Outro drama familiar na comunidade cubana de Miami. O jovem pinareño Randy Mesa Padrón, de 30 anos, entrou nos Estados Unidos em 2022, com o formulário I-220A. Nesta terça-feira, foi detido por agentes do Serviço de Controle de Imigração e Fronteiras (ICE) ao sair da segunda Corte de asilo à qual se apresenta nos Estados Unidos.
"Estão levando todo mundo. Vi muitos jovens que estavam sendo levados. Eles não se importam com nada", disse nesta quarta-feira sua esposa, Roxana Reguero, em declarações à CiberCuba.
Na audiência de Randy Mesa no tribunal, à qual compareceu acompanhado de uma advogada, a juíza anulou seu caso de asilo e nem quis ouvir o argumento. Esta era a segunda corte que Mesa, barbeiro de profissão, frequentava, casado com sua namorada de Cuba, já residente por Ajuste Cubano. Ele tem um pedido de família em andamento e foi recluso em um centro de detenção justo quando planejava abrir seu próprio negócio em Miami.
Uma vez que a juíza fechou a sua Corte, à porta dos tribunais de Miami esperavam policiais do ICE, que o levaram detido. Neste momento, sua esposa, Roxana Reguero, conseguiu localizá-lo em Pompano Beach, no Condado de Broward.
En suas primeiras 24 horas sob custódia policial do ICE, os agentes de Imigração tentaram convencê-lo a se autodispensar para Cuba, mas ele se recusou. Consultado sobre o caso, o advogado Willy Allen explicou ao CiberCuba que nem tudo está perdido e que é possível lutar.
Allen considera que, pelo tempo que Randy Mesa está nos Estados Unidos (três anos), ele não corria risco de ser detido, pois aqueles que estão na mira são aqueles que têm menos de dois anos no país e constituem, neste momento, um alvo fácil para a deportação rápida, sempre que seus casos são encerrados e lhes retiram o direito à Corte.
"Por o tempo nos Estados Unidos não deveria ter sido detido. Agora pode lutar pela asilo e residência na detenção. Não deve desistir. Deve lutar," comentou Allen, em resposta a perguntas de CiberCuba.
Randy Mesa entrou nos Estados Unidos em fevereiro de 2022. Ele é casado com uma residente (eram namorados em Cuba antes de emigrar para os Estados Unidos) e tem um pedido feito. "Ele é barbeiro e não tem nem uma multa de trânsito. É uma pessoa modelo para viver em qualquer país do mundo, especialmente neste", explica sua irmã Dainerys Mesa, profundamente aflita.
Segundo explica, Randy Mesa foi à segunda Corte ontem com sua advogada e "todos os casos de asilo foram massivamente encerrados, dando margem para que o ICE os detivesse do lado de fora da Corte. Sem tempo para nada. Uma vez detidos, estavam sendo coagidos a assinar sua deportação, ameaçando-os de que se não o fizessem, seriam enviados para prisões em outros estados", afirmou a esta plataforma.
"Ele não assinou, mas um oficial lhe disse que ainda assim tinha uma ordem de deportação expedita e que isso estava acontecendo por mandato do presidente, que assinou um acordo para fechar massivamente as Cortes e dar liberdade ao ICE. Assim, garantirá a deportação acelerada que os processos tornam tão demorados em termos de tempo e nos números que o governo estabeleceu", insiste Dainerys Mesa.
O casal formado por Roxana Reguero e Randy Mesa, ambos de Pinar del Río, tinha planos para o futuro. Segundo ela contou entre lágrimas, não saiam para lugar nenhum e economizavam cada dólar ganho com a expectativa de abrir uma barbearia própria e comprar uma casa. Todos esses sonhos ficam, por enquanto, estacionados. "Estão nos cortando as asas. Os cubanos precisam se unir", destacou a jovem, não sem antes criticar os compatriotas que estão há anos nos Estados Unidos e se esqueceram de que eles, em algum momento, também chegaram sem dinheiro.
O formulário I-220A é uma ordem de liberdade condicional emitida por autoridades migratórias dos Estados Unidos após a detenção de um migrante, permitindo sua liberação sob supervisão. Este documento não é considerado uma admissão legal nem um "parole", o que gerou complicações para se beneficiar da Lei de Ajuste Cubano e obter a residência permanente.
O advogado Willy Allen dá como certo que a imensa maioria dos I-220A será legalizada, mas pelo caminho haverá vítimas. Entre elas, ele apontou aqueles que estão nos Estados Unidos há menos de dois anos.
A congressista republicana María Elvira Salazar pediu margem para trabalhar e criticou o ex-secretário do DHS (Departamento de Segurança Nacional, em português), Alejandro Mayorkas, que, em sua opinião, poderia ter resolvido de forma simples a situação dos I-220A e não o fez. Agora a pergunta é óbvia: se era tão fácil, por que essa solução não é proposta agora pela nova secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem?
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