O que acontece com os cubanos que já estão nos EUA após o cancelamento do programa de reunificação familiar?



O USCIS já começou a incentivar aqueles que não cumprirem os novos requisitos a sair do país de forma voluntária.

Cubanos nos EUA. (Imagem de referência criada com IA)Foto © CiberCuba

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O anúncio do Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos Estados Unidos marcou uma mudança drástica na política migratória em relação a várias nações, incluindo Cuba.

Este sexta-feira, a agência confirmou a eliminação total dos programas de Permissão de Reunificação Familiar (FRP), entre eles o Cuban Family Reunification Parole (CFRP), mecanismo que desde 2007 permitiu a milhares de cubanos chegarem de forma expedita ao país enquanto aguardavam sua residência.

Embora as reivindicações familiares continuem intactas - ou seja, cidadãos estadounidenses e residentes permanentes ainda podem solicitar seus familiares -, o parole de reunificação desaparece, o que permitia viajar para os Estados Unidos antes que o visto estivesse disponível e, no caso dos cubanos, acolher-se posteriormente à Lei de Ajuste.

A medida deixa em uma situação delicada aqueles que já se encontram nos Estados Unidos sob esse benefício.

Impacto da medida

O DHS justifica o fechamento acusando o "abuso" da liberdade condicional humanitária e uma verificação insuficiente de antecedentes que, segundo Washington, representava "riscos inaceitáveis" à segurança nacional.

Detallou ainda que as permissões serão canceladas em 14 de janeiro de 2026, e somente serão válidas após essa data se houver um I-485 enviado em ou antes de 15 de dezembro de 2025, e a autorização de emprego também será revogada uma vez que o parole termine.

O DHS insiste que a reunificação familiar não está acima da segurança e que a política migratória retornará ao modelo "caso a caso".

O que acontece com os cubanos que já estão nos EUA?

Em seu comunicado oficial, o USCIS explicou que todas as permissões concedidas sob os programas FRP deixarão de ser válidas em 14 de janeiro de 2026, exceto em uma única exceção:

O parole continuará em vigor para aqueles que apresentarem o Formulário I-485 (Solicitação de Ajuste de Status ou Residência) antes de 15 de dezembro de 2025.

O texto especifica o seguinte:

Se o I-485 estiver pendente em 14 de janeiro de 2026, a permissão será mantida até que expire o período original do parole ou até que seja tomada uma decisão final sobre a residência.

Se a solicitação for negada, a autorização será cancelada imediatamente e a pessoa "deverá deixar os Estados Unidos".

Para quem não tiver um I-485 pendente, o final é claro: Perderão automaticamente seu status e a autorização de emprego em 14 de janeiro de 2026.

O DHS enviará notificações individuais a cada beneficiário comunicando a rescisão do parole e da autorização de trabalho.

A mensagem do governo é clara: quem ficar sem base legal deverá sair do país.

O que os cubanos afetados devem fazer?

Em conversa com o jornalista Mario J. Pentón, o advogado de imigração Mayron Gallardo ressaltou que a medida não afeta os pedidos familiares I-130, que continuam seu curso normal.

O que desaparece é a via acelerada que permitia a milhares de pessoas contornar anos de espera e entrar com um parole enquanto seu processo avançava.

Agora essa opção foi suprimida, obrigando aqueles que desejam emigrar a seguir os prazos habituais do sistema consular.

Segundo a decisão, apenas aqueles que tiverem um formulário I-485 de ajuste de status apresentado antes de 15 de dezembro de 2025 e ainda pendente nessa data manterão o parole até que sua solicitação seja aprovada ou negada.

Gallardo advertiu que, exceto no caso dos cubanos -que podem ajustar seu status mesmo acumulando presença ilegal graças à Lei de Ajuste Cubano-, aqueles que não forem familiares imediatos e permanecerem no país após o vencimento de seu parole começarão a acumular presença ilegal, o que complicará posteriormente qualquer trâmite migratório.

Nesses casos, a alternativa é sair do país antes que o visto expire e esperar do local de origem até que o visto esteja disponível.

A decisão do departamento de Segurança Nacional alega que esses programas permitiam a entrada de estrangeiros com verificações insuficientes e que o parole deveria retornar a um uso "caso a caso".

Enquanto isso, milhares de famílias ficam presos entre processos pendentes, prazos abruptos e um cenário migratório radicalmente mais incerto.

Impacto para os cubanos

O repórter Wilfredo Cancio Isla resumiu o alcance da medida como "uma dolorosa estocada" para os cubanos, e destacou que o programa CFRP - criado em 2007 por George W. Bush - foi determinante para acelerar a reunificação familiar durante quase duas décadas.

Recordou que o programa ficou parado desde 2016 e foi reativado gradualmente em 2022 sob a administração Biden.

"Com o retorno de Trump à Casa Branca, as entrevistas para aprovação de casos na embaixada dos Estados Unidos em Havana voltaram a estagnar, até sua eliminação definitiva nesta sexta-feira, indicou."

O governo incentiva a saída voluntária

A mensagem do USCIS é categórica: Se você tem parole de reunificação familiar, deve consultar um advogado o quanto antes.

Apresentar o Formulário I-485 antes de 15 de dezembro de 2025 é a única forma de manter o status e a permissão de trabalho.

Aqueles que não o fizerem, deverão sair do país antes de 14 de janeiro de 2026

A agência já começou a incentivar a autodeportação daqueles que não cumprirem os novos requisitos.

Em sua conta oficial no X, detalhou que aqueles que optarem por sair antes de perder o status poderão fazê-lo com incentivos, entre eles: assistência econômica, ajuda para obter documentos de viagem e isenção de multas civis, desde que relatem sua saída por meio do aplicativo CBP Home.

"Os estrangeiros afetados devem usar o CBP Home para informar sua saída dos Estados Unidos", diz a mensagem.

Antecedentes da medida

O DHS já havia antecipado que eliminaria os FRP devido a supostas brechas de segurança e ao uso indevido do parole, que considera um benefício que nunca foi destinado a ser utilizado de forma massiva.

Em seu anúncio inicial, ressaltou que a política busca restabelecer o princípio de "Estados Unidos em Primeiro Lugar" e reforçar os controles migratórios.

A suspensão afeta Cuba, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti e Honduras, bem como seus familiares imediatos.

A cancelamento do CFRP não afeta a possibilidade de apresentar reivindicações familiares, mas destrói o mecanismo que permitia a milhares de cubanos evitar anos de espera na ilha e se reunir provisoriamente com suas famílias enquanto o processo de residência avançava.

Para muitos beneficiários, o relógio já está correndo. O dia 15 de dezembro de 2025 é agora o prazo que definirá se podem permanecer nos Estados Unidos… ou se terão que deixá-lo.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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