Segurança do Estado chama Ulises Toirac: "Parece que não gostam do que estou dizendo."

Nos últimos dias, o ator fez declarações muito críticas em relação às novas medidas da ETECSA.

Ulises ToiracFoto © Facebook / Ulises Toirac

O humorista cubano Ulises Toirac anunciou em suas redes sociais que a Segurança do Estado o convocou para uma entrevista.

Ulises emitiu um breve vídeo no Facebook na rua enquanto se dirigia ao local.

"Estou a caminho de uma conversa, de um intercâmbio, me disseram intercâmbio. Parece que não gostam do que estou dizendo. Vamos ver", expressou.

Centenas de amigos e seguidores lhe ofereceram solidariedade.

"Oh, oh, te chamaram para contar os caras que se acham donos dos atos e da vida das pessoas", disse um habanero.

"Com certeza, lá te esperam Gustavito e o senhor juiz para assinar a sentença. Estamos com você; boa sorte, magrelo", expressou uma emigrante.

"Os trolls não gostam de pessoas inteligentes e que pensem", destacou outra.

"Como pode prosperar um país que pretende silenciar qualquer ideia, qualquer opinião e qualquer visão que fuja minimamente da linha oficial", questionou um pai de família.

O ator tem estado muito ativo nos últimos dias com pronunciamentos bastante críticos em relação às novas medidas da ETECSA.

Na quarta-feira, reagiu à greve estudantil iniciada pela Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana, e advertiu que qualquer tentativa de repressão por parte do governo teria um custo político "impagável".

Para Toirac, el acontecimiento modela un escenario "muy interesante", a la vez que una encrucijada crítica para el poder.

"Reprimir vai ter um custo político (muito alto na minha opinião, diria impagável), permitir isso, uma mostra de fraqueza política nunca antes editada", escreveu no Facebook, e sentenciou: "Há coisas que se vêem vindo se se tem cérebro, mas mais do que cérebro houve prepotência".

Dias antes, Toirac questionou a desconexão da liderança cubana com a realidade do país e denunciou a manipulação sistemática do discurso oficial.

"Um dos perigos de viver em uma bolha […] é não ter a menor ideia de por onde vão os tiros. E agir em consequência", escreveu em uma publicação que rapidamente se tornou viral.

Anteriormente, após a aparição televisiva da presidenta da ETECSA, Tania Velázquez, sobre a polêmica tarifa elevada, foi apontado que a dirigente não trouxe nenhuma novidade real sobre a situação da empresa.

"Se houver uma crise dessa magnitude, que não é culpa do consumidor e sim da própria empresa, então deveria ter começado com: 'Eu me demito'", concluiu o humorista.

Desde que foram divulgados os novos preços impostos pelo monopólio de telecomunicações do regime, Ulises rejeitou as medidas em uma publicação que mesclava ironia, denúncia e uma análise econômica sobre a debacle do setor em Cuba.

Sua mensagem começava com um tom aparentemente compreensivo: "O Governo não pode continuar subsidiando os produtos e serviços" como a conectividade ou a alimentação. "As gratuidades acabaram", reiterou.

Luego mostrou um retrato ácido da realidade: um peso cubano que "não vale nem a casca", uma população sem poder aquisitivo e um governo que não tem como imprimir mais notas. Tudo isso se resumia em duas palavras: "Mau presságio".

O novo esquema tarifário da ETECSA, à moda dos pacotes neoliberais tão criticados pelo regime cubano, é considerado abusivo e discriminatório pela imensa maioria da população cubana e classificado como "um roubo à mão armada".

A medida exige que, uma vez esgotado o escasso pacote permitido para navegar em um mês (apenas 6 GB), o cliente dependa de recargas em planos a preços muito altos em CUP e em moeda estrangeira, bem acima do alcance da maioria dos cidadãos que recebem seus salários em um peso cubano bastante desvalorizado em um contexto de galopante inflação.

Após a ampla reprovação popular, a ETECSA tentou amenizar as críticas com novas medidas anunciadas, oferecendo 12 GB por 720 CUP e acesso a sites educativos gratuitos, mas apenas para estudantes universitários.

Mas os jovens rejeitaram esse "privilégio" e exigem tratamento igual para todo o povo.

A onda de inconformidade estudantil por tais decisões levou estudantes da Faculdade de Matemática e Computação da Universidade de Havana a convocarem uma greve acadêmica indefinida.

Perguntas frequentes sobre a citação de Ulises Toirac pela Segurança do Estado e suas críticas ao governo cubano

Por que Ulises Toirac foi citado pela Segurança do Estado em Cuba?

Ulises Toirac foi convocado pela Segurança do Estado devido às suas críticas ao governo cubano, especialmente em relação às medidas da ETECSA e outros temas de atualidade política e social na ilha. Suas declarações, que combinam humor e ironia, têm sido muito críticas em relação às políticas oficiais, o que provavelmente motivou a convocação.

O que Ulises Toirac disse sobre as novas tarifas da ETECSA?

Ulises Toirac criticou severamente as novas tarifas da ETECSA, classificando-as como "um roubo à mão armada" e uma medida que aprofunda a exclusão social. Segundo o humorista, essas tarifas são abusivas e discriminatórias, afetando principalmente aqueles que não têm acesso a moeda estrangeira.

Como Ulises Toirac reagiu à greve estudantil em Cuba?

Ulises Toirac alertou que qualquer tentativa de repressão por parte do governo cubano contra a greve estudantil teria um custo político "impagável". O humorista elogiou a coragem dos estudantes e destacou que a situação representa um ponto crítico para as autoridades.

O que Ulises Toirac pensa sobre a situação econômica em Cuba?

Toirac critica a política econômica do governo cubano, destacando que "o peso cubano não vale nem a casca" e que a economia está em um estado crítico. Denuncia a falta de incentivos para trabalhar e a desconexão da liderança com a realidade do país, o que, segundo ele, perpetua a pobreza e a desigualdade social.

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