Alemanha envia filtros de água e colchões para Cuba após o furacão Melissa



A Alemanha envia ajuda a Cuba após o furacão Melissa, com filtros de água e colchões. A iniciativa enfrenta críticas sobre a transparência na distribuição das doações pelo governo cubano.

Donativo alemão a Cuba pelo furacão MelissaFoto © Facebook / Embaixada da Alemanha em Havana

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Um carregamento com mil filtros de água e mil colchões saiu nesta segunda-feira do aeroporto de Frankfurt com destino a Cuba, conforme informou a Embaixada da Alemanha em Havana em suas redes sociais oficiais.

A missão diplomática detalhou que os insumos, fornecidos pelo Serviço Federal Alemão de Ajuda Técnica (THW), fazem parte do apoio de Berlim diante da emergência humanitária provocada pelo furacão Melissa, que agravou a já complexa situação de milhares de famílias cubanas.

Em sua publicação, a embaixada informou que o envio partiu "embalado e a caminho" com destino à ilha, destacando que “o furacão Melissa agravou ainda mais a difícil situação em Cuba” e que a Alemanha continuará prestando seu apoio. As imagens publicadas mostram a carga humanitária sendo embarcada em um avião com destino à ilha, onde o leste cubano continua sendo a área mais afetada pelo ciclone.

Facebook / Embaixada da Alemanha em Havana

Embora muitos usuários tenham agradecido o gesto solidário do governo alemão, a publicação gerou uma onda de comentários de ceticismo e irritação pela gestão que o regime cubano costuma fazer das doações internacionais.

Alguns expressaram a esperança de que a ajuda “realmente chegue aos afetados no leste do país” e “não aconteça o que sempre ocorre”, enquanto outros lamentaram que “tudo acaba sendo vendido nas lojas em dólares” ou “ficando nas mãos dos dirigentes e dos hotéis”.

Entre os comentários, podia-se ler: “É preciso ser ingênuo para acreditar que esses filtros e colchões chegarão à população”, ou “o que o povo precisa é de liberdade, não de doações que servem apenas para justificar o governo”.

Houve também mensagens de cidadãos alemães preocupados com a transparência do processo, sendo que um deles destacou que “seria bom saber e ver que esta ajuda humanitária chega diretamente aos afetados”, lembrando que “essas ajudas são financiadas com os impostos dos contribuintes”.

O envio alemão se junta a múltiplos carregamentos de ajuda internacional que chegaram a Cuba desde o início de novembro, após a passagem do furacão Melissa, um dos mais destrutivos que atingiram a ilha nos últimos anos.

Entre eles se destaca a doação de alimentos e materiais enviada pela China, que incluiu biscoitos, macarrão, colchões, equipamentos de iluminação solar e bobinas de aço galvanizado destinadas à reparação de telhados nas províncias mais afetadas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também enviou 4.375 lonas para habitações danificadas, como parte de um plano de assistência avaliado em 74,2 milhões de dólares destinado a apoiar um milhão de pessoas no leste cubano.

Por sua vez, Colômbia entregou 95 metros cúbicos de água potável em Santiago de Cuba, dentro de uma carga humanitária de 246 toneladas, gesto que também gerou debate entre os cubanos devido à precariedade do sistema de abastecimento de água no país.

Embora as autoridades cubanas tenham agradecido publicamente a solidariedade da comunidade internacional, a desconfiança cidadã cresce diante da falta de transparência na distribuição de recursos. Em publicações recentes sobre outras doações, usuários denunciaram que parte dos suprimentos acabou à venda em lojas de divisas ou destinados a instalações estatais, em vez de chegar gratuitamente às vítimas.

O furacão Melissa deixou mais de 90.000 casas destruídas, severos danos agrícolas e um panorama de crise humanitária nas províncias orientais. Nesse contexto, as redes sociais se tornaram um espaço de denúncia e reivindicação por uma distribuição justa e transparente da ajuda que chega do exterior.

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