MLC rompe recorde histórico no mercado informal e a taxa flutuante do regime permanece ornamental



As restrições para comprar divisas nos bancos e na CADECA, somadas à baixa disponibilidade de dólares e euros, deslocaram a demanda para o MLC, que agora está cotando mais alto do que nunca.

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O mercado informal de divisas em Cuba começou a semana com um novo abalo: a Moeda Livremente Conversível (MLC) subiu para 350 pesos cubanos (CUP), marcando um recorde histórico e confirmando seu papel como termômetro da crise econômica.  

Enquanto isso, o dólar americano (USD) e o euro (EUR) permaneceram sem variações, a 440 e 480 CUP, respectivamente

A alta do MLC reflete a desconfiança generalizada em relação à política monetária do governo e a falta de acesso real a divisas em dinheiro, apesar da entrada em vigor do novo esquema de taxa flutuante oficial anunciado pelo Banco Central de Cuba (BCC) no último dia 18 de dezembro.

Taxa de câmbio informal em Cuba Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025 - 06:00

Evolução da taxa de câmbio

  • Tasa de câmbio do dólar (USD) para pesos cubanos CUP: 440 CUP 
  • Tasa de câmbio do euro (EUR) para pesos cubanos CUP: 480 CUP 
  • Tasa de câmbio do (MLC) para pesos cubanos CUP: 350 CUP 

O aumento da moeda digital utilizada nas lojas estatais em divisas ocorre em meio à persistente escassez de dinheiro em espécie, à inflação em alta e à incerteza gerada pelo novo sistema cambial.

Embora o BCC tenha apresentado a taxa flutuante como uma reforma “para refletir as condições reais do mercado”, a medida não teve um impacto tangível na população.

As restrições para comprar divisas nos bancos e CADECA, somadas à baixa disponibilidade de dólares e euros, deslocaram a demanda para o MLC, que agora está cotado mais alto do que nunca

Taxa oficial de fechamento em 21 de dezembro (CADECA)

Segundo as casas de câmbio estatais, as taxas de venda deste domingo eram as seguintes: 1 USD = 432,48 CUP; 1 EUR = 506,52 CUP.

Essas cifras confirmam que o novo esquema de "taxa flutuante" não compete realmente com o mercado informal, mas sim o imita e o legitima.

Após anos negando a existência do mercado negro, o regime cubano agora publica valores que se aproximam dos do observatório independente elTOQUE, sem resolver a causa principal: a falta de liquidez.

Desconfiança, inflação e especulação

Cada vez que o governo de Miguel Díaz-Canel anuncia uma nova medida econômica —como a reforma monetária ou a taxa flutuante—, o mercado informal reage antecipando uma devalorização do peso cubano.

Os cambistas, microempresários e cidadãos que possuem divisas preferem retê-las, esperando um aumento de preços. 
Essa especulação, somada ao pânico pela inflação e à escassez de dinheiro, impulsiona o valor do MLC mais rapidamente do que o de outras moedas, tornando-o o termômetro mais sensível da desconfiança econômica. 

Nas redes sociais, a publicação das taxas oficiais gerou uma onda de críticas e ironias. “Tanto criticar o Toque para terminar igual”, escreveu um usuário em referência ao portal independente que, há anos, estabelece as referências do mercado informal.

Outros reclamaram que “publicam cifras, mas ninguém pode comprar”, aludindo à impossibilidade prática de acessar divisas nos bancos cubanos.

A taxa flutuante: Mais maquiagem do que reforma

O sistema de três segmentos —1x24 para operações estatais, 1x120 para empresas com receitas externas e uma taxa flutuante para cidadãos e Mipymes— não resolveu as distorções do mercado.

Na prática, a taxa "flutua" nos papéis, mas permanece imóvel diante da realidade da escassez e da falta de dólares em circulação.

Enquanto isso, o peso cubano continua a perder poder aquisitivo. Com salários que em média são de 4.000 CUP mensais, equivalentes a menos de 10 dólares na taxa de câmbio informal, a população cubana continua a depender das remessas, dos pagamentos digitais e das redes de cambistas para sobreviver.

Conclusão: O mercado informal manda

A elevação do MLC para 350 CUP não é um fenômeno isolado, mas o resultado direto de uma política monetária sem credibilidade e de um sistema bancário paralisado pela falta de divisas.

A chamada "taxa flutuante" do BCC busca aparentar controle estatal sobre a política monetária e cambial, mas, em essência, reconhece o poder do mercado paralelo, que durante anos o regime classificou como ilegal.

Enquanto o Estado mantiver o controle sobre a oferta de divisas e não liberar um verdadeiro mercado cambial, o peso cubano continuará a cair, e o MLC —criado pelo próprio regime— continuará a determinar o preço real da economia nas ruas.

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