Presidenta da ETECSA justifica falhas na comunicação: "Anunciá-lo antes ia gerar ansiedade"

A presidenta da ETECSA, Tania Velázquez, alegou que comunicá-lo com antecedência teria gerado sobrecarga nas plataformas e riscos operacionais, em meio a uma crise financeira agravada.


A presidenta executiva da Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA), Tania Velázquez Rodríguez, reconheceu neste sábado em televisão nacional que a empresa não informou adequadamente nem com a devida antecedência sobre as restrições impostas às recargas móveis em pesos cubanos, o que provocou uma onda de críticas nas redes sociais e um crescente descontentamento cidadão.

“Faltaram-nos ferramentas, faltaram-nos mecanismos mais eficazes para podermos abordar toda essa informação”, admitiu a diretoria durante uma audiência especial transmitida pela televisão cubana, Radio Rebelde e plataformas digitais, em referência ao novo esquema comercial que limita as recargas nacionais a 360 pesos cubanos (CUP) mensais e prioriza os pacotes em dólares.

A diretiva reconheceu que, embora já se tivesse falado anteriormente que a ETECSA implementaria novas políticas comerciais durante 2025, referindo-se a dezembro de 2024, quando o governo cubano já havia anunciado um incremento nos preços do acesso à Internet, como parte do chamado “Plano de Ordenação de Serviços de Telecomunicações”, a população não foi devidamente preparada para as mudanças que entraram em vigor em 30 de maio. “Se esse é um critério generalizado, simplesmente nos faltou comunicação”, declarou.

Agregou que, após mantenha encontros com estudantes e profissionais, uma das perguntas mais recorrentes foi justamente a falta de informação prévia que permitisse entender o que estava por vir.

No entanto, a presidente da ETECSA também justificou a decisão de não ter anunciado as restrições anteriormente, alegando razões técnicas e uma “avaliação de risco” relacionada com o possível colapso das plataformas digitais devido a uma avalanche de operações de recarga, o que teria agravado a já precária situação tecnológica da empresa. Mesmo assim, reconheceu que a população “merecia uma melhor preparação informativa”.

“O motivo pelo qual não se podia anunciar tem um respaldo técnico, tem um fundamento técnico. Não era possível dar uma medida antecipada que gerasse ansiedade, que provocasse um conjunto de ações que pudessem impactar nosso sistema. Foi feita uma avaliação de risco sobre o que poderia ocorrer se muitas pessoas realizassem determinadas operações (...). Claro, as pessoas iriam recarregar intensivamente seus saldos, e isso, por sua vez, poderia fazer com que, com a grande demanda, algumas plataformas falhassem”, explicou.

Aun assim, Velázquez reconheceu que a ETECSA deve refletir sobre sua política de comunicação e melhorar os canais informativos para evitar que decisões desse tipo sejam implementadas sem o conhecimento ou compreensão prévia do povo.

A medida, que na prática marginaliza os cubanos que não recebem remessas e favorece os pagamentos em divisas, foi qualificada por muitos como um “tarifazo”. Os novos planos em dólares oferecem 4 GB por 10 USD ou 16 GB por 35 USD, enquanto os pacotes nacionais, por exemplo, custam 3 GB a 3,360 CUP, uma cifra que ultrapassa o salário mínimo mensal.

A decisão da ETECSA gerou uma onda de indignação entre os usuários cubanos, que consideram que essas medidas acentuam a desigualdade econômica e limitam o acesso a um serviço essencial. Os cubanos expressaram sua frustração nas redes sociais, comparando a situação a uma exclusão semelhante à escassez de produtos básicos.

Além disso, a medida foi considerada por muitos como uma fraude legalizada e uma agressão direta ao povo cubano.

Perguntas Frequentes sobre o Aumento de Tarifas da ETECSA e suas Implicações em Cuba

Por que a ETECSA limitou as recargas em pesos cubanos a 360 CUP mensais?

A medida de limitar as recargas a 360 CUP mensais é parte de uma estratégia para evitar o colapso das plataformas digitais e controlar o fluxo de ingresos em divisas, de acordo com a ETECSA. A empresa justifica que uma maior quantidade de recargas poderia sobrecarregar o sistema, afetando a já precária infraestrutura tecnológica.

Qual é o impacto dessa mudança na população cubana?

A limitação de recargas em pesos cubanos e a promoção de pacotes em dólares acentuam a desigualdade econômica en Cuba. La medida excluye a quienes no reciben remesas ni tienen acceso a divisas, obligándolos a optar por paquetes en dólares que son inaccesibles para la mayoría, dado que los salarios en CUP no cubren estos costos.

Como justifica a ETECSA o enfoque nos planos de dados em dólares?

ETECSA argumenta que os planos em dólares têm como objetivo captar receitas de um mercado externo que deseja se comunicar com seus familiares em Cuba. A empresa defende que essa estratégia é necessária para sustentar a infraestrutura e garantir o desenvolvimento tecnológico, embora essas medidas aprofundem a dolarização dos serviços básicos.

Como a população e o governo cubano reagiram a essas medidas?

A população reagiu com indignação e rejeição ao aumento de tarifas da ETECSA, expressando seu descontentamento nas redes sociais. Até setores alinhados com o governo, como a Federação Estudantil Universitária, criticaram a medida por restringir o acesso à educação e à informação. O governo, por sua vez, afirma que as opiniões estão sendo avaliadas, embora continue defendendo a necessidade dessas medidas para o desenvolvimento do país.

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