Em meio ao caos cotidiano que assola Cuba, desde a escassez de alimentos e medicamentos até os apagões intermináveis e o crescente descontentamento social, um pastor da Igreja Evangélica Pentecostal de Puerto Padre, em Las Tunas, lançou um clamor que reflete o sentir de milhões de cubanos: "Já não aguentamos mais essa vida".
O líder religioso convocou uma jornada de mil horas de oração para pedir a intervenção de Deus diante do que descreveu como uma situação insustentável.
O chamado, divulgado em um vídeo publicado na página de Facebook da congregação, partiu da Igreja do Bom Samaritano e do Presbiterato de Puerto Padre, que já estão há vários dias nessa iniciativa espiritual.
O pastor não se limitou à sua comunidade local. Ele pediu que a mensagem se espalhasse por todo o país e que "cada igreja, cada concílio e cada pastor de Cuba" se unissem a essa corrente de fé para clamar juntos por uma mudança profunda.
"A vida do nosso povo está se tornando cada dia mais complexa, cada dia mais difícil, e sentimos que não conseguimos mais viver assim. Estamos pedindo a Deus que faça uma intervenção sobrenatural sobre Cuba que traga a resposta radical a todas as nossas necessidades e problemas", detalhou.
A exortação também incluiu um chamado à unidade e à ação espiritual, deixando claro que não basta o silêncio ou a indiferença: "Evitemos a passividade. Que cada cristão se humilhe na presença de Deus, que se converta de seus maus caminhos e que ore de maneira perseverante".
A mensagem final foi direta e urgente: "Vamos orar por Cuba agora!".
A fé como refúgio em meio à crise
Este clamor não surge no vazio. Chega em um momento em que os cubanos enfrentam apagões de mais de 20 horas diárias, longas filas para comprar alimentos básicos, farmácias sem remédios e um êxodo massivo de jovens e famílias inteiras que já não veem futuro dentro da Ilha.
O governo, em vez de oferecer soluções reais, optou pelo silêncio, pela repressão e pelo controle do discurso público, enquanto cada vez mais setores - incluindo líderes religiosos - levantam a voz para expressar um descontentamento que é generalizado.
A frase do pastor sintetiza a desesperação popular: "Não aguentamos mais."
A Igreja diante da falta de respostas oficiais
Diante da ausência de políticas efetivas para frear o deterioro da vida cotidiana, muitos cubanos encontram na fé um espaço de esperança e resistência.
A convocação da Igreja Evangélica Pentecostal é também um reflexo de como a sociedade civil tenta se organizar, mesmo que seja em uma perspectiva espiritual, diante do colapso do sistema e da incapacidade do regime de garantir direitos básicos como alimento, luz, transporte ou atendimento médico.
O pedido de oração, longe de ser um gesto isolado, se torna um lembrete de que a crise cubana não se mede apenas em números econômicos, mas no sofrimento humano e na sensação de afogamento que atravessa o povo.
Enquanto isso, o governo insiste em culpar fatores externos, mas evita reconhecer sua responsabilidade direta na miséria que obriga os cidadãos a se refugiarem na única força que parece lhes restar: a fé.
Perguntas frequentes sobre a situação crítica em Cuba e o apelo da Igreja
Por que a Igreja cristã em Cuba pede oração pelo país?
A Igreja cristã em Cuba pede oração devido à situação insustentável que enfrenta o povo cubano, caracterizada pela escassez de alimentos e medicamentos, apagões contínuos e um crescente descontentamento social. A convocação busca uma intervenção divina para aliviar essas dificuldades.
Qual é a situação atual dos apagões em Cuba?
A situação dos apagões em Cuba é crítica, com cortes elétricos que em algumas áreas superam as 24 horas diárias. Esses apagões levaram a população ao limite do esgotamento físico e emocional, e desencadearam uma onda de indignação popular devido à falta de soluções por parte do governo.
Como a crise energética está afetando a vida diária dos cubanos?
A crise energética em Cuba afeta gravemente a vida diária dos cidadãos, que enfrentam longas horas sem eletricidade, o que interfere no descanso, nos estudos e no trabalho. A falta de luz também dificulta a conservação dos alimentos e a realização de tarefas básicas em casa.
Qual tem sido a resposta do governo cubano diante dessas crises?
O governo cubano optou pelo silêncio, pela repressão e pelo controle do discurso público, evitando oferecer soluções reais para as múltiplas crises que o país enfrenta. Enquanto isso, o povo continua sofrendo as consequências da falta de políticas efetivas e de uma gestão ineficiente.
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