IATA: Aeroporto de Havana entre os mais congestionados da América Latina, apesar da queda do turismo

Especialistas apontam que a infraestrutura limitada e a coincidência de voos com os horários dos hotéis agravam o problema.

Aeroporto de Havana (Imagem de Referência)Foto © Facebook/Aeropuerto Internacional José Martí

Enquanto especialistas denunciam que "não há como chegar a Cuba" e os turistas perdem a confiança na ilha como destino, o aeroporto de Havana figura entre os mais congestionados da América Latina, segundo dados recentes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), publicados pelo site especializado Reportur.

Durante a conferência Wings of Change Américas (WOCA), realizada em Bogotá, o subdiretor de Membros e Relações Externas da IATA para as Américas, Alejandro Muñoz, confirmou que o Aeroporto Internacional José Martí está no nível 3 de congestão, uma classificação que o coloca no mesmo nível de terminais como os de Bogotá, Guarulhos (Brasil), Cidade do México e Lima.

Como pode um aeroporto estar colapsado sem turistas?

Muñoz explicou que, apesar da queda do turismo, o aeroporto cubano enfrenta congestionamento em horários de pico, quando a maioria dos voos coincide com os horários de entrada e saída dos hotéis.

“Todos os aviões querem chegar e sair ao mesmo tempo”, disse. Essa saturação estrutural obriga a implementar um sistema de slots para organizar decolagens e aterrissagens, uma medida que já é utilizada por outros países com infraestrutura deficiente.

Mas o contraste é evidente: enquanto as companhias aéreas lutam por espaço aéreo para operar na ilha, a demanda turística continua a despencar.

Hace apenas unas semanas, o CEO da agência PriceTravel, Rafael Durand, declarou a meios do setor que “não há como chegar a Cuba”, denunciando a falta de conectividade aérea, os apagões, a insegurança, a escassez em hotéis e os altos preços em moedas estrangeiras como os principais obstáculos que afastam os viajantes.

“Cuba tem um plano muito desafiador nos próximos anos para recuperar a confiança do viajante”, afirmou Durand. “Esqueçamos o turismo; os residentes enfrentam desafios muito mais imediatos: energia elétrica, suprimentos, água e alimentos”, acrescentou.

Em contraste, destinos como a República Dominicana, Aruba ou Curaçau ganharam espaço com números melhores e maior conectividade.

O que diz o governo cubano?

Apesar do diagnóstico dos especialistas, as autoridades cubanas asseguram que estão trabalhando para melhorar a situação. Em abril passado, o presidente da Corporación de la Aviación Cubana S.A. (CACSA), Joel Beltrán Archer Santos, anunciou a ampliação e modernização do aeroporto de Havana com a ambição de convertê-lo no hub aéreo mais competitivo do Caribe.

“O objetivo é atrair maior investimento nacional e estrangeiro”, disse Archer Santos. No entanto, o momento atual apresenta um panorama desconcertante: poucas opções para voar para a ilha, mas colapso operacional em seu principal terminal aéreo.

Uma paradoxo que reflete o estagnamento da infraestrutura cubana diante de uma realidade turística cada vez mais adversa.

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