Identificam jovem baleado pela polícia em Miami-Dade: Novos detalhes geram preocupação na família

Tudo começou quando agentes da Equipe de Intervenção contra Roubos do MDSO tentaram parar um Corvette amarelo com vidros polarizados, que, segundo eles, estava circulando com “tinturas escuras ilegais”.

O jovem de 24 anos falecido nesta terça-feira pelas mãos de um policial (i) e O cadáver do jovem entre o carro que conduzia e dois dos três que o perseguiam (d)Foto © Collage Captura da Univision - Captura do Telemundo 51

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Kristofer Lázaro Laboy, de 24 anos, foi identificado como o jovem que nesta terça-feira morreu após ser baleado por um agente do Departamento do Xerife de Miami-Dade (MDSO) durante uma operação policial.

Sua família, profundamente consternada, exige justiça e questionou abertamente a versão oficial oferecida pelas autoridades.

Todo começou quando agentes da Equipe de Intervenção contra Roubos do MDSO tentaram parar um Corvette amarelo com vidros polarizados, que, segundo eles, estava circulando com “tintas escuras ilegais”.

De acordo com a versão oficial, o motorista -Kristofer Laboy- não obedeceu à ordem de parar, o que desencadeou uma perseguição por várias ruas do noroeste de Miami-Dade.

“A perseguição terminou em um beco sem saída na 85ª rua do noroeste com a 4ª Court”, reportou Telemundo 51, citando fontes policiais.

Foi lá que, segundo afirmam, Laboy saiu do veículo “com uma arma na mão”, e o agente disparou.

“Nosso oficial não teve outra opção a não ser usar sua arma de serviço”, declarou o porta-voz do MDSO, Argemis Colomé.

Uma arma foi recuperada na cena, perto do corpo de Laboy.

Uma chamada desesperada e falta de identificação policial

Uma das partes mais sensíveis do relato familiar é a ligação telefônica que Kristofer fez para seu pai durante a perseguição.

En declarações a Univision, seu pai relatou que recebeu uma ligação angustiante: “Ele me chamou ‘em pânico’: ‘pai, preciso de ajuda, me busca, estão me perseguindo e não sei quem’... e logo em seguida a ligação caiu.”

Kristofer era perseguido por três carros de agentes encobertos: um branco, um vermelho e um preto; não eram viaturas.

A família afirma que Kristofer não sabia que estava sendo perseguido pela polícia.

“Os oficiais nunca se identificaram”, denunciou María Elena Laboy.

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Univision mostram três veículos não identificados passando por uma rua atrás do jovem, mas em nenhum momento se ouve sinalização clara ou verbalização de ordens.

“Nesse vídeo, se você ouvir bem, não vai ouvir nada. Você só ouve o carro passando rápido, já”, explicou o pai do falecido.

A família: “Isso foi uma execução”

Mas a família não apenas refuta essa versão, mas também saiu publicamente para denunciar que o relato policial está repleto de inconsistências.

Em uma emotiva conferência de imprensa realizada nesta quinta-feira - e coberta por vários meios locais - familiares de Laboy levantaram suas vozes para exigir clareza, transparência e justiça.

“Isso foi uma execução. E vamos lutar isso nos tribunais. Já estamos conversando com advogados”, afirmou indignado seu primo Rubén Lugo.

"Meu menino era educado, amoroso... o mataram sem razão. A polícia não está dizendo a verdade", disse a avó, Gloria Lazo, com a voz embargada.

“Não era nenhum valentão. Era um filho carinhoso. Irmão. Sobrinho. Queremos justiça para Kristofer”, insistiu sua tia, María Elena Laboy.

Outra de suas tias, Marisol Laboy, resumiu sua dor com palavras desgarradoras: “Estou paralisada por dentro. Não sei como processar isso. Meu coração está despedaçado. Perdi um dos meus bebês. Tenho sete, agora tenho seis. Por culpa desse covarde que tirou a própria vida.”

Quem era Kristofer Laboy?

Laboy era um jovem universitário que, segundo seus familiares, não tinha antecedentes criminais e não representava uma ameaça.

Na noite do incidente, eu simplesmente ia sair com umas amigas.

“O carro era alugado. Iba a desfrutar. A viver sua juventude”, explicou sua avó.

“Kristofer não estava cometendo nenhum crime. Não havia razão para ele morrer assim”, acrescentou Anthony Haygood, um tio político do falecido.

Exigem provas e questionam o histórico do agente

Os familiares exigiram ver as imagens da câmera corporal do agente que disparou.

“Eu gostaria de ver a câmera corporal. Vamos verificar tudo. Vamos trazê-la à tona!”, afirmou Anthony Haygood.

