Holguín às escuras: apagam luzes, eletrodomésticos e esperanças com cortes de até 18 horas

Com o sistema à beira do colapso, Holguín enfrenta apagões prolongados, falta de capacidade para garantir a rotação habitual e uma demanda crescente devido ao aumento das temperaturas e à proximidade do verão.


Davielquis Cortina Cobas, diretor do escritório provincial de carga na Empresa Elétrica Holguín, admitiu o que os holguineros já sabem: a província opera à beira do colapso, com apagões que chegam a quase 18 horas diárias e uma rede que não suporta nem a metade do que é necessário.

Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, o funcionário confirmou que Holguín está operando em seu “máximo desligável” e que a rotação de blocos, em muitos casos, já não pode ser garantida.

Dos 210 megawatts (MW) atribuídos à província como consumo histórico para o mês de maio, apenas 165 são destinados à população, uma vez que 45 MW são priorizados para setores como a indústria do níquel, o turismo e o abastecimento de água, destacou o jornal provincial ¡Ahora!

Segundo explicou Cortina, “o limite máximo de carga elétrica é de 130 MW”, portanto “se a demanda ultrapassar 150 MW, não é possível garantir o fornecimento”, alertou. “Apesar de existir um planejamento para enfrentar a demanda, atualmente não é possível manter a rotação habitual devido a um déficit de capacidade.”

A alternativa em execução não é outra senão o racionamento drástico. A empresa aplica interrupções no serviço “de um máximo de 18 horas a cada 24”, evitando que nenhum circuito fique sem serviço por mais de nove horas contínuas”, acrescentou a fonte. Além disso, a rotação noturna é realizada às 21h00, tentando distribuir o escasso serviço disponível, embora já não haja energia suficiente para manter uma rotação efetiva ou previsível.

Enquanto a população tenta sobreviver ao calor e à falta de recursos, o planejamento oficial menciona "três horas diárias de energia em momentos de crise", o que, longe de ser uma solução, parece uma sentença. Apesar disso, Cortina ressaltou a necessidade de planejamento por parte da população "e a importância de aproveitar eficientemente o fornecimento elétrico limitado".

Com a chegada do verão, a demanda elétrica aumentou, principalmente nas horas da tarde. O pico provincial ocorre por volta das 18h, mas o nacional acontece mais tarde, o que obriga a ajustar ainda mais o já enfraquecido plano de distribuição local, segundo a fonte.

A única luz no fim do túnel parece ser a prometida expansão da energia solar, “com uma capacidade atual no país de aproximadamente 560 MW e projeções de alcançar 700 MW, o que poderia mitigar os impactos durante o dia”, embora o jornal não informe sobre prazos concretos nem impacto imediato em Holguín.

O sistema elétrico cubano continua mergulhado em uma profunda crise estrutural, com cortes prolongados que afetam a população dia e noite. De acordo com o relatório da União Elétrica (UNE) de 14 de maio, o país registrou uma afetação elétrica de 1.460 MW durante o dia anterior, um número que se mantém acima de 1.400 MW há várias jornadas.

Durante os últimos meses, na imprensa e nas redes sociais, multiplicaram-se as queixas de residentes em distintas províncias onde as quedas de energia diárias superam, em muitos casos, as 20 horas.

Parte da cidadania afirma que o regime oculta que não possui combustível para garantir o serviço. Outros asseguram que a crise energética se transformou em um mecanismo de controle estatal.

Embora Havana mantenha tempos de apagão mais curtos em comparação com o resto das províncias e a Empresa Elétrica evite, em geral, interrupções no serviço durante a madrugada, relatórios recentes indicam que essa diferença foi reduzida.

Nos primeiros três meses de 2025, a província de Holguín experimentou um aumento significativo nos delitos contra o Sistema Elétrico Nacional (SEN), prejudicando tanto a população quanto as instalações do Estado.

Pero além dos delitos reportados, a falta de investimento e manutenção no sistema elétrico é vista por alguns cidadãos como a principal causa das quedas de energia.

Perguntas frequentes sobre os apagões e a crise energética em Holguín, Cuba

Por que Holguín está sofrendo apagões de até 18 horas diárias?

Holguín está sofrendo apagões de até 18 horas diárias devido a um déficit de capacidade de geração elétrica, o que obligou a Empresa Elétrica a aplicar um racionamento severo. A infraestrutura elétrica em Cuba está à beira do colapso, e a província não pode garantir a rotação de blocos devido à falta de recursos e à alta demanda.

Qual é a situação do fornecimento de energia elétrica em Holguín durante o verão?

Durante o verão, a demanda elétrica em Holguín aumentou significativamente, especialmente nas horas da tarde, exacerbando o problema das quedas de energia. O pico de demanda provincial ocorre por volta das 18:00, e a falta de capacidade para atender a essa demanda levou a cortes prolongados no serviço elétrico.

Quais setores são priorizados no uso de eletricidade em Holguín?

Em Holguín, priorizam-se setores como o níquel, o turismo e o abastecimento de água no uso de eletricidade, deixando apenas 165 megawatts para o consumo da população, dos 210 megawatts atribuídos à província. Esta priorização contribui para o agravamento da crise para os residentes locais.

Que medidas estão sendo tomadas para mitigar a crise energética em Holguín?

Uma das medidas mencionadas para mitigar a crise energética em Holguín é a expansão da energia solar, com projeções para aumentar a capacidade instalada de 560 MW para 700 MW em todo o país. No entanto, ainda não há um prazo concreto para essas melhorias nem um impacto imediato esperado em Holguín.

Como a crise energética está afetando a vida cotidiana em Holguín?

A crise energética em Holguín está afetando gravemente a vida diária de seus cidadãos, que devem enfrentar o calor e a falta de abastecimento sem eletricidade durante longas horas. O planejamento oficial só oferece três horas diárias de energia em momentos críticos, o que se mostra insuficiente para as necessidades básicas da população.

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