Cuba receberá em setembro mais de 400 agentes de viagens em uma tentativa de reanimar seu setor turístico afetado

O evento contrasta com a queda de 30% no número de visitantes, afetada por problemas internos e concorrência regional.

Hotel Nacional de CubaFoto © Facebook/EmbaCuba Azerbaijão

Mais de 400 agentes de viagens da Espanha e Portugal chegarão a Cuba entre os dias 12 e 19 de setembro como parte de uma ambiciosa operação turística liderada pela companhia Ávoris Corporación Empresarial, em parceria com a estatal Grupo de Turismo Gaviota e a rede Meliá.

A ação, inserida na VII Bolsa Turística Destinos Gaviota, tem como objetivo aproximar os vendedores europeus do produto Cuba e reanimar o interesse na ilha como destino, informou o site especializado HostelTur.

O viagem faz parte de uma campanha promocional que inclui voos charter diretos operados pela Iberojet a partir de Madri e Lisboa, além de hospedagem nos luxuosos resorts Paradisus Los Cayos e Meliá Trinidad Península.

O programa também oferecerá navegação em catamarã, caminhadas em Topes de Collantes e visitas à cidade colonial de Trinidad, numa tentativa de proporcionar uma experiência sensorial atraente para aqueles que depois devem vendê-la em seus países.

O otimismo do evento contrasta com uma realidade alarmante. A Cuba perdeu quase 30% de seus visitantes internacionais durante os primeiros meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

A cifra oficial publicada pelo Escritório Nacional de Estatística e Informação (ONEI) revelou que apenas 571.772 turistas chegaram à ilha entre janeiro e março, e muitos deles saíram decepcionados.

Canadá, Rússia e Espanha, principais emissores de turismo para Cuba, registraram quedas de até 50%. Nem mesmo os cubanos no exterior viajaram para a ilha como antes, apenas 59.896 o fizeram no primeiro trimestre, muito abaixo dos mais de 75.000 do ano anterior. Inclusive, muitos trasladaram os reencontros com seus familiares para destinos como a República Dominicana.

Os motivos são múltiplos, mas conhecidos por todos, que vão desde apagões, escassez de alimentos, deterioração da infraestrutura hoteleira e um atendimento ao cliente deficiente, agravado pela falta de insumos básicos. Os turistas se queixam, as redes recolhem suas reclamações, e os hotéis que outrora foram emblemas do Caribe hoje sobrevivem com o mínimo.

“Vender Cuba tiene premio”: a que custo?

A convocação faz parte de um concurso de vendas lançado pela Travelplan no início do ano sob o lema "Vender Cuba tem prêmio". Mas, além do marketing, a questão que paira é se este tipo de ação é suficiente para reanimar um setor à beira do colapso estrutural.

O ministro de Turismo cubano, Juan Carlos García Granda, anunciou reformas para permitir o uso de divisas e cartões estrangeiros, além de alugar instalações para operadores estrangeiros.

No entanto, os analistas alertam que enquanto persistirem as restrições econômicas, a falta de transparência e o baixo investimento em infraestrutura básica, Cuba não será competitiva em relação a destinos como a República Dominicana ou o México, que oferecem uma experiência turística mais estável e moderna.

Desde os Estados Unidos, os sinais também não são encorajadores. O Departamento de Estado advertiu recentemente que fazer negócios em Cuba é um "risco elevado" devido à corrupção estrutural do regime e seu modelo econômico opaco.

Embora para muitos essa operação represente uma oportunidade de dar visibilidade ao destino Cuba, também pode ser vista como outra tentativa desesperada de maquiar uma indústria quebrada, onde as investimentos em hotéis são priorizados em relação a setores essenciais como a saúde e a educação.

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