A atriz cubana Yerlín Pérez confessou entre lágrimas que não pode viajar a Cuba devido ao seu status migratório nos Estados Unidos e que vive com o medo constante de não voltar a ver seu pai com vida, que se encontra gravemente doente em Havana.
A revelação ocorreu durante uma conversa íntima e sem filtros no canal do YouTube Familia Cubana TV, junto com os atores Lieter Ledesma, Rachel Cruz e Yasbell Rodríguez.
“Meu pai tem uma doença terminal. Eu vivo com esse medo… o medo de que um dia não o veja novamente”, disse Yerlín, visivelmente afetada. Embora tenha esclarecido que ninguém a proibiu de voltar à Ilha, explicou que sua situação legal a impede de fazê-lo sem o risco de não poder sair novamente. “É uma questão de status. Eu, pelo meu pai, iria, mas com o terrível medo de que depois não me deixem sair”, reconheceu.
A atriz, que emigrou há quatro anos, também falou sobre o peso emocional que implica deixar a família para trás. Sua mãe, de 71 anos, vive em Remedios, Villa Clara, enquanto seu pai, de 72, permanece em Havana. “Minha mãe talvez consiga vir. Com meu pai tenho menos esperança”, confessou, em uma das partes mais difíceis da entrevista.
Além do drama familiar, Yerlín compartilhou reflexões profundas sobre a migração, que descreveu como carregar uma mochila cheia de memórias, nostalgias e dores. “Coloco tudo lá: as pessoas que amo, as ruas, os cheiros, até o trapinho de Coppelia. Isso pesa tanto que preciso pisar forte para deixar marcas”, disse, usando uma metáfora que resume a experiência de muitos cubanos fora da Ilha.
Durante a conversa, a atriz também falou sobre as críticas que tem recebido nas redes sociais desde que chegou a Miami, incluindo comentários que a desqualificam por ter se dedicado temporariamente à cozinha como um empreendimento familiar.
Nesse sentido, Yerlín foi categórico e lembrou que em Cuba nunca viveu exclusivamente da atuação e que, como muitos artistas, trabalhou em restaurantes e em outras funções para sobreviver. “Se eu chegar a viver do dinheiro de uma novela, morro de fome”, afirmou.
Apesar das agressões digitais, afirmou sentir-se grata pelo carinho do público cubano, dentro e fora da Ilha, e pelas novas oportunidades que encontrou nos Estados Unidos.
Atualmente combina humor, teatro e projetos dramáticos, e se prepara para subir ao palco em Miami com a peça Fresa y Chocolate, um clássico do teatro cubano adaptado para uma nova versão.
Yerlín não se esquivou de temas sensíveis. Falou sobre a censura, seu repúdio ao sistema político cubano e sua decisão de não criar seu filho em um país onde, disse, não queria vê-lo reprimido. “Eu sinto falta de Cuba, mas não dessa Cuba. Sinto falta da minha vida, da minha história, não da ditadura”, declarou com contundência.
A atriz deixou claro que, embora tenha construído uma nova vida fora do país, Cuba continua sendo uma ferida aberta. Uma ferida que hoje dói mais pela distância, pela doença de seu pai e por uma realidade migratória que mantém milhares de famílias cubanas separadas, presas entre o amor e a burocracia.
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