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As operações de imigração impulsionadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão atingindo cidadãos americanos, na sua maioria latinos, que foram detidos e até mesmo retidos sob suspeita de estar no país de forma irregular.
Assim documentou um extenso relatório do The New York Times publicado nesta segunda-feira, após revisar processos judiciais e depoimentos, e descobrir que pelo menos 15 cidadãos foram presos ou interrogados por agentes de imigração desde janeiro.
Em vários casos, os detidos afirmaram imediatamente sua condição de cidadãos americanos, mas foram ignorados pelos agentes e levados a centros de detenção, onde alguns passaram horas ou até dias sem acesso a um advogado ou a chamadas telefônicas.
Um dos casos mais notórios foi o de Kenny Laynez-Ambrosio, de 18 anos, nascido em West Palm Beach, Florida, que foi preso durante uma abordagem policial em maio. Embora repetisse “Sou daqui!”, os agentes o mantiveram detido por seis horas.
Em California, Jason Brian Gavidia, de 29 anos, também cidadão, foi detido violentamente em seu negócio de carros clássicos em Montebello. Outro, Julio Noriega, de Chicago, passou 10 horas sob custódia depois que agentes do ICE o algemaram enquanto ele entregava seu currículo.
O Departamento de Segurança Nacional (DHS) defendeu seus procedimentos como “altamente seletivos”, embora não exista um registro federal que documente as prisões de cidadãos.
No entanto, as denúncias chegaram aos tribunais: a União Americana de Liberdades Civis (ACLU) processou o governo, argumentando que essas detenções violam a Quarta Emenda por se dirigirem de forma desproporcional contra latinos.
Embora um juiz federal em Los Angeles tenha ordenado a interrupção da prática, a Suprema Corte suspendeu a medida, permitindo que os agentes continuem com essas ações, destacou o jornal nova-iorquino.
Os testemunhos recolhidos mostram um padrão de operações mais agressivas, nas quais os oficiais exigem provas imediatas de cidadania nas ruas, nos locais de trabalho e até mesmo nas escolas. Alguns cidadãos começaram a carregar passaportes em seu dia a dia por medo de serem detidos.
O Cato Institute, um centro de estudos libertário, destacou que um em cada cinco arrests do ICE envolve residentes latinos sem antecedentes criminais ou ordens de deportação.
Para muitos, as experiências deixaram sequelas psicológicas. “Já não consigo trabalhar tranquilo, estou sempre nervoso”, declarou Leonardo García Venegas, detido duas vezes no Alabama apesar de ter apresentado identificação válida.
Durante sua campanha, Trump prometeu a maior operação de deportação da história, inspirada na chamada “Operação Espalda Mojada” dos anos cinquenta. Agora, com a autorização da Corte Suprema, seus agentes têm um espaço ainda mais amplo para deter qualquer pessoa sob suspeita.
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