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Um ponto de venda estatal no município de Jobabo, em Las Tunas, começou a vender maços de lenha a 135 pesos cubanos como alternativa para a cocção de alimentos devido ao apagão geral que deixou toda Cuba sem serviço elétrico.
As imagens foram compartilhadas pelo jornalista Yaidel Miguel Rodríguez Castro, da Radio Cabaniguán, e mostram os troncos expostos em um palanque, atrás de uma grade, junto a um cartaz com a lista oficial de preços.
Da "Revolução Energética" aos fogões a lenha
A "Revolução Energética" impulsionada por Fidel Castro ficou para trás há anos em Cuba. No último quinquênio, a involução foi acelerada, e há cubanos que normalizam a crise.
Algo é algo (como costumamos dizer), escreveu Rodríguez em sua publicação no Facebook junto ao cartaz que promove a lenha para o povo.
A venda é liderada por uma unidade de “Processamento e Comercialização de carne de gado menor e derivados de leite de cabra”, mas esses produtos mencionados não estavam acessíveis ao povo.
A venda de lenha gerou uma forte rejeição nas redes sociais, pois evidencia o nível de precariedade que se alcançou para sobreviver em Cuba.
Carvão a mil pesos e gasolina racionada em Jobabo
Rodríguez também informou que as autoridades locais indicaram comercializar o carvão a 25 pesos por quilograma, mas cidadãos relataram que em áreas como La 40, o saco chegou a ser vendido por mil pesos, um valor que reflete descontrole e especulação em plena crise.
“O problema não é apenas o colapso elétrico, mas a incapacidade das estruturas locais de fazer cumprir as próprias orientações”, denunciou o jornalista.
Também alertou sobre a distribuição racionada de gasolina no território: “Aviso urgente aos portadores de geradores elétricos em Jobabo: Começará a venda às 11h30 de cinco litros de combustível a 100 clientes, de acordo com a ordem de registro na plataforma TICKET.”
Indignação pelo retrocesso: “Estamos indo como os índios”
As reações nas redes sociais não tardaram a aparecer. A imagem da lenha à venda foi interpretada como um símbolo do retrocesso que o país enfrenta.
“Japão está indo em direção à tecnologia 6G e aqui nos vendem paus para cozinhar,” comentou um usuário. Outro ironizou: “Já que estão nisso, poderiam também nos vender o arco e a flecha.”
“Nunca pensei que chegaríamos a isso. Em vez de avançar estamos retrocedendo”, expressou outra cidadã, em uma das mensagens mais compartilhadas.
Uma crise energética sem solução após cinco anos
Cuba vive há cinco anos sob um regime de apagões contínuos. O último colapso do Sistema Elétrico Nacional (SEN), ocorrido em 10 de setembro, deixou todo o país sem eletricidade devido à saída inesperada da Central Termoelétrica (CTE) Antonio Guiteras, em Matanzas.
Se trata do segundo apagão geral de 2025 e o reflexo de um sistema deteriorado. O primeiro-ministro, Manuel Marrero Cruz, pediu nesta quarta-feira “confiança” à população.
“Estou plenamente convencido de que se trabalhará intensamente para dar uma resposta rápida. Já foram dadas as orientações. (...) Um grande abraço e confiança, que estamos fazendo tudo o que é possível e o impossível para restabelecer o serviço o quanto antes”, disse.
No entanto, milhões de cubanos continuam sem luz e sem água potável em suas casas. A situação é insustentável e as declarações de Marrero soam como promessas desgastadas.
Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba e o uso de lenha
Por que se vendem feixes de lenha em Las Tunas?
A venda de feixes de lenha em Las Tunas é uma resposta aos apagões gerais que afetam Cuba, forçando a busca por alternativas para cozinhar diante da falta de eletricidade e gás. Isso reflete a precariedade do abastecimento energético no país.
Qual é o impacto do uso de lenha para cozinhar em Cuba?
O uso de lenha para cozinhar agrava o desmatamento em Cuba e gera um impacto ambiental negativo. A derrubada descontrolada de árvores e o uso de produtos florestais como combustível são práticas comuns devido à crise energética. Isso não apenas afeta o meio ambiente, mas também coloca em risco a saúde das pessoas pela inalação de fumos tóxicos.
Quais alternativas o governo cubano possui para resolver a crise energética?
O governo cubano tem sido criticado por não modernizar a infraestrutura elétrica nem diversificar sua matriz energética com fontes renováveis como a solar ou a eólica. Embora soluções como o desenvolvimento de infraestruturas de biogás tenham sido propostas, até agora não foram implementadas medidas efetivas para resolver a crise energética a longo prazo.
Como a exportação de carvão afeta a população cubana?
A exportação de carvão vegetal tem causado descontentamento entre os cubanos, uma vez que o produto é escasso e caro no mercado nacional. Embora o governo priorize as exportações para obter divisas, a população local sofre com a falta de acesso a esse recurso, agravando a crise energética.
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