O caso pelo assassinato do reguetonero cubano José Manuel Carbajal Zaldívar, conhecido como El Taiger, sofreu uma reviravolta dramática após a divulgação de uma versão mais extensa do interrogatório policial a Damian Valdez-Galloso, único acusado até agora pelo crime.
Nas três horas de gravação apresentadas pelas autoridades - e divulgadas aos poucos pela imprensa nos últimos dias - o acusado não apenas nega ter cometido o assassinato, mas também lançou graves acusações contra a polícia de Miami, sugerindo que um agente estaria envolvido nos fatos.
Damian chegou a afirmar, inclusive, que as autoridades manipularam o vídeo da câmera de segurança de uma casa vizinha à sua em Hialeah, imagens que se tornaram uma prova fundamental contra ele.
“Esse vídeo foi manipulado”: Valdez-Galloso questiona as provas
Durante o interrogatório realizado em Nova Iorque, depois de ser capturado e 19 dias depois do assassinato ocorrido na madrugada de 3 de outubro de 2024, Valdez-Galloso se mostrou desafiador diante das provas apresentadas pelos detetives.
Ao ser confrontado com o vídeo que, segundo a polícia, mostra o momento do crime, o acusado respondeu com veemência: “Esse vídeo foi manipulado”.
Em várias ocasiões, insistiu que a gravação não refletia a verdade: “Não pode ser, eu estou dizendo a verdade”, chegou a dizer ao detetive.
Quando o agente o confrontou com a afirmação de que a versão explicada por ele "não existe, isso não aconteceu”, Valdez-Galloso reiterou sua negativa: “Vocês sabem que eu não o matei.”
Acusações de cumplicidade policial
Um dos momentos mais tensos do interrogatório foi quando Valdez-Galloso afirmou que El Taiger chegou à sua casa acompanhado por um homem que, segundo ele, era um agente da polícia.
“ no dia do assassinato, El Taiger chegou à minha casa com um homem que eu acho que era policial… e esse agora não aparece na gravação.”
Esta omissão, de acordo com seu testemunho, foi determinante para que abandonasse Miami após o ocorrido: “Sabia que alguém da polícia estava envolvido nisso”.
O acusado também afirmou que pediu aos Marshalls federais que o prenderam em Nova York para que não o entregassem à polícia de Miami: “Eu sabia que isso ia acontecer”, disse aludindo a uma suposta manipulação do caso contra ele.
A sua versão dos fatos
Valdez-Galloso afirma que não cometeu o assassinato e conta uma história diferente da apresentada pelos investigadores.
Asegura que El Taiger pediu 20.000 dólares emprestados naquela noite, apesar de já lhe dever 18.000: “Eu disse a ele, ‘José, se você me deve 18. De onde vou arranjar 20.000 pesos eu? Você está louco ou quê?’”.
Segundo seu testemunho, por volta das cinco da manhã do dia 3 de outubro, alguém bateu fortemente na sua porta: “Bam bam bam bam. Eu olho e é o José… e aí vejo que vem a gente”.
Descreveu um dos acompanhantes como “um homem branco, corpulento, com tatuagens, que falava espanhol”, embora não tenha fornecido nomes ou detalhes que permitam identificar os outros supostos envolvidos.
Valdez-Galloso afirmou que, após uma breve conversa, os homens que acompanhavam El Taiger disseram ao artista que ele tinha até a meia-noite para lhes pagar o dinheiro.
Pouco depois, ele disse ter encontrado o reguetonero sangrando em frente à sua casa. Explicou que decidiu ligar e deixá-lo perto do hospital porque tinha a intuição de que ele se recuperaria e explicaria o que aconteceu, algo que não acabou acontecendo devido à morte de El Taiger.
A versão oficial do que ocorreu
As autoridades sustentam uma narrativa radicalmente diferente.
De acordo com a declaração juramentada de prisão, El Taiger foi à casa de Valdez-Galloso em Hialeah, onde este abriu a porta e disparou diretamente em sua cabeça.
O reguetonero foi encontrado inconsciente na parte de trás de um SUV perto da interseção da NW 9ª Avenida com a rua 17, e morreu sete dias depois, em 10 de outubro, devido à gravidade da ferida.
Repercussões legais
Damián Valdez-Galloso foi formalmente acusado de assassinato em primeiro grau, manipulação de evidência física e posse ilegal de uma arma de fogo. Está previsto que o julgamento comece em setembro.
A gravidade das acusações aumentou quando, em 27 de novembro de 2024, o Ministério Público de Miami decidiu elevar a acusação de homicídio em segundo grau para primeiro, sugerindo que consideram o crime como premeditado.
Valdez-Galloso afirmou ter agido em legítima defesa e se declarou inocente. Ele foi ordenado a permanecer detido sem direito a fiança desde o início de novembro.
Sua advogada, Marissa Altman Glatzer, tem evitado fazer declarações públicas sobre o caso.
Perguntas frequentes sobre o assassinato de El Taiger e as acusações contra Damián Valdez-Galloso
Quais são as principais acusações contra Damián Valdez-Galloso?
Damián Valdez-Galloso foi acusado de assassinato em primeiro grau, manipulação de evidência física e posse ilegal de uma arma de fogo em relação ao assassinato de El Taiger. O Ministério Público de Miami decidiu elevar a acusação de assassinato para primeiro grau, sugerindo premeditação no crime. Valdez-Galloso negou sua culpa, alegando que agiu em legítima defesa e que houve manipulação de provas.
Que provas foram apresentadas no caso do assassinato de El Taiger?
As autoridades apresentaram um vídeo de vigilância que supostamente mostra Valdez-Galloso disparando contra El Taiger e arrastando seu corpo para um veículo. Além disso, foi divulgada a chamada para o 911 feita por Valdez-Galloso após deixar o corpo do artista próximo a um hospital. A defesa de Valdez-Galloso alega que o vídeo foi manipulado e que outras pessoas, incluindo um suposto policial, estiveram envolvidas.
Por que a Promotoria não busca a pena de morte para Damián Valdez-Galloso?
A Promotoria de Miami Dade decidiu não solicitar a pena de morte para Damián Valdez-Galloso, apesar das acusações de assassinato em primeiro grau. A decisão gerou debate, já que muitos seguidores de El Taiger esperavam que se buscasse a pena capital como punição. Caso seja declarado culpado, Valdez-Galloso poderá enfrentar prisão perpétua.
O que Damián Valdez-Galloso diz sobre sua implicação no assassinato de El Taiger?
Valdez-Galloso nega ter assassinado El Taiger e sustenta que o artista chegou à sua casa acompanhado de outros indivíduos, um dos quais supostamente era um policial. Afirma que não disparou contra o reguetonero e que as provas apresentadas contra ele foram manipuladas. Sua defesa argumenta que agiu em legítima defesa e que não é o autor material do crime.
Quando será realizado o julgamento contra Damián Valdez-Galloso?
O julgamento de Damián Valdez-Galloso está agendado para começar no dia 15 de setembro. O processo tem sido marcado por adiamentos devido a alegações da defesa sobre inconsistências no dossiê. O caso tem atraído grande atenção pública, especialmente entre a comunidade latina e os seguidores de El Taiger.
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