O joalheiro Wilian Díaz gerou polêmica ao afirmar em um vídeo em suas redes sociais que os cubanos residentes em Cuba devem se submeter às leis vigentes na ilha para evitar assim serem presos.
Díaz, que é muito ativo nas redes sociais, fez tal afirmação enquanto questionava o paralisação que o influenciador Alexander Otaola pediu, que defende que os cubanos que vivem nos EUA não enviem nada para a ilha, por considerar que isso alimenta a ditadura.
“Otaola, meu amigo, está pedindo uma pausa… que você não mande nada para a sua família, que você não mande um recarregamento para não falar com eles, que você não mande comida, que não mande nada para que eles se sintam sufocados e saiam para a rua a brigar contra o governo, quando a Bíblia diz que devemos nos submeter às leis”, afirmou o joalheiro em um vídeo publicado no TikTok.
“Você vive aqui e tem que se submeter às leis daqui, você não pode ir contra as leis. Se você vive em Cuba, tem que se submeter às leis de Cuba”, acrescentou.
A seguir, Willian recordou a experiência do 11J, que em sua opinião foi um fracasso e apenas trouxe sofrimento a centenas de mães.
“Para que saiam para a rua, para que aconteça como aconteceu no dia 11 de julho, que te batam, que te coloquem na prisão, que ainda há mães sofrendo porque os filhos estão presos. Isso é o que Otaola está pedindo”, apontou, e acrescentou que, em seu caso, prefere pedir assinaturas por outras causas, como a legalização dos cubanos com I220-A.
“Wilian está perguntando quantas assinaturas recolhemos, se legalizamos os I220-A que entraram com permissão neste país e agora estão passando por muitas dificuldades para se legalizarem”, acrescentou.
No segmento final do seu vídeo, Wilian Díaz disse que “a você não interessa quem é o vendedor do frango”, e que o que deve importar é que “sua mãe e sua família comprem o frango”.
No apartado comentário de sua publicação em TikTok, Díaz recebeu apoio de muitos seguidores que se mostraram de acordo com sua recomendação de priorizar a família, acima de qualquer outra consideração política.
Muito diferente foi a consideração na conta do Instagram de Cubanos por el mundo, que repercutiu a publicação com palavras duras para o empresário cubano.
Cubanos pelo Mundo desmonta a ideia de que a lei, pelo simples fato de existir, é justa ou deve ser respeitada.
Seu argumento se constrói a partir de uma tese clara: a legalidade não garante moralidade e, em regimes autoritários, costuma ser o veículo da opressão.
"Dizer que ‘é preciso respeitar as leis em Cuba’ é repetir o mesmo discurso das ditaduras que têm usado a legalidade como uma máscara para justificar a barbárie."
Esta afirmação é o eixo central da resposta. O meio acusa o joalheiro de reproduzir acrítica uma narrativa utilizada por ditaduras de diversas épocas para revestir seus atos repressivos com uma aparência de ordem.
Aqui não se questiona a existência de leis em si, mas sim sua natureza e propósito.
A crítica se intensifica ao equiparar o marco jurídico cubano com os sistemas legais de momentos sombrios da história humana, como a escravidão, a Alemanha nazista ou o Apartheid sul-africano
“Hoje em Cuba, as leis são feitas para perseguir opositores, encarcerar inocentes, torturar dissidentes e deportar aqueles que pensam diferente”, apontou Cubanos por el Mundo.
"A verdadeira justiça não é medida pelo que diz um código escrito por um ditador, mas pelo respeito à dignidade humana e à liberdade", concluiu o texto que, de alguma forma, serviu de resposta à parte mais polêmica da reflexão de Wilian Díaz.
No espaço para comentários, dezenas de internautas atacaram o joalheiro.
A situação escalou ainda mais depois que Eliécer Ávila repercutiu as afirmações em seu programa no YouTube, o que desencadeou um enfrentamento gravado com Wilian Díaz.
O joalheiro respondeu sucessivamente ao Ávila, a Otaola e até mesmo a outras pessoas que ameaçaram boicotar o seu negócio.
Em diversos vídeos nos últimos dias, Wilian tem insistido em promover o apoio à família em Cuba, mas não retomou a parte mais espinhosa de seu vídeo inicial.
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