Condenam o empresário cubano Boris Arencibia a quase cinco anos de prisão em Miami: Estes são os cargos



Junto a ele, foi condenado outro homem por seu papel na mesma rede criminosa.

Foto © Collage FBI - YouTube/Captura de tela-Telemundo 51

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O empresário e promotor cubano Boris Arencibia, de 52 anos, foi condenado a 57 meses de prisão federal por sua implicação em um vasto esquema criminal que envolveu a venda de medicamentos desviados e mal etiquetados, incluindo fármacos utilizados no tratamento de doenças graves como o HIV e o câncer.

Junto a ele também foi condenado José Armando Rivera García, de 45 anos, por seu papel na mesma rede criminosa.

Ambos se declararam culpados em dois casos federais distintos, referentes a esquemas relacionados, pelos quais comercializaram medicamentos de origem fraudulenta no valor superior a 28 milhões de dólares.

Um esquema que colocou vidas em perigo

Segundo o comunicado oficial do Escritório do Promotor do Distrito Sul da Flórida, Arencibia e Rivera adquiriram grandes quantidades de medicamentos prescritos através de canais ilegais.

Alguns eram vendidos diretamente por pacientes, enquanto outros foram obtidos através do uso de receitas falsas ou fraudulentas.

Estes medicamentos, que deveriam ser conservados em condições específicas para garantir sua eficácia, eram armazenados sem qualquer tipo de controle.

“Os medicamentos desviados colocam em risco a vida dos pacientes”, advertiu o promotor federal Jason A. Reding Quiñones, sublinhando a gravidade do caso.

Uma vez adquiridos, os medicamentos eram reembalados e a documentação era falsificada para simular que provinham de fabricantes legítimos ou atacadistas autorizados.

Desde empresas de distribuição farmacêutica fictícias, os fármacos eram enviados para farmácias em todo os Estados Unidos, onde eram comprados por pacientes desavisados.

Em alguns casos, os compridos nos frascos não correspondiam ao tratamento indicado.

Foram encontrados frascos com vitaminas, medicamentos variados e até mesmo pequenas pedras, o que expôs os consumidores a sérios riscos à saúde.

Dos casos, uma mesma rede

O primeiro caso judicial foi apresentado em 2019, ano em que foi desmantelada uma conspiração envolvendo 20 acusados.

Destes, todos, exceto um, foram condenados à prisão, com penas que variam entre 30 meses e 14 anos.

Arencibia foi identificado como um dos que obtinha grandes volumes de medicamentos no mercado negro, que depois entregava a Rivera García.

Este último fundou uma empresa chamada LDD Distributors, que recebia os produtos de Arencibia para enviá-los a um atacadista controlado por outro acusado. Ambos foram condenados neste caso a 57 meses de prisão.

O segundo processo judicial ocorreu em 2025, quando as autoridades descobriram que ambos os acusados haviam retomado a atividade delitiva, operando uma nova distribuidora atacadista de medicamentos.

Através desta empresa, continuaram vendendo produtos desviados para farmácias americanas, desta vez com uma estrutura mais sofisticada de documentação falsificada.

Por este segundo caso, foram sentenciados a 43 meses de prisão, embora o tribunal tenha determinado que ambas as condenações serão cumpridas simultaneamente.

“Os acusados introduziram medicamentos contaminados e reembalados em farmácias de todo o país, cientes do perigo. Nosso Escritório continuará colaborando com a FDA, o OIG do HHS e o FBI para proteger os pacientes e responsabilizar aqueles que transformam o sistema de saúde em um mercado criminoso”, enfatizou Reding Quiñones.

Investigação federal e processo judicial

O caso de 2019 foi investigado pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA-OCI) e pelo FBI, enquanto o de 2025 ficou sob a responsabilidade do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS-OIG).

As causas foram processadas pelos procuradores federais adjuntos Frank Tamen e Nicole Grosnoff, junto com a advogada Jacqueline Zee DerOvanesian, do Departamento de Justiça.

O juiz federal Darrin P. Gayles foi o responsável por proferir a sentença. Embora as penas combinadas totalizem 100 meses, o cumprimento simultâneo implica que Arencibia e Rivera García passarão menos de cinco anos na prisão.

Trajetória: do judô ao entretenimento… e ao crime

A história de Boris Arencibia nem sempre esteve ligada ao crime. Nascido em 7 de setembro de 1973 em Pinar del Río, Cuba, foi um destacado judoca, coroado sete vezes campeão nacional.

Em 1993, durante os Jogos Centro-Americanos e do Caribe em San Juan, Porto Rico, desertou da delegação cubana, iniciando assim uma nova vida nos Estados Unidos.

No ano seguinte, já sob a bandeira americana, ganhou o campeonato nacional na categoria de 60 kg. Apesar de seus sucessos esportivos, Arencibia abandonou o judô pouco depois para se concentrar em empreendimentos na área do entretenimento.

Fundou empresas, organizou eventos e se consolidou como promotor cultural.

Foi o principal organizador do Santa María Music Fest, um festival de música na cayería norte de Cuba que promoveu o turismo em instalações do conglomerado militar Gaviota, vinculado ao regime cubano. Seu nome começou a ser associado a círculos de poder e interesses oficiais de Havana.

Escândalos fora do negócio farmacêutico

A figura de Arencibia também tem sido polêmica fora do âmbito empresarial. Ele esteve envolvido em dois incidentes violentos em bares de Miami.

Em um deles, foi acusado de agredir o influencer Ultrack e sua então esposa, Amanda Sanz, em um episódio amplamente divulgado nas redes sociais.

Essas situações, somadas à sua ligação com uma rede de medicamentos adulterados, deterioraram ainda mais sua imagem pública, especialmente entre a comunidade cubana no exílio.

Boris Arencibia, que uma vez foi símbolo do talento esportivo cubano e depois se reinventou como promotor cultural, enfrenta agora a consequência de seus delitos com uma sentença que o afastará durante vários anos dos negócios e da vida pública.

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