Anciano cubano vende desenhos em Havana para poder se alimentar

Um idoso graduado de San Alejandro sobrevive em Havana vendendo desenhos na rua, refletindo o abandono e a miséria que enfrentam milhares de profissionais cubanos na velhice.

Ancião desenha na rua para conseguir sobreviver em HavanaFoto © Collage Facebook / Mypime Habana

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A crise em Cuba continua a deixar imagens desoladoras de abandono: um idoso, graduado da prestigiada Escola San Alejandro, sobrevive hoje em Havana vendendo desenhos na rua para poder comer.

O testemunho foi compartilhado nesta terça-feira no grupo de Facebook Mipyme HABANA, onde um internauta relatou que encontrou o homem em uma parada próxima ao Hospital Maternidade Obrera, em Marianao.

Captura Facebook / Mipyme HABANA

“Ele me pediu 10 pesos... e embora eu também não tivesse muito, lhe dei 50. Mas o que me abalou não foi a sua necessidade, e sim o que ele fazia em silêncio: desenhava”, escreveu.

O testemunha relatou que o idoso segurava um pedaço de papelão velho com uma folha em branco, e com um pulso trêmulo traçava linhas firmes que davam forma à silhueta da Catedral de La Havana.

Facebook / Mypime Havana

A cena o comoveu ainda mais ao saber que o homem havia estudado na Escola de Pintura San Alejandro nos anos 80.

Com formação acadêmica e um talento indiscutível, este cubano agora depende de vender suas obras para se sustentar.

“Em qualquer outro país, ele estaria desfrutando de sua velhice com dignidade, cercado de respeito, talvez ensinando sua arte. Mas aqui estava, esquecido, com o olhar cansado e a esperança quebrada", lamentou o internauta.

Facebook / Mypime Habana

O texto evidenciou a dura realidade que vivem milhares de cubanos: médicos, professores, engenheiros e profissionais que dedicaram suas vidas ao país e hoje se encontram reduzidos à miséria.

"A culpa não é deles, é de um sistema que lhes roubou até o direito de envelhecer com dignidade", sentenciou o autor da publicação.

As imagens divulgadas mostram o idoso sentado no chão enquanto desenha a Catedral de La Habana, símbolo de um talento que resiste apesar da fome e do cansaço, uma cena que resume a condenação silenciosa daqueles que envelhecem sem amparo na ilha.

A realidade de milhares de idosos em Cuba é cada vez mais dramática, com profissionais altamente qualificados reduzidos à indigência.

Facebook / Mypime Habana

Um ex-aluno encontrou seu professor de química abandonado em um terreno vazio, sem família nem recursos, sobrevivendo graças ao que recebe de desconhecidos.

O homem, que dedicou décadas ao ensino, agora passa seus dias sozinho em condições precárias, sem o menor respaldo institucional.

O abandono estatal se agrava quando se observa que, após um aumento oficial das pensões, milhares de aposentados mal recebem o equivalente a 10 dólares mensais.

Este valor não cobre sequer uma dieta básica, o que leva muitos idosos a buscar renda nas ruas ou a depender da caridade dos outros.

Um relatório recente revelou que 89% da população cubana vive em extrema pobreza.

O panorama é desolador: idosos que antes foram médicos, mestres, artistas ou engenheiros, sobrevivem mendigando ou vendendo objetos na rua. O valor do trabalho e os anos de serviço ao país foram ignorados por um sistema que os deixou sem opções nem futuro.

Incluso o próprio regime teve que reconhecer que pelo menos 310 000 pessoas vivem em condições de vulnerabilidade social.

No entanto, o número poderia ser muito maior se incluíssemos aqueles que sobrevivem com rendimentos mínimos e sem acesso regular a alimentação, medicamentos ou habitação digna. A velhice em Cuba se tornou uma sentença de precariedade.

Perguntas frequentes sobre a situação dos idosos em Cuba

Por que um idoso cubano tem que vender desenhos para poder comer?

Um idoso cubano, graduado da Escola de Pintura San Alejandro, é obrigado a vender desenhos nas ruas de Havana para conseguir se alimentar devido à crise econômica em Cuba. O sistema econômico e político na ilha deixou muitos aposentados sem os recursos necessários para viver dignamente, obrigando-os a buscar rendimentos adicionais de qualquer maneira possível. A situação é ainda mais crítica devido à inflação, à escassez de alimentos e ao apoio governamental insuficiente.

Qual é a situação geral dos idosos em Cuba?

A situação dos idosos em Cuba é alarmante, já que muitos vivem em condições de pobreza extrema. As pensões mínimas, que giram em torno de 1.500 pesos cubanos, são insuficientes para cobrir as necessidades básicas. Além disso, a falta de recursos, a escassez de alimentos e medicamentos e o deterioro do sistema de saúde público agravam a situação. Muitos idosos dependem da caridade de vizinhos ou de remessas do exterior.

Que papel desempenha o governo cubano na crise dos idosos?

O governo cubano implementou aumentos nas pensões, mas essas medidas são insuficientes para enfrentar a crise. A falta de um sistema de seguridade social adequado e a incapacidade do governo para fornecer serviços básicos e alimentos necessários deixaram muitos idosos em uma situação de abandono. O regime é criticado por não oferecer soluções efetivas para melhorar as condições de vida dos aposentados.

Como a inflação afeta os idosos cubanos?

A inflação em Cuba tornou os produtos de primeira necessidade mais caros, fazendo com que o custo de vida se torne insustentável para muitos idosos que dependem de pensões mínimas. O aumento dos preços de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais deixou os aposentados em uma situação crítica, onde suas rendas não cobrem nem mesmo as necessidades básicas. Isso obriga muitos a buscar maneiras alternativas de subsistir, como vender artigos nas ruas.

O que os cubanos podem fazer para ajudar os idosos nesta situação?

A solidariedade entre cidadãos é crucial para aliviar a situação dos idosos em Cuba. Muitos cubanos estão organizando coletas, oferecendo ajuda direta, ou compartilhando alimentos e produtos de primeira necessidade com os idosos mais necessitados. Além disso, as iniciativas de projetos humanitários e as remessas enviadas do exterior são fundamentais para fornecer o apoio que o governo não oferece.

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