Presidente da Bielorrússia indulta o Nobel da Paz e principais críticos do regime



Lukashenko indultou o Nobel da Paz Ales Bialiatski e líderes opositores bielorrussos, após consultas com os EUA. A medida visa melhorar as relações internacionais e aliviar tensões na Europa.

Indultados na BielorrússiaFoto © X

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O presidente da Bielorrússia, Alexandr Lukashenko, concedeu indulto neste sábado ao prêmio Nobel da Paz 2022, Ales Bialiatski, e a dois dos principais líderes opositores encarcerados, Maria Kolésnikova e Víctor Babariko, conforme informou a organização de direitos humanos Viasna e um comunicado oficial reproduzido pela agência estatal BELTA.

A libertação ocorreu após consultas em Minsk durante os últimos dois dias entre Lukashenko e o emissário da Casa Branca, John Cole, de acordo com Viasna.

Em paralelo, a presidência bielorrussa anunciou o indulto de 123 pessoas de diferentes nacionalidades, em uma decisão que —segundo a BELTA— se insere em acordos alcançados com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que responde à cancelamento de sanções vinculadas ao setor de potássio/potasa.

Bialiatski, fundador e chefe da Viasna, havia estado incomunicado durante muito tempo após ser transferido em maio de 2023 para a prisão número 9 de Gorki (região de Moguiliov), descrita pelo texto como uma cela “tristemente célebre” por suas duras condições.

O documento acrescenta que a Amnistia Internacional pediu insistentemente sua liberação: o ativista, de 63 anos, padece de doenças crônicas e, mesmo assim — segundo organizações de direitos humanos — foi obrigado a trabalhar seis dias por semana, além de ter sido enviado durante meses a celas de isolamento, com restrições para receber pacotes e medicamentos.

Sobre María Kolésnikova, EFE indica que foi uma colaboradora próxima primeiro de Babariko e depois da candidata presidencial e líder oposicionista no exílio, Svetlana Tijanóvskaya.

Foi detida após os protestos antigovernamentais de 2020, depois que tentaram forçá-la a se deslocar para a fronteira com a Ucrânia; no entanto, ela quebrou seu passaporte e se recusou a ser deportada. Em 2021, foi condenada a 11 anos de prisão por conspirar para tomar o poder.

No caso de Víctor Babariko, o documento o descreve como um banqueiro crítico do regime que foi detido durante a campanha eleitoral de 2020 antes de poder registrar sua candidatura presidencial.

Entre os liberados, o texto menciona também outros ativistas da Viasna, como Valiantsin Stefanovich e Uladz Labkovich, além do advogado Maxim Znak, da editora do portal Tut.by, Marina Zolatava, e do politólogo Alexandr Fiaduta.

Segundo a Viasna, entre os estrangeiros indultados estão, entre outros, a lituana Maria Batalionak, o polaco Raman Haluza, a letã Ala Sakalenka, o japonês Nakanishi Masatoshi, a americana Natallia Beslkaya e o australiano Aliaksandr Syrytsa.

A Presidência bielorrussa afirmou —segundo a BELTA— que a medida abrange cidadãos condenados por crimes de diversas naturezas, como espionagem, terrorismo e extremismo, e que busca acelerar uma “dinâmica positiva” nas relações com os parceiros do país e contribuir para a “estabilização” na Europa.

O relatório acrescenta que, desde o mês passado, Lukashenko teria indultado 156 cidadãos de países como Estados Unidos, Reino Unido, Ucrânia, Austrália, Japão, Lituânia e Letônia.

Estes indultos se situam no contexto da repressão posterior às protestas de 2020 por denúncias de fraude eleitoral e da posterior multiplicação de sanções após o apoio de Minsk à campanha militar russa na Ucrânia.

Apesar dos indultos recentes, organizações de direitos humanos afirmam que mais de mil presos políticos continuam encarcerados na Bielorrússia.

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