Cubano preso em limbo migratório finalmente recebe destino de deportação



Josué Rodríguez, cubano deportado após 30 anos nos EUA, enfrenta um futuro incerto sem família nem recursos, enquanto lida com a doença terminal de seu irmão na Flórida.

Josué Rodríguez PérezFoto © Collage/Escritório do Xerife do Condado de Natrona e Vídeo/Cubanos por el Mundo

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A história de Josué Rodríguez Pérez, um cubano com mais de três décadas nos Estados Unidos e supostos vínculos com o projeto Puentes de Amor, deu uma reviravolta há alguns meses. Após passar um tempo detido pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE), ele foi deportado para o México, um país onde não tem vínculos, nem família, nem um futuro claro.

Hoje vive em Cancún, junto a outros cubanos deportados, tentando se adaptar enquanto carrega o medo mais profundo: não poder se despedir de seu irmão, doente de câncer terminal na Flórida, informou Wyofile, cuja história foi reproduzida pelo veículo  Oilcity.news.

Rodríguez havia reconstruído sua vida nos EUA após uma fase marcada por perdas, dependências e uma condenação por fraude que lhe custou a residência.

Após cumprir sua sentença em 2012, estudou, trabalhou, investiu em um caminhão próprio, pagou impostos e formou uma nova família. Durante oito anos manteve um visto de trabalho válido e uma vida estável na Flórida.

Tudo se quebrou em julho passado, quando ele foi a uma consulta de rotina para renovar seu visto de trabalho. O ICE o prendeu sem aviso prévio e começou uma odisséia de transferências entre centros de detenção na Flórida, Texas, Colorado e Wyoming.

Passou 40 dias na prisão do condado de Natrona, onde, segundo ele, viveu um isolamento extremo que o levou a considerar uma greve de fome. Nunca viu um juiz, nunca recebeu clareza sobre seu futuro e acabou assinando um acordo de deportação por medo de passar mais meses atrás das grades.

Em setembro, o levaram para um ônibus com destino a El Paso e, escoltado por agentes, foi entregue ao México. Chegou sem passaporte, sem identificação e apenas com um documento que lhe permitia ficar dez dias no país.

Desde então, tenta sobreviver em uma cidade estranha, enfrentando preços abusivos, fraudes e a incerteza permanente sobre seu status migratório. Seu caminhão, o único patrimônio que possuía nos Estados Unidos, foi penhorado pelo banco.

Sua esposa conseguiu visitá-lo apenas por alguns dias; voltar a viver no México não é uma opção realista para ela. Suas filhas ficaram na Flórida.

Mas o golpe mais duro é a saúde de seu irmão, que sofre de um câncer agressivo que se espalhou rapidamente. “Todos os dias me sinto triste, me custa pensar”, confessou Rodríguez. “Tenho medo de nunca mais vê-lo vivo.”

Enquanto se adapta à incerteza em Cancún, encontra conforto na solidariedade de outros cubanos na mesma situação. Cozinham juntos, se apoiam, se cuidam. Mas isso não apaga o sentimento de desarraigo.

“Trabalhávamos, pagávamos impostos, ajudávamos. Estávamos bem”, recorda. A esperança, diz, é que um próximo presidente reverta essas políticas e lhe permita um dia voltar a abraçar os seus.

Nas redes sociais, seu caso também foi exposto pelo influencer Alexander Otaola, que afirmou que Rodríguez era seguidor do projeto Puentes de Amor e simpatizante de Carlos Lazo, e celebrou publicamente sua detenção.

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