Sandro Castro recomenda nove cervejas diárias: Sua receita de “boa saúde” custa 31 vezes o salário mínimo

A imagem de um herdeiro da ditadura promovendo o consumo diário de um produto caro não é apenas provocadora, mas constitui uma cruel zombaria a milhões de famílias cubanas que, entre as carências alimentares e o colapso dos serviços públicos de saúde, lutam para manter seus integrantes saudáveis

O "doutor" Sandro CastroFoto © Captura de vídeo Instagram / @sandro_castrox

Sandro Castro, neto do ditador cubano Fidel Castro, voltou a gerar polêmica nas redes sociais após publicar um vídeo em que afirmou: “Se você deseja ter boa saúde, não ultrapasse 10 cervejas. Mas também não deixe de tomar suas nove diariamente”.

No vídeo, aparece com uma túnica negra com cruzes vermelhas e um saco plástico como uma espécie de gorro, enquanto oferece o que ele chama de sua "benção sagrada de cada sexta-feira", um ritual excêntrico que, longe de provocar graça, gerou indignação.

Captura de tela da história do Instagram / @sandro_castrox

A aparente brincadeira, na verdade, exibe uma profunda desconexão com a realidade econômica de Cuba. Segundo plataformas de venda online como Micerveza.com, uma lata de 330 ml de cerveja Cristal custa aproximadamente $0,66 USD.

Seguir o “conselho” de Sandro —nove cervejas diárias— resultaria em um gasto mensal de $178.20 USD. A taxa de câmbio do mercado informal, cerca de 370 CUP por dólar, isso equivale a 65,934 pesos cubanos, mais de 31 vezes o salário mínimo mensal na ilha, que é de 2,100 pesos.

Este tipo de conteúdo não é novo no perfil do neto do ditador. No passado, ele protagonizou vários reels onde aparece bebendo Cristal, mostrando refrigeradores cheios de latas verdes e repetindo frases como “essa medicina não pode faltar”, entre outras incoerências e alusões que cosificam as mulheres e demonstram seu desprezo pelo povo simples, tão típico da elite aporofóbica do regime cubano.

Em nenhum desses materiais fica claro se se trata de publicidade paga, o que sugere uma estratégia de promoção encoberta a favor da empresa estatal Cervecería Bucanero S.A., cujos responsáveis são Eduardo Lacerda, diretor da Cerbuco Brewing Inc., e Nelson Arias Moreno, presidente da estatal Corporación Alimentaria S.A. (CORALSA).

Para muitos cubanos, a mensagem é insultante. Segundo dados do Observatório Cubano de Direitos Humanos, apenas 24% da população recebe remessas do exterior. Os 76% restantes sobrevivem com salários estatais muito abaixo do custo de vida, em meio a apagões, escassez e desabastecimento.

Cerca de 83% das pessoas que não recebem ajuda do exterior tiveram que reduzir sua alimentação diária, e 58% deixaram de tomar café da manhã completamente.

Nesse contexto, a imagem de um herdeiro do poder, promovendo o consumo diário de um produto caro, não é apenas provocadora, mas também constitui uma zombaria cruel a milhões de famílias que, entre as carências alimentares e o colapso dos serviços públicos de saúde, lutam para manter seus integrantes saudáveis.

Enquanto o povo faz filas para conseguir alimentos escassos e caros, Sandro continua com seus brindes ao sol regados com cerveja Cristal. Ele pode se dar ao luxo de derramar litros de cerveja e rir dos cubanos porque conta com a proteção da máquina repressiva do regime totalitário instaurado por seu avô.

Pero nada há mais certo e invariable do que "um dia segue a outro", e chegará aquele em que não haverá “cristach” que devolva a alegria ao “vampirach”, e o “jovem revolucionário” que zomba do povo aprenderá a lição que parece não lhe foi dada no seio da família mafiosa dos Castro.

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