Régimen entrega canastilla a bebê nascida no Primeiro de Maio em Guantánamo

O presente, com todos os seus laços e fraldas novas, acaba sendo apenas uma anedota cerimonial, um cartão-postal de um país que já não existe. Por trás de cada ato há um hospital colapsado, uma mãe desesperada e uma pessoa que não encontra futuro.


Tras a marche de milhões de cubanos neste Primeiro de Maio apesar da crise econômica que assola o país, o jornal local Venceremos reportou em grande estilo em sua página de Facebook que a primeira bebê nascida hoje em Guantánamo recebeu uma cesta de presente.

O presente chegou através dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR) e da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), e a entrega foi liderada nada menos que pelo espião condenado nos EUA e hoje Coordenador Nacional dos CDR, Gerardo Hernández Nordelo, a quem o regime transformou em “Herói da República”.

Publicação de Facebook/PERIÓDICO VENCEREMOS

“A mãe de Erika Fernanda Reyes Barrientos recebeu uma cesta que, em nome do povo guantanamero, é entregue pelos CDR e pela CTC”, informou a publicação oficial.

A cerimônia contou com a presença de autoridades políticas provinciais, representantes das organizações de massas e da mídia local, que parabenizaram a mãe e desejaram saúde à recém-nascida, como parte do ato simbólico tradicional com o qual o governo tenta imprimir humanidade ao aparato de propaganda.

Facebook/PERIÓDICO VENCEREMOS

A imagem oficial versus a realidade da rua

O contraste com a Cuba real é avassalador. Enquanto se celebra, com câmeras e slogans, a chegada de um novo ser ao país, milhões de cubanos não conseguem garantir nem um enxoval básico para seus filhos, nem leite, nem medicamentos, nem luz elétrica para esterilizar uma mamadeira. A precariedade atinge diariamente os lares cubanos, onde a infância não é vivida, é sobrevivida.

Na capital, mais de 600 mil pessoas foram mobilizadas pelo regime para a Praça da Revolução, segundo números oficiais. Em todo o país, afirma-se que mais de 5,3 milhões de cubanos participaram dos atos. No entanto, o combustível que falta para hospitais e transporte público foi garantido para os ônibus que transportaram os manifestantes.

Um Primeiro de Maio de ficção

A presença do governante Miguel Díaz-Canel e sua esposa Lis Cuesta, ambos vestidos com camisetas patrióticas e cachecóis palestinos, apenas reforçou a imagem de um regime que vive de símbolos enquanto o povo vive da sobrevivência.

La canastilha em Guantánamo, com todos os seus laços e fraldas novas, acaba sendo apenas uma anedota cerimonial, um cartão-postal de um país que já não existe. Por trás de cada ato oficial há um hospital colapsado, uma mãe desesperada e uma pessoa que não encontra futuro.

Tudo acontece em uma terra onde nascer, crescer ou envelhecer significa protagonizar uma luta diária pela sobrevivência em silêncio, enquanto o poder celebra desfiles e distribui cestas de presentes com testemunhas e câmeras, mas sem vergonha.

Perguntas frequentes sobre a situação em Cuba e a entrega de cestas básicas

O que significa a entrega de cestas em Cuba no Primeiro de Maio?

A entrega de cestas em Cuba durante o Primeiro de Maio é mais um ato simbólico que reflete a propaganda do regime do que uma melhoria real nas condições de vida dos cubanos. Enquanto se celebra este gesto, a maioria das famílias em Cuba enfrenta uma grave escassez de produtos básicos.

Como contrasta a realidade cubana com os atos oficiais do Primeiro de Maio?

Enquanto o regime cubano organiza desfiles e entrega cestas básicas, a realidade para muitos cubanos é de escassez e precariedade. A falta de alimentos, medicamentos e serviços básicos é uma constante, expondo a disparidade entre a propaganda oficial e a vida cotidiana da população.

Por que o governo cubano prioriza recursos para as marchas do Primeiro de Maio?

O governo cubano destina recursos limitados às marchas do Primeiro de Maio para sustentar uma imagem de apoio popular, embora a realidade nas ruas seja de descontentamento e necessidade. Essa ênfase na propaganda política em detrimento do bem-estar dos cidadãos é criticada por muitos.

Qual é o impacto da crise econômica na vida dos cubanos?

A crise econômica em Cuba resultou em uma grave escassez de alimentos, apagões prolongados e um colapso dos serviços básicos. Isso levou a uma luta diária pela sobrevivência, especialmente entre os setores mais vulneráveis da sociedade.

Que crítica se faz ao uso de recursos para propaganda em Cuba?

A crítica principal é que o governo prioriza a propaganda política sobre as necessidades básicas da população. A organização de desfiles e atos simbólicos consome recursos que poderiam ser direcionados para melhorar as condições de vida dos cubanos.

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