Orgulho musical: Um cubano é escolhido diretor assistente da Filarmônica da Galícia



A escolha de César Ramos reconhece sua perseverança e talento, e consolida a presença da cultura cubana na Europa.

César Ramos durante um dos ensaios com a Real Filarmônica da Galícia.Foto © Facebook/Real Filharmonía da Galícia

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O talento cubano volta a se destacar em um dos cenários culturais mais exigentes da Europa. O maestro César Ramos, nascido em Cuba e radicado nos Países Baixos, foi escolhido novo diretor assistente da Real Filharmonia da Galícia para o período de 2026-2027, um reconhecimento que confirma uma trajetória construída com base em disciplina, emigração e amor pela música.

A notícia foi confirmada por La Voz de Galicia, que informou que Ramos foi selecionado após trabalhar durante vários dias com a orquestra e dirigir em concerto ao lado de outros finalistas no Auditório da Galícia.

O processo concluiu-se na última quinta-feira, após uma apresentação pública na qual também participaram Javier Huerta Gimeno, Leonard David Wacker e Stefano Boccacci, candidatos à mesma vaga.

O nomeação não é trivial. A Real Filharmonia da Galícia concebe esta figura como uma oportunidade de formação de alto nível, permitindo a jovens diretores trabalhar durante um ano inteiro com uma orquestra profissional.

Segundo explicou o meio especializado Doce Notas, o programa faz parte do compromisso institucional da orquestra com o futuro da direção orquestral e com a educação musical na Europa.

Para muitos cubanos dentro e fora da ilha, a história de César Ramos ressoa além do âmbito acadêmico. Seu caminho começou aos 11 anos, quando estudou violoncelo em Cuba, e continuou na Universidade das Artes (ISA), em Havana, onde pegou a batuta sob a orientação de mestres como Guido López-Gavilán.

Em 2018, estreou no Grande Teatro de Havana dirigindo A consagração da primavera, de Stravinski, um momento decisivo em sua carreira.

Desde então, seu percurso tem sido também o de muitos artistas cubanos que tiveram que crescer longe de casa.

Após ocupar cargos como diretor adjunto da Orquestra Sinfónica de Matanzas e da Orquestra Sinfónica Nacional de Cuba, Ramos estabeleceu-se na Europa, onde completou o Mestrado Nacional em Direção Orquestral nos Países Baixos, tornando-se o primeiro estudante latino-americano aceito nesse prestigioso programa.

Em 2025, recebeu o Prêmio Rudis Martinus van Dijk de Maestro, e trabalhou como maestro assistente com algumas das orquestras mais importantes do continente, incluindo a Royal Concertgebouw Orchestra.

Ao mesmo tempo, ele tem mantido um vínculo criativo com suas raízes, fundando projetos como Paisajes cubanos e o Ensemble Habana XXI, concebidos como pontes entre a música contemporânea e a identidade cultural da ilha.

A escolha de César Ramos na Galícia não apenas celebra o mérito individual de um músico brilhante. Para muitos cubanos, representa também uma história de perseverança, de talento que não se rende e de um país que continua exportando cultura, mesmo em meio à emigração e às dificuldades. Em um cenário europeu de alto nível, a batuta volta a erguer o nome de Cuba.

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