Dezenas de cubanos denunciam que seus veículos importados estão retidos há meses em portos como Mariel e em instalações da Transimport, sem explicação oficial e expostos à deterioração causada pelo salitre, pela chuva e pelo sol.
Os testemunhos recolhidos por CiberCuba descrevem um padrão de corrupção, abandono e impunidade que afeta centenas de famílias dentro e fora da ilha.
“Muitos carros estão expostos ao tempo há meses; quando os donos forem buscá-los, estarão enferrujados”, afirma um dos afetados, que está esperando há mais de três meses.
Outros concordam que “os trabalhadores do porto retêm intencionalmente os carriages até que alguém pague por fora; só assim os liberam”.
A maioria dos comentários afirma ter recebido solicitações de entre 500 e 2.000 dólares para “agilizar” a entrega.

“Se você não pagar, não há carro. Tudo funciona assim. Você tem que enviar dinheiro extra para que eles coloquem você na frente”, explica outro cubano que tem seu veículo retido desde agosto.
As consequências do atraso são devastadoras. Ao retirar os veículos, eles os encontram "sem bateria, sem pneus, com peças trocadas, faltando ou danificadas".
Outros denunciam roubos de combustível e vandalismo nas áreas portuárias. “Estive no porto e vi todos os carros. É criminoso vê-los lá sem poder entregá-los”, conta uma testemunha.
Junto à corrupção, somam-se o deterioramento e a falta de transparência. “Para cobrar o envio são rápidos; para entregar, é um problema”, lamenta uma afetada.
Em quase todos os casos, os proprietários afirmam que as autoridades não atendem às ligações nem fornecem explicações, e que as instituições se culpam mutuamente.
O temor a confiscos cresce. “O governo vai ficar com muitos desses carros e entregá-los a dirigentes”, teme outro denunciante.
Enquanto isso, dezenas de carros continuam parados, enferrujados e esquecidos nos portos cubanos, transformados em símbolo de um sistema burocrático e corrupto que devora as esperanças daqueles que sonharam em recuperar seu investimento.
Arquivado em: