Câmara dos Representantes aprova o "Grande e belo projeto de Lei" de Trump: Veja como ficou a votação

Apesar das divisões internas no Partido Republicano, a pressão contundente exercida pelo próprio presidente, incluindo chamadas telefônicas de última hora, foi decisiva.

Donald Trump (Imagem de referência)Foto © X/ @RapidResponse47

Em um dos dias legislativos mais intensos dos últimos anos, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira, com uma diferença mínima, o "Grande e belo projeto de lei", o plano fiscal e orçamentário promovido pelo presidente Donald Trump.

A votação, que terminou com 218 votos a favor e 214 contra, reflete a profunda divisão política que atravessa o Congresso e o país, e se soma à votação apertada alcançada também na terça-feira no Senado.

Este projeto, uma pedra angular da agenda econômica de Trump, estende os cortes de impostos de sua primeira administração (2017-2021) e impõe severas reduções em programas sociais como o Medicaid, elimina incentivos a energias limpas e aumenta significativamente o orçamento destinado à segurança nas fronteiras e à defesa.

Apesar das divisões internas no Partido Republicano, a forte pressão exercida pelo próprio presidente, incluindo telefonemas de última hora, foi decisiva.

Trump, que se propôs assinar a lei antes do 4 de julho, Dia da Independência, poderá ratificá-la a tempo de torná-la um símbolo de sua segunda administração.

Primeiras reações

Entre as primeiras reações está a do ex-presidente Joe Biden.

"O projeto de lei orçamentária republicano não é apenas imprudente, mas também cruel. Ele corta drasticamente o Medicaid e priva milhões de norte-americanos de atendimento médico", escreveu o ex-presidente no X.

"Fecha hospitais rurais e reduz a assistência alimentar para veteranos e idosos. Aumenta as contas de energia e pode provocar cortes profundos no Medicare, ao mesmo tempo que aumenta o déficit em 4 trilhões de dólares. Tudo isso para conceder uma enorme isenção fiscal aos bilionários. Os trabalhadores merecem algo melhor", acrescentou.

Muito diferente é o ponto de vista da congressista cubano-americana, María Elvira Salazar, que o classificou como "¡Vitória histórica!".

"A Câmara acaba de aprovar o Grande e Belo Projeto de Lei. Esta é uma vitória para cada norte-americano que trabalha, se esforça e acredita no Sonho Americano. Alívio fiscal para as famílias trabalhadoras. Gorjetas e horas extras: protegidas! Mais dinheiro no seu bolso. Mais empregos, mais crescimento, mais liberdade. Hoje vencemos. E isso é apenas o começo!", indicou no X.

Muito entusiasta também a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, que avisou que "o projeto de lei 'One Big, Beautiful' do presidente Trump atende à agenda sensata pela qual quase 80 milhões de americanos votaram".

Leavitt fez alusão à "maior redução de impostos para a classe média da história, segurança de fronteira permanente, financiamento militar maciço e o restabelecimento da sanidade fiscal".

"As políticas pró-crescimento desta legislação histórica impulsionarão um auge econômico sem precedentes. O presidente Trump aguarda ansiosamente a promulgação do projeto de lei 'One Big, Beautiful' para inaugurar oficialmente a Era de Ouro dos Estados Unidos", acrescentou.

O preço do sucesso republicano

A maioria republicana na Câmara (220-212) mal podia se dar ao luxo de perder mais de três votos. No entanto, o projeto enfrentava resistências internas.

Legisladores republicanos expressaram seu descontentamento com o aumento projetado do déficit fiscal - estimado em 3,3 trilhões de dólares em uma década - e com os cortes sociais introduzidos na versão do Senado.

Após intensas negociações durante a madrugada, conseguiu-se o apoio necessário sem alterar substancialmente o texto de quase 900 páginas.

Em troca, Trump prometeu recorrer a ordens executivas para beneficiar distritos específicos representados por legisladores relutantes.

O presidente da Câmara, Mike Johnson, expressou total confiança antes da votação.

"Estamos prontos para cumprir nossa promessa ao povo americano", disse, convencido de que os votos estavam garantidos.

Jeffries, a voz da resistência democrática

Em um ato sem precedentes, o líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, ocupou o púlpito por 8 horas e 44 minutos, estabelecendo um recorde histórico na Câmara dos Representantes.

Seu objetivo! atrasar a aprovação do projeto e dar visibilidade aos milhões de cidadãos afetados pelas medidas.

Jeffries denunciou o caráter retrógrado do projeto.

"Senhor presidente, o senhor está tirando a atenção médica de milhões de americanos. Está tirando a comida de crianças, veteranos e idosos... E para que tudo isso? Para dar enormes isenções fiscais aos bilionários de todo o país. Nós somos melhores do que isso", disse.

Durante sua maratônica intervenção, que evocou discursos históricos de figuras como Rosa Parks e Martin Luther King Jr., Jeffries qualificou o processo como uma “cena do crime” e acusou os republicanos de forçarem a aprovação de um plano que descreveu como “uma abominação repugnante”.

Através do chamado "minuto mágico", Jeffries aproveitou para ler depoimentos de eleitores e reiterar sua oposição a uma lei que, segundo ele, "atenta contra a saúde, a segurança e o bem-estar do povo americano".

Consequências sociais e políticas

O plano fiscal batizado por Trump como seu “Grande e belo projeto de lei”, ameaça deixar 12 milhões de pessoas sem cobertura médica, ao restringir o acesso ao programa Medicaid.

Além disso, introduce cortes de 1,1 trilhões de dólares em programas sociais e alimentares, afetando especialmente setores vulneráveis como crianças e aposentados.

Este megaproyecto tem sido também uma fonte de tensão entre Trump e figuras influentes como Elon Musk, o que reflete sua capacidade de dividir até mesmo seus próprios aliados.

No entanto, a vitória parlamentar reforça a imagem de um presidente que, apesar das resistências, continua moldando a política americana com mão firme.

O líder republicano Mike Johnson, em resposta ao discurso de Jeffries, ironizou.

“Demora muito mais para construir uma mentira do que para dizer a simples verdade”, minimizando assim o impacto do maratona oratória do democrata.

Um legado fiscal para o 4 de julho

A aprovação do plano marca um marco legislativo para Trump, que havia estabelecido como data simbólica o Dia da Independência para assinar sua nova grande reforma fiscal.

Com esta vitória, o presidente consolida seu domínio sobre o Congresso, reforça sua agenda de redução do Estado e envia uma mensagem clara de continuidade ideológica em relação ao seu primeiro mandato.

Agora, com a Câmara alinhada e o Senado já aprovado o texto, falta apenas a assinatura de Trump para que o projeto entre em vigor.

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