O euro alcançou nesta terça-feira um novo recorde histórico no mercado informal de câmbio em Cuba, evidenciando a deterioração do peso cubano e o agravamento de uma crise estrutural que o governo de Miguel Díaz-Canel não consegue resolver.
A moeda europeia já está cotada a 418 pesos cubanos (CUP) por unidade, três a mais do que no dia anterior, marcando o valor mais alto registrado desde que elTOQUE começou a monitorar a taxa de câmbio informal na ilha.
O dado marca um marco que, além de seu valor simbólico, reflete o deterioração progressiva do peso cubano em relação às principais moedas estrangeiras, em um contexto de paralisação econômica, escassez de divisas e falta de reformas estruturais.
Em contraste, o dólar americano (USD) permanece inalterado em 380 CUP, e a Moeda Livremente Conversível (MLC) continua estagnada em 260 CUP, sem mostrar sinais de recuperação.
Evolução da taxa de câmbio
Taxa de câmbio informal em Cuba Terça-feira, 24 de Junho de 2025 - 06:00
- Tasa de câmbio do dólar (USD) para pesos cubanos CUP: 380 CUP
- Tasa de câmbio do euro (EUR) para pesos cubanos CUP: 418 CUP
- Tasa de câmbio do (MLC) para pesos cubanos CUP: 260 CUP
O que significa este novo salto?
O euro tem apresentado um aumento constante desde o início de maio.
Somente nos últimos 30 dias, seu valor subiu mais de 15 pesos, em uma resposta direta ao aumento da demanda, especialmente por parte de cubanos que precisam de euros para trâmites migratórios, compras do exterior ou viagens a destinos europeus.
Mas este movimento não é apenas sazonal. Uma análise do comportamento do euro nos últimos três meses evidencia um crescimento sustentado.

Se revisarmos a evolução desde 2021 —a partir do gráfico histórico elaborado por CiberCuba—, a curva mostra claramente como o euro passou de menos de 50 CUP em 2021 para mais de 400 em 2025, multiplicando seu valor mais de 13 vezes em apenas quatro anos.
O novo recorde de 418 CUP supera amplamente o pico anterior do final de maio de 2024, quando o euro chegou a perto de 405 CUP antes de uma leve correção temporária.
O Governo, imóvel
Este marco do mercado informal ocorre em um cenário onde o Governo cubano continua sem implementar a prometida reforma monetária.
Apesar de ter anunciado em 2024 que se avançaria para uma taxa de câmbio flutuante para 2025, as autoridades admitiram recentemente que o plano está “em análise” e que o risco é alto.
Em datas recentes, o ministro da Economia, Joaquín Alonso, afirmou que “as ações estão definidas”, mas que não serão executadas até que existam condições para evitar uma “explosão cambial”.
Enquanto isso, o Estado mantém três taxas paralelas: 24 CUP por dólar para empresas estatais, 120 CUP na CADECA para a população, e o mercado informal, que se impõe como referência real.
Um sistema desigual
O impacto dessa disparidade é sentido por milhões de cubanos. Aqueles que não recebem remessas em divisas ou trabalham em setores estatais com salários em pesos veem seu poder aquisitivo se esvanecer.
O mercado informal, embora não oficial, se tornou o único que reflete o preço real do dinheiro na economia cubana.
O comportamento do euro no mercado informal tornou-se um reflexo da desconfiança generalizada na moeda nacional e da falta de opções oficiais para acessar divisas.
De momento, o recorde de hoje volta a acender os alarmes: o peso cubano continua perdendo terreno, e a população segue presa em um sistema cambial disfuncional e sem reformas à vista.
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