governo não ter aceitado liberar todos, a ativista deixou o país ao mesmo tempo que Hamlet e Bisquet.