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O cubano Moisés Ricardo esteve prestes a realizar um sonho que esperou durante 17 anos: tornar-se cidadão americano. Mas uma carta inesperada do Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) colocou sua vida em espera novamente e o deixou mergulhado na incerteza.
Seu caso, publicado pela NBC Connecticut, se junta à onda de cancelamentos e atrasos que afetam milhares de imigrantes de 19 países, incluindo Cuba, após as novas restrições migratórias implementadas pela administração de Donald Trump.
Ricardo, de 59 anos e residente em Bristol, Connecticut, tinha seu exame de cidadania agendado para novembro. Uma cirurgia de coração aberto de emergência o obrigou a adiar a data para 6 de janeiro de 2026. No entanto, na semana passada, ele recebeu uma notificação cancelando o processo sem oferecer qualquer explicação.
“É inimaginável o quanto uma pessoa pode sofrer com tudo o que acontece em seu corpo: dor, ansiedade, depressão”, disse à NBC Connecticut, falando através de um tradutor. “E receber notícias como as que recebi naquele momento foi algo realmente devastador.”
O anúncio faz parte de uma pausa nacional ordenada pelo USCIS no dia 2 de dezembro, segundo um memorando que suspendeu todas as adjudicações migratórias para pessoas provenientes de 19 países incluídos na Proclamação Presidencial 10949.
Embora a medida tenha surgido após um caso criminal em Washington D.C. envolvendo um refugiado afegão, seu impacto se estendeu a milhares de solicitantes sem antecedentes, muitos dos quais já estão estabelecidos nos Estados Unidos há anos.
Cuba está entre os países afetados, o que deixou numerosos cubanos presos em um limbo migratório. Nos últimos dias, a cubana Anyi Cabrales, cuja cerimônia de cidadania foi cancelada a apenas três horas de prestar o juramento, também teve seu impacto midiático.
Incluso, soube-se que recentemente imigrantes foram retirados da fila em Boston quando oficiais do USCIS perguntaram seu país de origem e os afastaram se provinham das nações restritas.
Organizações de defesa migratória descreveram a nova política como “cruel” e “arbitrária”, enquanto legisladores democratas de Connecticut criticaram duramente o que consideram uma proibição discriminatória. “Somos uma nação de imigrantes”, declarou o congressista John Larson. “A proibição extrema… não tem nada a ver com segurança nacional; é discriminação”.
Em meio a esse cenário, Moisés Ricardo só quer seguir em frente. Chegou aos Estados Unidos em busca de liberdade e passou anos trabalhando como motorista de caminhões e em serviços de remoção de árvores. Agora mora com um de seus filhos, também emigrado de Cuba, e espera poder se aposentar assim que conseguir a cidadania e se qualificar para receber o Seguro Social.
Converter-se em cidadão, diz, não era apenas um trâmite, mas a culminação de toda uma vida construída longe do controle do regime cubano. “Ter vivido neste país e finalmente chegar ao ponto de que me concederam esse privilégio, não tenho palavras”.
Enquanto a pausa migratória continua sem uma data clara para ser suspensa, histórias como a dele refletem o impacto humano por trás de cada processo paralisado e o medo crescente entre os cubanos que, como ele, sonhavam em dar o último passo rumo à estabilidade definitiva nos Estados Unidos.
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