Informam sobre o estado de saúde do jornalista atacado em Santiago de Cuba

O comunicador foi vítima de um violento assalto na madrugada de domingo.

O jornalista Enrique Fumero (Imagem de referência)Foto © Redes sociais

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O jornalista Enrique Pérez Fumero, funcionário da emissora oficial CMKC e professor universitário em Santiago de Cuba, continua internado em estado grave após ter sido vítima de uma violenta agressão durante um assalto ocorrido na madrugada de domingo no centro histórico dessa cidade oriental.

Na noite desta segunda-feira, Víctor Hugo Leyva Sojo, presidente provincial da União de Jornalistas de Cuba (UPEC) em Santiago de Cuba, indicou que o comunicador se encontra "clinicamente estável dentro da gravidade".

"Estimados amigos, acabo de retornar do Hospital Provincial 'Saturnino Lora'. Entrevisei-me com o Dr. C. Ricardo Hodelin Tablada, Chefe do Serviço de Neurocirurgia, e com as doutoras da Terapia Intermediária para me informar sobre o estado de nosso amigo e colega Enrique Pérez Fumero. Neste momento, ele está clinicamente estável dentro da gravidade", explicou Leyva Sojo.

A fonte oficial destacou que o ferido "conta com melhores condições para seu atendimento nessa unidade", e que "permanece sob observação rigorosa".

Acrescentou que "para uma maior efetividade do tratamento e acompanhamento, não há visitas naquela sala", e que qualquer mudança na evolução do paciente será informada.

Fonte: Captura do Facebook/Víctor Hugo Leyva Sojo

Reação institucional tardia

A reação oficial ocorreu após Yosmany Mayeta Labrada, jornalista de Santiago, mas radicado em Washington, denunciar o incidente e o prolongado silêncio dos meios de comunicação oficiais, que durante mais de 24 horas evitaram noticiar o que aconteceu.

Foi Mayeta quem divulgou inicialmente a agressão e quem tem mantido atualizações sobre o caso, incluindo um par de publicações feitas na manhã desta terça-feira, que se distanciam da oferecida pelo presidente da UPEC em Santiago, e que evidenciam novamente o colapso do sistema de saúde pública cubano.

“Enrique Fumero está sendo transferido com urgência para a província de Las Tunas, porque em Santiago de Cuba - a segunda maior cidade do país - NÃO HÁ SOMATOM NEM TAC FUNCIONANDO. Assim é claro”, escreveu Mayeta.

“E o que isso significa? Que se você não faz barulho nas redes, não vale nada. Enrique não é o único doente grave em Santiago, mas é um dos poucos que teve a sorte de se tornar viral, porque se não fosse pela pressão pública, continuaria deitado em uma cama, esperando por um equipamento que não existe”, acrescentou.

Mayeta denunciou, além disso, que a falta de equipamentos médicos indispensáveis para realizar um diagnóstico adequado coloca em risco milhares de cubanos que, como Enrique, dependem de um sistema deteriorado e sem capacidade de resposta.

“Como se atrevem a falar de 'potência médica' quando nem conseguem fazer um diagnóstico a tempo? Milhares de cubanos morrem sem saber o que os matou. Não pela doença, mas pelo abandono,” questionou o comunicador, que também pediu uma “Cadeia de Indignação” e de denúncia pública diante do drama vivido por Pérez Fumero.

Em outra publicação, Mayeta Labrada qualificou de "cínica" a cobertura oficial sobre o caso.

"Enrique não está vivo graças ao sistema. Ele está vivo apesar do sistema. E vocês, em vez de jornalismo, fazem relações públicas a serviço do poder, limpando a imagem do desastre sanitário em Santiago de Cuba", apontou.

“Onde estavam quando Enrique era transferido de hospital em hospital sem que fizessem um exame elemental porque NÃO HÁ SOMATON NEM TAC EM SANTIAGO? Onde estavam quando familiares suplicavam por ajuda e vocês olhavam para o outro lado, como sempre fazem com os casos que não são aprovados pelo Comitê do Partido?”, questionou Mayeta, que qualificou as fontes oficialistas de “hipócritas”.