“Há testemunhas com as quais conversamos que viram o que aconteceu, mas têm medo de se apresentar”, acrescentou María Elena Laboy.

O agente envolvido foi identificado como Kelvin Cox, um oficial veterano com mais de 23 anos de serviço na polícia

No entanto, seu histórico gera preocupação. Segundo NBC Miami, este seria pelo menos o terceiro tiroteio fatal em que está envolvido.

Em 2010, Cox disparou contra um homem que tentava fugir de uma casa enquanto procuravam um suspeito de roubo.

Em 2011, matou Jamal Singletary, que supostamente disparou contra os oficiais após roubar um veículo.

Em ambos os casos, considerou-se o uso da força como "justificado" e não foram apresentadas acusações.

Ante isso, María Elena Laboy declarou: “Este agente não é mais do que um valentão com o dedo no gatilho atrás de um escudo. Meu sobrinho não merecia isso”.

O sindicato policial defendeu o oficial.

Steadman Stahl, presidente da Associação Benevolente da Polícia do Sul da Flórida, declarou que Laboy “saltou do veículo e se aproximou (de Cox) de maneira agressiva enquanto sacava uma arma de fogo” e “ignorou as ordens da polícia para soltar a arma e, temendo por sua vida, [o agente] disparou”.

Mas para a família, essas explicações não são suficientes.

"Estou farta de que a polícia sempre encubra as histórias. Isso tem que parar. Há muitas famílias desfeitas", denunciou Marisol Laboy.

"Isso poderia ter sido apenas uma multa."

As autoridades ainda não confirmaram se o indivíduo chegou a apontar sua arma para os oficiais.

O porta-voz do MDSO, Argemis Colomé, lamentou profundamente o desfecho.

“No final do dia, isso foi apenas uma simples abordagem de trânsito. Isso poderia ter sido apenas uma multa, e todos poderiam ter voltado para casa”, disse pouco depois do trágico acontecimento.

Em outra declaração, Colomé enfatizou: “Embora nenhum de nossos agentes tenha se ferido, isso poderia ter sido muito pior.”

A comunidade pede justiça

Em frente à modesta casa da avó de Kristofer, no noroeste de Miami, familiares, amigos e vizinhos se reuniram espontaneamente após a morte do jovem.

Levavam flores, abraços, velas e um cartaz com uma palavra que resume o sentimento comum: Justiça.

A família já iniciou contatos com advogados e se prepara para um longo processo legal. O Departamento de Cumprimento da Lei da Flórida (FDLE) está encarregado da investigação e, como de costume, o agente foi suspenso com remuneração.

“Nos tiraram Kristofer, mas não vamos ficar em silêncio”, alerta a avó do jovem falecido.

Perguntas frequentes sobre o tiroteio em Miami-Dade que envolveu Kristofer Laboy

Quem era Kristofer Laboy e por que ele foi baleado pela polícia?

Kristofer Lázaro Laboy era um jovem universitário de 24 anos que morreu após ser baleado por um agente do Departamento do Xerife de Miami-Dade durante uma operação policial. Segundo as autoridades, Laboy era o condutor de um veículo que não parou diante da ordem para parar, o que desencadeou uma perseguição que terminou em um beco sem saída. A polícia afirma que Laboy saiu do carro com uma arma na mão, o que levou o oficial a disparar. No entanto, a família questiona essa versão e exige justiça.

O que a família de Kristofer Laboy diz sobre o incidente?

A família de Kristofer Laboy afirma que os oficiais nunca se identificaram durante a perseguição e que Kristofer não sabia que estava sendo perseguido pela polícia. Afirmam que o relato policial está cheio de inconsistências e classificaram o incidente como uma execução. A família iniciou contatos com advogados para buscar justiça nos tribunais.

Quais são as dúvidas sobre a atuação do agente envolvido na troca de tiros?

O agente envolvido, Kelvin Cox, tem um histórico que gera preocupação. Ele esteve implicado em pelo menos dois tiroteios fatais anteriores, ambos considerados justificados. A família de Laboy exige ver as imagens da câmera corporal do agente para esclarecer os fatos. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Cumprimento da Lei da Flórida.

Que medidas estão sendo tomadas pelas autoridades após o tiroteio?

O Departamento de Cumprimento da Lei da Flórida (FDLE) é responsável pela investigação do tiroteio. O agente envolvido foi suspenso com remuneração, um procedimento padrão nesses casos. As autoridades estão revisando todas as evidências disponíveis, incluindo as imagens de câmeras de segurança e as declarações de testemunhas, para determinar as circunstâncias exatas do incidente.

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