Uma jovem cubana identificada em TikTok como @soy_jesspilar provocou uma onda de reações nas redes sociais após publicar um vídeo em que afirma se sentir “abençoada” e “feliz” por sua vida em Cuba, uma mensagem que muitos usuários consideraram desconectada da dura realidade que a maioria dos habitantes da ilha enfrenta.
No vídeo, Jess Pilar se apresenta como "uma cubana abençoada e feliz por ser quem sou", afirmando que se sente "milionária" por ter tempo para seu filho, saúde, um teto e comida quente à mesa.
“Feliz, mesmo que também haja apagões, sem gritar miserabilidades ou desgraças… é que o mundo inteiro as tem!”, disse a mulher, defendendo uma visão otimista diante da crise que o país enfrenta.
A criadora assegurou que seu bem-estar se baseia em “trabalhar e ter um negócio”, e chamou a atenção para se concentrar em “alcançar metas” em vez de “invejar o do lado”. Segundo ela, “assim deveríamos pensar todos para sair dos buracos e não continuar na miséria”.
Mas sua mensagem, longe de despertar empatia, acendeu a polêmica nos comentários. Dezenas de cubanos questionaram a veracidade de seu relato e a possibilidade de viver uma vida “abençoada” em meio à escassez, aos apagões e aos baixos salários que marcam o dia a dia na ilha.
"A pergunta é: quem te sustenta?", ironizou uma usuária, enquanto outros apontaram que seu discurso soava a privilégio.
“Está tudo bem até ele dizer que todo mundo tem desgraças, não, querida, o que acontece em Cuba não é normal”, comentou uma internauta, em uma das mensagens com mais reações.
“Vive em Cuba à custa de outro que vive fora”, escreveu outra usuária, insinuando que seu estilo de vida não seria sustentável apenas com rendimentos locais.
Alguns comentários até misturaram sarcasmo e crítica social. “Com qual político de esquerda você se casou?”, perguntou uma usuária entre risadas. Outros, mais reflexivos, lamentaram a falta de empatia: “Você deve ter mais empatia com aqueles que não têm, porque a maioria em Cuba não vive assim”.
Apesar das críticas, também houve vozes que defenderam sua postura. “A felicidade vem de dentro e não é dada por nenhuma posição social ou material”, opinou um usuário, lembrando que a resiliência emocional tem sido, por anos, uma estratégia de sobrevivência para muitos cubanos.
O vídeo de Jess Pilar abriu um debate sobre os limites do otimismo em tempos de crise e as diferentes maneiras como os cubanos enfrentam a escassez, a incerteza e o cansaço acumulado de uma vida marcada pela precariedade.
Enquanto alguns veem em sua mensagem uma demonstração de conformismo, outros a interpretam como uma tentativa de resistir com ânimo e gratidão. Mas o consenso nos comentários parece claro: na Cuba atual, declarar-se "abençoada" é quase um ato de provocação.
Perguntas frequentes sobre a vida em Cuba segundo depoimentos nas redes sociais
Como é a vida cotidiana em Cuba segundo os testemunhos nas redes sociais?
A vida cotidiana em Cuba é marcada por escassez de produtos básicos, apagões frequentes e dificuldades econômicas. Testemunhos nas redes sociais mostram como os cubanos enfrentam essas condições com resiliência, embora também expressem frustração e desesperança diante da falta de mudanças e melhorias significativas.
O que os cubanos pensam sobre a felicidade e o otimismo em meio às crises?
Existem opiniões divididas sobre o otimismo em Cuba. Alguns cubanos defendem uma atitude positiva e agradecida apesar das dificuldades, enquanto outros criticam essa postura por considerá-la desconectada da realidade. A maioria concorda que a vida na ilha implica um exercício constante de resistência e adaptação.
As condições de vida em Cuba dependem de ajuda do exterior?
Sim, muitas famílias em Cuba dependem de remessas e ajudas enviadas do exterior para suprir suas necessidades básicas. Essa dependência econômica é uma realidade para muitos cubanos, que enfrentam um sistema econômico precário que não lhes permite viver dignamente apenas com os rendimentos locais.
Por que alguns emigrados decidem retornar a Cuba?
As razões para retornar a Cuba são diversas. Alguns voltam por motivos familiares ou econômicos, outros buscam evitar o alto custo de vida no exterior. No entanto, muitos enfrentam a realidade de um país com serviços básicos colapsados, o que gera um debate sobre as verdadeiras possibilidades de viver dignamente na ilha.
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