"Vocês não reportam, vocês maquiariam tragédias. Não investigam, vocês obedecem. Não denunciam, vocês aplaudem enquanto as pessoas morrem sem atenção.", subrayó.

Yosmany Mayeta afirmou que Enrique Pérez Fumero não está sendo atendido graças à CMKC, nem ao MINSAP, nem ao regime, mas que agora está recebendo uma melhor atenção "porque milhares de cubanos levantaram a voz, porque o caso incendiou as redes, e porque vocês não puderam escondê-lo".

Um ataque brutal no coração de Santiago

De acordo com os detalhes publicados anteriormente por Mayeta Labrada, o ataque ocorreu na interseção das ruas Barnada e San Mateo, no coração histórico de Santiago de Cuba e a poucas quadras do emblemático Quartel Moncada.

Pérez Fumero foi brutalmente agredido até perder a consciência e permanece internado com fratura na base do crânio e múltiplas fraturas faciais.

“Apenas respira, apenas pode falar, mas ainda está viva”, escreveu Mayeta, que também compartilhou que, além do roubo de seus pertences - um par de tênis Converse, um celular e uma carteira - os familiares não descartam que a violência do ataque tenha tido um componente homofóbico.

O silêncio institucional inicial foi um dos aspectos mais criticados por Mayeta e outros colegas santiaguenses, que expressaram sua indignação diante da falta de pronunciamento dos meios estatais e dos organismos culturais, apesar dos anos de serviço do jornalista ferido dentro do sistema oficial.

CMKC cala. A imprensa oficial cala. O poder cala”, sentenciou Mayeta em uma mensagem onde exigiu justiça e uma investigação transparente sobre o que aconteceu.

“Hoje foi Enrique... amanhã pode ser qualquer um. A violência não pode continuar reinando nas ruas como se fosse parte da paisagem. Precisamos dar um basta. E esse basta tem que ser agora”, advertiu o comunicador.

Enquanto algumas figuras do meio jornalístico e amigos pessoais do comunicador têm mostrado publicamente sua preocupação e desejos de recuperação, o caso continua gerando uma onda de reações nas redes sociais, onde usuários expressaram seu apoio sob etiquetas como #ForçaEnrique.

Perguntas frequentes sobre o ataque ao jornalista Enrique Pérez Fumero em Santiago de Cuba

Qual é o estado atual de saúde do jornalista Enrique Pérez Fumero?

Enrique Pérez Fumero encontra-se clinicamente estável dentro da gravidade, após ter sido vítima de uma violenta agressão em Santiago de Cuba. Embora tenha mostrado sinais de recuperação, seu estado continua sendo crítico e os médicos avaliam a possibilidade de uma intervenção cirúrgica devido a uma lesão cerebral.

Por que se tem criticado a reação oficial ao ataque ao jornalista cubano?

A crítica principal em relação à reação oficial centra-se no silêncio prolongado dos meios de comunicação oficiais cubanos, que demoraram mais de 24 horas para relatar o incidente. Foi o jornalista Yosmany Mayeta Labrada quem inicialmente denunciou o ataque e destacou o colapso do sistema de saúde pública cubano, evidenciando a falta de equipamentos médicos essenciais em Santiago de Cuba.

Quais denúncias foram feitas sobre o sistema de saúde em Santiago de Cuba?

O jornalista Yosmany Mayeta Labrada denunciou que, devido à falta de equipamentos médicos como o TAC em Santiago de Cuba, os pacientes graves são transferidos para outras províncias para receber atendimento adequado. Essa situação coloca em risco milhares de cubanos que dependem de um sistema de saúde deteriorado e sem capacidade de resposta.

Quais são as implicações do ataque ao jornalista Enrique Pérez Fumero?

O ataque ao jornalista Enrique Pérez Fumero reacendeu o debate sobre a segurança pública em Santiago de Cuba. Além disso, gerou uma onda de indignação nas redes sociais, onde se clama por justiça e uma investigação transparente sobre o ocorrido. A violência do ataque e o silêncio institucional inicial foram fortemente criticados.

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