Uma jovem cubana na Espanha levantou a voz nas redes sociais diante dos ataques que recebeu por compartilhar aspectos de sua vida como migrante e destacar as diferenças culturais entre os dois países. Em um vídeo publicado no TikTok, a usuária @legmy_ expôs seu desgosto diante de comentários recorrentes como “se você não gosta, vai para o seu país” ou “vocês não tinham nem comida”.
“Já estou cansada de ouvir todos esses comentários em todos os meus vídeos”, disse a cubana no início do clipe. “Quando alguém te diz ‘se você não gosta, vá embora’, essa pessoa não está defendendo um costume, está usando sua origem para invalidar sua opinião. E isso, isso já não é um debate cultural, isso é xenofobia”, concluiu.
A jovem explicou que seu conteúdo nas redes se limita a mostrar sua realidade cotidiana, sem intenções de menosprezar ou idealizar qualquer país. “Não digo que uma coisa é melhor ou pior, simplesmente são diferentes”, esclareceu, ao mesmo tempo em que lembrou que “Cuba tem uma ditadura, muita escassez de recursos... e todos sabemos a situação atual”.
Também defendeu seu direito de se expressar como migrante: “Para alguns, ser estrangeira significa não poder opinar, nem mesmo em questões cotidianas”.
No texto que acompanhou a publicação, @legmy_ deixou claro que aqueles que a acusam de “continuar votando no comunismo” na Europa estão profundamente equivocados. “Ninguém que já sofreu com o comunismo vota a favor do comunismo. Viemos dessa sujeira, fugimos disso… Vocês acreditam que queremos o mesmo para o lugar onde vivemos agora?”, escreveu na descrição do vídeo. A publicação, acompanhada de etiquetas como #CubanosPorElMundo e #ChoqueCultural, provocou reações diversas.
Os comentários vão desde o apoio e a empatia até expressões abertamente discriminatórias. “Racismo é o que você tem”, respondeu um usuário a outro que desqualificou os cubanos por “virem da selva”. Outros, no entanto, defenderam a jovem: “Não deixe que te silenciem aqueles que não sabem viver nem suportam os outros vivendo. Fale mais a cada dia. Os bons te apoiamos”, escreveu outro.
“Os cubanos temos uma grande capacidade de adaptação incrível... seu conteúdo é respeitoso e é a sua opinião, e isso é livre”, comentou outra seguidora.
Este não é o primeiro testemunho viral da jovem cubana. Dias antes, em outro vídeo ela relatou a doença da avó em Cuba e a impossibilidade de viajar para acompanhá-la. “Sinto na alma o que vou dizer, mas ser cubano é uma desgraça que te persegue aonde quer que vás”, declarou na ocasião.
Ambas publicações têm se conectado com dezenas de migrantes que reconhecem em suas palavras uma realidade comum: a separação familiar, a dificuldade de se integrar e o peso emocional de viver longe da ilha.
A experiência dos cubanos no exterior é tão variada quanto seus protagonistas. Em maio, o cubano Franklyn (@franklyn_botanica) compartilhou de Madrid um testemunho muito diferente. Ele afirmou que na Espanha sempre foi tratado com gentileza, e que "pelo menos na minha experiência foi incrível". Seu vídeo também gerou um debate sobre o tratamento aos imigrantes e a importância da atitude pessoal no processo de integração.
Em México, outras migrantes cubanas viveram situações semelhantes. A jovem Maryfra (@maryfra.21) respondeu desde Quintana Roo àqueles que insistem para que ela retorne à ilha: “Eu amo o México e sou mais do que feliz aqui, então para trás, minha vida, nem para pegar impulso”. Seu vídeo foi amplamente apoiado por mexicanos que defenderam seu direito de permanecer.
De igual forma, a cubana Gleydis García (@gleydis_garcia23) denunciou os comentários ofensivos que recebeu após compartilhar um vídeo sobre comidas mexicanas. “Nós não fazemos mal a ninguém aqui para que me digam isso”, disse. Em seu depoimento, explicou a desesperadora situação que muitas famílias vivem em Cuba, e pediu respeito e empatia para com aqueles que se veem obrigados a migrar.
Casos como esses evidenciam o quão complexo pode ser para muitos cubanos compartilhar suas experiências cotidianas fora do país, em meio a opiniões diversas sobre sua presença e integração em outras sociedades.
Perguntas frequentes sobre as experiências de cubanos migrantes na Espanha
Por que a cubana na Espanha considera que os comentários que recebe são xenofobia?
A jovem cubana identifica os comentários como xenofobia porque utilizam sua origem para invalidar sua opinião, em vez de participar de um debate cultural. Ela explica que frases como "se você não gosta, volte para o seu país" não defendem um costume, mas buscam desqualificá-la por ser migrante.
Qual é a mensagem principal de @legmy_ sobre os cubanos que vivenciaram o comunismo?
@legmy_ enfatiza que ninguém que sofreu sob o comunismo vota nele. Esclarece que aqueles que viveram sob o regime comunista em Cuba buscam evitar que as mesmas condições se repitam em seus novos países de residência, como Espanha.
Como o testemunho da cubana na Espanha impactou a comunidade migrante?
O testemunho da cubana ressoou profundamente entre outros migrantes, especialmente aqueles que enfrentam desafios semelhantes de integração e separação familiar. Seu relato conecta-se com a realidade de muitos que tiveram que deixar seus entes queridos e enfrentam dificuldades para se adaptar a novas culturas.
Quais são as principais dificuldades que os cubanos enfrentam ao emigrar para a Espanha, segundo os testemunhos coletados?
Os cubanos na Espanha enfrentam desafios como a separação familiar, a integração na sociedade e o choque cultural. Além disso, muitos precisam lidar com o peso emocional de estar longe de Cuba e, em algumas ocasiões, com atitudes xenófobas que tentam silenciar suas opiniões e experiências.
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