"Nem pensem em trabalhar para o Governo": A dura advertência de uma cubana na ilha

"Ninguém, nem mesmo os médicos em Cuba, ganha um salário digno para que possam ter uma vida decente."

Cubana reflete sobre a precariedade do emprego estatalFoto © TikTok / @sheyreyes032

Uma jovem cubana residente em Matanzas denunciou em um vídeo publicado no TikTok as condições de trabalho no setor estatal, em particular os baixos salários e as pensões. Em sua intervenção, lamenta que o salário mínimo não cobre nem uma semana de alimentação e critica o sistema de aposentadoria na ilha.

No vídeo, mencionou que o salário mínimo —entre 2.500 e 3.000 pesos— não cobre nem uma semana de comida, e que a aposentadoria, após décadas de emprego no setor público, mal atinge os 1.500 pesos. Sua conclusão é clara: as opções reais estão no setor privado, onde as mipymes, cafeterias e negócios particulares oferecem —quando podem— melhores rendimentos e menos desgaste.

O vídeo provocou uma onda de comentários: desde comparações com a Venezuela até perguntas sobre como os particulares conseguem pagar melhores salários. Também houve reações que aludiram ao medo de represálias por falar com tanta clareza. Mas o fundo não mudou: a mensagem não surpreendeu ninguém.

A precariedade da renda estatal foi amplamente documentada. Em março, um jovem cubano mostrou o que se pode comprar com o salário mínimo em Cuba: um pote de molho de tomate, um pouco de tempero, sal, duas pizzas e pouco mais. “Tive que colocar um pouquinho a mais para as pizzas porque não dava”, dizia ao final de seu percurso pelos quiosques do bairro.

Em junho, a engenheira Yulieta Hernández publicou um cálculo exato do que rende uma hora de trabalho em Cuba: não é suficiente nem para comprar um ovo. A análise refletia que, enquanto o salário médio é de 5.200 CUP, os preços continuam a subir, e o poder de compra se reduz a gramas de arroz ou mililitros de óleo por cada hora trabalhada.

A inflação faz o resto. Em Cienfuegos, um quilo de feijão supera os 350 pesos, o óleo chega a 1.250 CUP e o frango cortado beira os 3.600 CUP por pacote. O salário mínimo mensal, nesse contexto, é simbólico.

Sheyla fala como muitos outros o fizeram: de forma direta e sem rodeios. Sua voz se junta a uma longa lista de cubanos que têm colocado em evidência, pelas redes sociais, a deterioração do modelo salarial estatal. Em Cuba, cada vez mais pessoas optam pelo setor privado ou por depender do exterior. O Estado, enquanto isso, continua sem oferecer respostas ou dignidade em troca de uma vida de trabalho.

Perguntas Frequentes sobre a Crise Econômica e do Trabalho em Cuba

Qual é o salário mínimo em Cuba e o que se pode comprar com ele?

O salário mínimo em Cuba está entre 2.500 e 3.000 pesos cubanos, o que equivale a cerca de 6 ou 7 dólares na troca informal. Com esse salário, mal se consegue adquirir produtos básicos como um litro de purê de tomate, alguns temperos, sal e duas pizzas, e mesmo assim, é insuficiente para cobrir todas as necessidades alimentares do mês.

Como a inflação afeta a compra de alimentos em Cuba?

A inflação em Cuba disparou os preços dos alimentos, fazendo com que produtos essenciais como uma libra de feijão custe mais de 350 pesos e um litro de óleo atinja 1.250 CUP. Isso significa que o poder aquisitivo dos cubanos foi drasticamente reduzido, e muitas famílias não conseguem acessar uma dieta básica com sua renda atual.

Por que a população cubana está se voltando para o setor privado?

Diante da precariedade dos rendimentos no setor estatal, muitos cubanos optam por trabalhar no setor privado, onde as mipymes e negócios particulares oferecem melhores rendimentos e menos desgaste laboral. O setor privado é visto como uma alternativa mais viável para melhorar a qualidade de vida, apesar do medo de represálias governamentais por denunciar as condições econômicas do país.

Qual é a situação dos aposentados em Cuba?

Os aposentados em Cuba enfrentam uma situação crítica, uma vez que a pensão mínima mal atinge 1.528 pesos cubanos, equivalentes a cerca de 5 dólares mensais. Este valor não cobre nem mesmo os produtos mais básicos para a subsistência, obrigando muitos idosos a depender de ajuda externa ou a buscar alternativas desesperadas para sobreviver.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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